OUTRA CARTA DO MÊS DE MAIO
Viva Jesus
Balasar, 30 de Maio de 1935
Meu Paizinho,
Cá estou eu hoje outra vez mas com dificuldade, em virtude do meu estado se ter agravado de cada vez mais.
Eu tinha por costume oferecer todos os dias o meu coração a Nosso Senhor, dizendo-lhe assim :
― Ó meu bom Jesus, eu Vos ofereço o meu coração neste momento como prova do meu amor para convosco e Vos peço que neste momento o coloqueis em todos os lugares onde habitais sacramentado. É pobre, muito pobrezinho, mas enriquecei-o com o Vosso divino amor e com os Vossos divinos tesouros. Incendiai-o todo em fortes labaredas de amor e colocai-o muito unidinho a Vós em todos os sacrários do mundo, em todos os lugares onde habitais sacramentado, a servir de lâmpada amorosa e luminosa para Vos alumiar. Prendei o meu coração aos sacrários com grossas cadeias de amor.
E pedia a Nossa Senhora :
― Mandai-me uma multidão de anjos, querubins e serafins em meu nome para todos os sacrários, para todos os lugares onde Jesus habita sacramentado, [para] amarem, louvarem e desagravarem e fazer companhia a Jesus sacramentado.
E pedia à minha querida Mãezinha do Céu para ir também e me levar com Ela. Quando pensava em morrer e deixar o meu Jesus sozinho nas suas prisões de amor, tinha pena. Veio-me à lembrança de pedir a Nosso Senhor para me aceitar a oferta do meu coração, não só enquanto eu vivesse mas sim enquanto o mundo durasse. Só depois deste ter acabado, eu o viria buscar, juntamente com o corpo para o Céu. Eu pedi a Nossa Senhora para proceder do mesmo modo como atrás tenho escrito, fazer tudo como se eu vivesse. Fiz o mesmo pedido ao meu anjo da guarda para depois de entregar a minha alma a Nosso Senhor vir para os sacrários fazer o mesmo. Deve bem calcular como eu depois me sentia bem : já não tinha tantas saudades de deixar o meu Jesus nos sacrários. Também tinha muita pena por não poder sofrer pelos pecadores, mas espero e tenho toda a confiança em Nosso Senhor que irei no Céu continuar a mesma missão. Sofrer lá não posso, mas pedirei muito a Jesus por eles. Às vezes penso para mim que quero tudo que for da vontade de Nosso Senhor aqui na terra e que depois Ele também há-de querer tudo que eu quiser no Céu.
Eu não sei o dia em que fiz a oferta, mas como verá foi em Maio e penso que deveria ser no princípio. Confessei-me terça-feira porque a Deolinda lhe foi pedir dizendo-lhe eu que estava muito doente. Trouxe-me Nosso Senhor na quarta-feira e hoje também. Na quarta-feira, no fim da Sagrada Comunhão, sentia um calor que me abrasava e não sei mais o que se passava em mim. Passados alguns momentos, falou-me Nosso Senhor :
― “Minha filha, pensas que este meu silêncio e este meu escondimento em ti não é para te unir mais a mim e para te elevar mais no meu amor ? Tem confiança em mim ; escondo-me debaixo das tuas faltas ; tudo o que faço em ti é para teu bem. És o amor do meu Amor. Eu deixo-te sozinha para te experimentar a ver se procedes da mesma forma : vejo que sim. É chegado o tempo que depositas em mim toda a confiança : procede sempre assim, não descanse o teu espírito a ir em revoada com os anjos e a minha Mãe Santíssima fazer-me companhia para os meus sacrários. Faze que Eu seja amado, que outros sigam o teu caminho e calquem as tua pegadas. Se soubesses a alegria que deste no Céu à Santíssima Trindade e à minha Mãe Santíssima com a oferta e o pedido que fizeste! Foi aceite. Só no fim do mundo o teu coração sairá dos meus sacrários e o virás buscar para o Céu. Depois da tua morte será mais festejado no Céu o mês de Maio, por ser nele que tu fizeste a oferta e o pedido e por nele tantas vezes o renovares. Manda dizer ao teu paizinho espiritual que lhe peço enternecidamente e como quem quer ser atendido que faça guerra à carne, ao pecado da impureza ; que são milhares e milhares as almas que caem no inferno com este pecado. O Sangue de um Deus derramado inútil para eles.”
