Não pecaste, não me ofendeste.
Tudo isto disse a Jesus só com o pensamento, porque não podia mais. Foi o bastante para a fúria do demónio aumentar. Lutei, murmurando sempre, dizendo a Jesus que não queria pecar. A minha luta era sobre um grande abismo, nem podia respirar. O meu coração tinha a aflição da morte. O demónio fugiu à voz de Jesus, que disse:
– Desempenha, anjo meu, a quem sempre obedeceste, desempenha a missão que eu dei sobre a minha Alexandrina, o meu anjo em carne; leva-a ao seu lugar.
Senti-me levada como por uma aragem suave para a minha posição. E Jesus continuou:
– Se pudesses ver, minha filha, como sou ofendido nesta hora contra a virtude da santa pureza, morrias de pasmo ou antes de dor. Mas a tua reparação consolou-me, fez-me esquecer o muito que me ofendem. Esta consolação só podia ser tirada duma de pureza angélica.
Dito isto, Jesus estreitou-me com muito amor ao seu Divino Coração e repetiu por três vezes:
– Amo-te, amo-te, amo-te, meu amor; não pecaste, não me ofendeste.
Fiquei confiada nas palavras de Jesus, mas triste, tão triste, o coração em tanta dor, mais, muito mais do que uma ferida dolorosa depois do tratamento.
– Jesus, já que assim o quereis, seja a minha vida como Vos consolar e agradar mais. Aqui me tendes pronta para tudo, meu Senhor.
Mal posso confiar. Envergonha-me a minha vida. A virtude que eu mais amo e na que mais sofro. Só por muita graça e misericórdia de Jesus não O tenho ofendido gravemente.
– Ó meu Deus, tenho vergonha de mim mesma, como a não hei-de ter de Vós? Perdão, meu Jesus, perdão, meu Amor.
(Sentimentos da alma, 8 de Janeiro de 1945).
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