Como podeis encontrar-me?
- Ó meu Jesus, sou tão pequenina, como podeis encontrar-me! Sou só miséria, como podeis fitar em mim os Vossos divinos olhares! Tenho vergonha, não posso levantar os meus para Vós. Compadecei-Vos de mim. Eu sou flor, eu sou jardim, sou tudo o que dizeis, porque Vós semeais, Vós cultivais; sois Vós o jardineiro, sois Vós a flor, sois Vós tudo, tudo, tudo, meu Jesus. Sois o porto de salvação, porque a mesma salvação sois Vós. Reparai e vede a minha dor, tende dela compaixão. Quero amar-Vos e não sei como, quero sofrer pelo mundo para o salvar e não sei sofrer. Temo o meu desfalecimento, temo cair para não mais me levantar.
- Não temas, flor mimosa, adorno do meu divino Coração, não temas, porque não estás só, os anjos acompanham-te dia e noite, fazem sentinela ao palácio da minha rainha. S. José veio visitar-te. Viste-lo com a minha bendita Mãe? A criancinha que ela tinha ao colo, de braços atados ao seu pescoço, eras tu mesma, minha filha. És a criancinha de Jesus, és a mesma de Maria. Com Ela salvarás o mundo que te foi confiado, o mundo que hás-de salvar. Dei-te, é teu, não temas, que não te é roubado. Viste o painel que por detrás e acima da minha bendita Mãe e de S. José pudeste contemplar? Era o da Trindade Divina, Trindade que te ama, Trindade que se consola em ti. É o céu a contemplar-te, é o céu a dar-te a vida, vida de que vives e para quem vives. É teu o céu e é de muitas almas a quem salvares, almas que sem os teus sofrimentos nunca se salvariam. Vão gozar de mim, vão gozar do céu, a ti o devem, à tua imolação, ao teu sacrifício, ó minha querida redentora. Recebe o meu amor, ó amor meu, dá-o, distribui-o com abundância por toda a humanidade. Em breve, será conhecida, em breve, será espalhada a tua dor, o teu amor inigualável.
- Obrigada, meu Jesus. Que todo o mundo se salve, que todo o mundo Vos ame louca e apaixonadamente: são os meus desejos, são as minhas ânsias. É essa e só essa a causa do meu sofrer. Tenho tantas, tantas ânsias e saudades do céu! Queria voar para lá e, quando não pudesse entrar para dentro, queria ao menos arrancar do meu peito o coração e metê-lo dentro do Paraíso e dizer: Jesus, Mãezinha, aqui tendes o meu coração, dentro dele está o mundo, guardai-o, que é Vosso; vou para a terra sofrer e amar, enquanto esse mesmo mundo for mundo. Ah! Se eu pudesse fazer assim! Se eu pudesse dar esta consolação a Jesus! Entregar-Lhe o mundo todo, todo salvo! Ó meu Jesus, não deixeis ir mais almas para o inferno: são Vossas, é o Vosso sangue, não o deixeis perder.
(Sentimentos, 12 de Janeiro de 1945)
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