Eu sentia-me muito acariciada, e dizia-me Nosso Senhor :
― “O tempo é breve e vai passando e dentro em pouco te virei buscar para mim. Silêncio, minha filha, o mais que poderes, pensa só em Mim.”
Hoje, no fim da Sagrada Comunhão, pareceu-me que me abraçaram e que me tornaram a deixar. Fiquei assim por algum tempo, sem ouvir a voz de Nosso Senhor ; mas por fim, ouvi que me falavam assim :
― “Anda cá, minha filha, meu amor, anjo da minha companhia, anda receber ordens do teu Jesus, escuta-me. Amo-te tanto! É um amor inexplicável, para ti incompreensível. É a recompensa da tua generosidade em te me ofereceres como vítima por meu amor e por amor das almas, muitas e de abraçares com amor a cruz que te envio. Dá-me almas, muitas almas! Eu precisava de tantas vítimas para levantarem o mundo dos crimes! E tenho tão poucas que generosamente queiram sofrer! Sofrer, sofrer, minha filha, que essas dores se transformarão em pedras preciosas para completar a tua coroa, e pérolas para adornar o manto que te há-de cobrir. Manda dizer ao teu pai espiritual que avise : ou o mundo se levanta da maldita impureza e dos pecados que tão horrivelmente me ofendem, ou vem sobre ele os castigos que o ameaçam, cai sobre ele a justiça divina. Pede-me por esses infelizes ; é perda irreparável : custaram a morte de um Deus, e morte horrorosa da cruz.”
Eu era muito acariciada, e disse-me Nosso Senhor :
― “És a minha esposazinha, a minha esposazinha, o meu amor, a companheira dos meus sacrários.”
Não acha bem o demónio que eu recomende isto da impureza tantas vezes a V.a Rev.cia, que se torna chato e que V.a Rev.cia de cada vez fica mais aborrecido comigo.
Muitas lembranças da minha mãe, da Deolinda e da Senhora D. Çãozinha : continua a ter algumas melhoras. Por caridade, quando puder, diga-me daí alguma coisa. Sempre terei a visita de V.a Rev.cia? Confio muito em Nosso Senhor que sim, que não morro sem isso.
Abençoe, por amor de Jesus, a pobre
Alexandrina
Cá estou eu hoje outra vez mas com dificuldade, em virtude do meu estado se ter agravado de cada vez mais.
Eu tinha por costume oferecer todos os dias o meu coração a Nosso Senhor, dizendo-lhe assim :
― Ó meu bom Jesus, eu Vos ofereço o meu coração neste momento como prova do meu amor para convosco e Vos peço que neste momento o coloqueis em todos os lugares onde habitais sacramentado. É pobre, muito pobrezinho, mas enriquecei-o com o Vosso divino amor e com os Vossos divinos tesouros. Incendiai-o todo em fortes labaredas de amor e colocai-o muito unidinho a Vós em todos os sacrários do mundo, em todos os lugares onde habitais sacramentado, a servir de lâmpada amorosa e luminosa para Vos alumiar. Prendei o meu coração aos sacrários com grossas cadeias de amor.
E pedia a Nossa Senhora :
― Mandai-me uma multidão de anjos, querubins e serafins em meu nome para todos os sacrários, para todos os lugares onde Jesus habita sacramentado, [para] amarem, louvarem e desagravarem e fazer companhia a Jesus sacramentado.
