– Ó meu Deus, que mar de sofrimento à minha frente!
— Quando, nestes dias, Vos oferecia as minhas dores quase insuportáveis, os ardores da febre e frequentes vezes me oferecia como vítima, sem eu querer, quantas vezes me vinha ao pensamento: não é intrujice, Jesus, é a verdade para a minha oferta, e todos os sofrimentos os suporto por Vosso amor e pelas almas.
Que amargura, que triste amargura esta frase causou à minha alma: tudo sem uma intrujice. Nosso Senhor não tem permitido, nestes dias de sofrimento indizível, que eu seja atacada pelo demónio. Só uma vez ou outra ele lá vem com as suas falsas palavras:
– Não é verdade que pecas quando tu queres? Agora que a doença te aflige mais não queres o gozo, não queres o prazer.
Cobrindo-me de insultos, retira-se.
– Ó meu Deus, que mar de sofrimento à minha frente! Que triste quinta-feira! Quanta falsidade me preparam!
É já noite; sinto-me numa grande reunião, num convívio de grande intimidade, as conversas são animadoras. Dois quadros tão diferentes se apresentam na minha alma: uma traição sem igual e um amor sem igual. Um amor, uma doçura, uma ternura sobre essa traição que não há corações, não há lágrimas que o possam explicar. Quantos convites cheios de doçura a essa traição. O traidor resiste, a nada se rende, não se sente bem ao pé do cordeirinho, vítima inocente. Não sei dizer as bondades e delicadezas de Jesus. Queria que a minha alma fosse um livro onde todos pudessem aprender as bondades, ternuras e o amor de Jesus.
(Sentimentos da alma: 25 de Janeiro de 1945)
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