PONTOS DE REFLEXÃO
Livro dos Actos dos Apóstolos (4, 32-35)
O
autor dos Actos dos Apóstolos – são Lucas – dá-nos aqui uma informação muito
importante da maneira como viviam os primeiros cristãos: “a multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só
alma”, porque eles tinham compreendido muito rapidamente que os preceitos
de Jesus estavam assentes sobre o amor, porque Ele mesmo é amor. Mas ele vai
ainda mais longe, quando acrescenta que “ninguém
chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum”. Isto
chama-se “caridade cristã” ou “solidariedade fraterna”.
Seria
bom que nos dias de hoje, nós pensássemos mais nesta virtude, nesta “norma” que
o Senhor veio trazer-nos e que nós esquecemos facilmente, porque muitas vezes
isso nos “faz jeito”: a “caridade cristã” e que, sem muito alarde “distribuíssemos, então, a
cada um conforme a necessidade que tivesse”.
Isso teria como resultado visível e palpável que “entre eles não haveria ninguém necessitado”. Isto pode também
chamar-se MISERICÓRDIA.
Primeira Carta de são João (5, 1-6)
O Apóstolo “que Jesus amava”,
afirma-nos na sua carta que “todo o que crê que Jesus é
o Cristo, nasceu de Deus”. Quer ele dizer com isto que aqueles que não acreditam que “Jesus é o Cristo” se perderão, serão
banidos para sempre? Claro que não, pois isso varreria, duma assentada, uma
outra declaração do mesmo Apóstolo, quando afirma que “Deus é amor”.
Mas
João, o visionário do amor, explica: “Todo
o homem que ama o Pai – portanto Deus – ama
também Aquele que d’Ele nasceu” –o Filho de Deus, Jesus Cristo, porque, explica
o Apóstolo, somente se “nós amamos os
filhos de Deus, amamos Deus e cumprimos os seus mandamentos” seremos
verdadeiramente amados por Ele e pertenceremos à Sua família.
Saibamos
ainda, como no-lo diz João, que os “mandamentos de Deus não são um fardo”, mas
uma linha de conduta que nos conduz a Ele e n’Ele à salvação, porque “é Ele, Jesus Cristo, o vencedor do mundo;
que veio pela água e pelo sangue; não só pela água, mas pela água e pelo
sangue. E o Espírito é quem dá testemunho dele, porque o Espírito é a verdade”.
Portanto,
amemos Deus e amemos o nosso próximo, como o Senhor no-lo pede. Se nós o
fazemos, estaremos seguros da nossa salvação, que é a meta das nossas vidas de
filhos de Deus.
Façamos
inteiramente confiança à Misericórdia divina, porque o Senhor “é rico em Misericórdia”.
Evangelho segundo são João (20 19-31)
Depois
da epístola, é ainda o Apóstolo João que nos fala para descrever um episódio
bastante particular que aconteceu depois da ressurreição de Jesus: a primeira
visita do Mestre aos seus amigos. João tem o cuidado de nos explicar em duas
etapas o medo e a alegria destes, assim como a confissão de fé de Tomás.
De
facto, num primeiro tempo ele diz-nos – ele lá estava também – que “estavam fechadas as portas
do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas”, o que se pode compreender depois do que as mesmas
autoridades tinham feito a Jesus.
Chegando
ao meio deles, saudou-os: “A paz esteja convosco!” o
tom da sua voz não deixa qualquer dúvida aos discípulos. Mas para lhes
provar que é bem Ele, Jesus mostra-lhes as suas chagas. Depois, num gesto que se
adivinha solene, Ele diz-lhes: “Recebei o Espírito Santo”, antes de acrescentar
o que será para sempre a instituição do Sacramento do perdão: “Àqueles a quem
perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão
retidos”.
A quando desta primeira visita, o Apóstolo Tomás
estava ausente. Logo que chegou foi-lhe dito que o Senhor os tinha visitado,
mas ele não quiz acreditar, dizendo mesmo que só acreditaria quando visse as
marcas dos cravos e chaga do lado de Jesus.
Uma semana depois, explica são João, “estavam os discípulos outra vez
dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se
no meio deles” e como da primeira vez,
saudou-os: “A paz seja convosco!”
Depois, voltando-se para Tomás, disse-lhe: “Olha as minhas mãos: chega cá o teu
dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito”. Tomás ficou surpreendido, como
se pode imaginar, mas deu-se conta da bondade do Senhor; ajoelhou-se e humildemente,
do mais profundo do seu coração, exclamou estas extraordinárias palavras que
são uma bela oração, mas sobretudo um profundo acto de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”
Depois, Jesus lhe dirá ainda: “Felizes os que crêem sem
terem visto!”
É isto mesmo ter fé: acreditar em algo que nós não
vemos, mas que estamos intimamente convencidos que existe e que é uma verdade
infalível.
Neste Domingo da Misericórdia, clamemos do mais
profundos dos nossos corações:
“Meu
Senhor e meu Deus!” – e ainda: “Jesus, eu tenho confiança em Vós!”
Ámen.
Afonso Rocha
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