E pedia à minha querida Mãezinha do Céu para ir também e me levar com Ela. Quando pensava em morrer e deixar o meu Jesus sozinho nas suas prisões de amor, tinha pena. Veio-me à lembrança de pedir a Nosso Senhor para me aceitar a oferta do meu coração, não só enquanto eu vivesse mas sim enquanto o mundo durasse. Só depois deste ter acabado, eu o viria buscar, juntamente com o corpo para o Céu. Eu pedi a Nossa Senhora para proceder do mesmo modo como atrás tenho escrito, fazer tudo como se eu vivesse. Fiz o mesmo pedido ao meu anjo da guarda para depois de entregar a minha alma a Nosso Senhor vir para os sacrários fazer o mesmo. Deve bem calcular como eu depois me sentia bem : já não tinha tantas saudades de deixar o meu Jesus nos sacrários. Também tinha muita pena por não poder sofrer pelos pecadores, mas espero e tenho toda a confiança em Nosso Senhor que irei no Céu continuar a mesma missão. Sofrer lá não posso, mas pedirei muito a Jesus por eles. Às vezes penso para mim que quero tudo que for da vontade de Nosso Senhor aqui na terra e que depois Ele também há-de querer tudo que eu quiser no Céu.
Eu não sei o dia em que fiz a oferta, mas como verá foi em Maio e penso que deveria ser no princípio. Confessei-me terça-feira porque a Deolinda lhe foi pedir dizendo-lhe eu que estava muito doente. Trouxe-me Nosso Senhor na quarta-feira e hoje também. Na quarta-feira, no fim da Sagrada Comunhão, sentia um calor que me abrasava e não sei mais o que se passava em mim. Passados alguns momentos, falou-me Nosso Senhor :
― “Minha filha, pensas que este meu silêncio e este meu escondimento em ti não é para te unir mais a mim e para te elevar mais no meu amor ? Tem confiança em mim ; escondo-me debaixo das tuas faltas ; tudo o que faço em ti é para teu bem. És o amor do meu Amor. Eu deixo-te sozinha para te experimentar a ver se procedes da mesma forma : vejo que sim. É chegado o tempo que depositas em mim toda a confiança : procede sempre assim, não descanse o teu espírito a ir em revoada com os anjos e a minha Mãe Santíssima fazer-me companhia para os meus sacrários. Faze que Eu seja amado, que outros sigam o teu caminho e calquem as tua pegadas. Se soubesses a alegria que deste no Céu à Santíssima Trindade e à minha Mãe Santíssima com a oferta e o pedido que fizeste! Foi aceite. Só no fim do mundo o teu coração sairá dos meus sacrários e o virás buscar para o Céu. Depois da tua morte será mais festejado no Céu o mês de Maio, por ser nele que tu fizeste a oferta e o pedido e por nele tantas vezes o renovares. Manda dizer ao teu paizinho espiritual que lhe peço enternecidamente e como quem quer ser atendido que faça guerra à carne, ao pecado da impureza ; que são milhares e milhares as almas que caem no inferno com este pecado. O Sangue de um Deus derramado inútil para eles.”
Eu sentia-me muito acariciada, e dizia-me Nosso Senhor :
― “O tempo é breve e vai passando e dentro em pouco te virei buscar para mim. Silêncio, minha filha, o mais que poderes, pensa só em Mim.”
Hoje, no fim da Sagrada Comunhão, pareceu-me que me abraçaram e que me tornaram a deixar. Fiquei assim por algum tempo, sem ouvir a voz de Nosso Senhor ; mas por fim, ouvi que me falavam assim :
― “Anda cá, minha filha, meu amor, anjo da minha companhia, anda receber ordens do teu Jesus, escuta-me. Amo-te tanto! É um amor inexplicável, para ti incompreensível. É a recompensa da tua generosidade em te me ofereceres como vítima por meu amor e por amor das almas, muitas e de abraçares com amor a cruz que te envio. Dá-me almas, muitas almas! Eu precisava de tantas vítimas para levantarem o mundo dos crimes! E tenho tão poucas que generosamente queiram sofrer! Sofrer, sofrer, minha filha, que essas dores se transformarão em pedras preciosas para completar a tua coroa, e pérolas para adornar o manto que te há-de cobrir. Manda dizer ao teu pai espiritual que avise : ou o mundo se levanta da maldita impureza e dos pecados que tão horrivelmente me ofendem, ou vem sobre ele os castigos que o ameaçam, cai sobre ele a justiça divina. Pede-me por esses infelizes ; é perda irreparável : custaram a morte de um Deus, e morte horrorosa da cruz.”
Eu era muito acariciada, e disse-me Nosso Senhor :
― “És a minha esposazinha, a minha esposazinha, o meu amor, a companheira dos meus sacrários.”
Não acha bem o demónio que eu recomende isto da impureza tantas vezes a V.a Rev.cia, que se torna chato e que V.a Rev.cia de cada vez fica mais aborrecido comigo.
Muitas lembranças da minha mãe, da Deolinda e da Senhora D. Çãozinha : continua a ter algumas melhoras. Por caridade, quando puder, diga-me daí alguma coisa. Sempre terei a visita de V.a Rev.cia? Confio muito em Nosso Senhor que sim, que não morro sem isso.
Abençoe, por amor de Jesus, a pobre
Alexandrina
1 comentário:
* * *
Caro Amigo Afonso Rocha
Olá, meu bom Irmão!
Como já deverá ter reparado, tomei a liberdade, creio que ainda com o seu consentimento implícito, de, mais uma vez, publicar um texto "seu" por minha exclusiva iniciativa.
Espero que não interprete mal a adaptação feita, assim como uma ou outra alteração pontual (e creio que curial), visando uma melhor compreensão do artigo em geral.
Gosto sempre muito de ler os seus posts, nomeadamente os respitantes à nossa querida Beata Alexandrina, ou não fosse o amigo Afonso um grande divulgador e especialista na matéria. Bem-haja!
Pena é que não seja um pouco mais assíduo nos seus blogues [desculpe lá o reparo :)], mas lá terá as suas razões, certamente por falta de tempo, pelo menos, o que já é plenamente compreensível e justificável.
Quanto a colaborar, ou não, directamente no nosso blogue Nova Evangelização Católica, esteja, repito, completamente à sua vontade, pois considero-o sobretudo um membro honorário, enquanto o Afonso assim o entender, claro; assim como, de resto, o António Maria e o José Ferreira.
Se puderem e quiserem escrever no blogue Nova Evangelização, muito bem, mas se não puderem ou não quiserem, seja por que motivo for, muito bem na mesma, e sempre amigos. Combinado? :)
A propósito, já por duas vezes, desde há uns seis meses a esta parte, que tentei enviar ao Afonso Rocha uma mensagem análoga a esta, quiçá mais oportuna e completa, mas debalde, certamente por acção do Mafarrico - não vejo outra explicação, até porque o mesmo já tem acontecido com outras mensagens de bem, a outros destinatários! -, pois quando tentava o envio tudo desaparecia, como que por artes diabólicas...
Efectivamente, para mim (pelo menos) tudo - mesmo tudo - acontece neste mundo, a todas as pessoas, por um destes três motivos principais:
a) Porque Deus o quer e permite;
b) Porque o Demónio o quer e nós permitimos;
c) Porque somos esssencialmente nós, por nossa consciente/inconsciente iniciativa e liberdade - tanto para o bem, por influência de Deus, como para o mal, por influência do Diabo -, a querer e a permitir, a favor ou contra a vontade de Deus, a favor ou contra a vontade de Satanás, baseados no nosso livre-arbítrio.
Prezado Amigo, se em alguma coisa, que estiver ao meu modesto alcance, eu puder ser-lhe útil, conte sempre comigo, o que para mim será uma honra.
Por favor, reze por mim, se puder, que eu também sempre rezarei por si (e pelas suas intenções), em união com Jesus, Maria e Alexandrina.
Saudações pascais e fraternais, extensivas à sua família.
José Mariano
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