É de notoriedade pública que os Santos que a Igreja
beatificou ou canonizou, tinham as suas devoções e os seus “santinhos” de
predilecção.
Sabemos igualmente que S. João Baptista Vianney, o Santo
Cura de Ars, tinha uma devoção muito especial por Santa Filomena e que Santa
Teresinha do Menino Jesus tinha grande admiração pela Venerável carmelita, Irmã
Maria de S. Pedro, que esteve na origem da devoção à Santa Face.
Como estas grandes Santas e Santos, a Alexandrina tinha
também os seus “santinhos” de devoção.
Para com Santa Teresinha do Menino Jesus ela tinha uma
devoção muito grande, ao ponto que esta Santa Doutora da Igreja lhe apareceu
logo da primeira vez que a Alexandrina sofreu a Paixão do Senhor.
Na sua Autobiografia ela escreveu:
«Vi por duas
vezes Santa Teresinha. Na primeira vez, via vestida de freira, entre duas
irmãs, à porta do Carmelo. Na segunda, vi-a cercada de rosas e envolvida num
manto celestial.»
Ela considerava santa Teresinha como sua irmã espiritual.
No seu Diário de 3 de Outubro de 1947 — que era então o
dia em que a Igreja celebrava a jovem Santa —, encontramos este diálogo entre
as duas almas predilectas de Jesus:
«Veio Santa Teresinha, vestida de luz, com um diadema formosíssimo. Como
Ela era linda e bondosa! Abraçou-me, beijou-me muito e num abraço prolongado
disse-me:
— Minha irmã, minha querida irmã, esposa do Meu esposo e filha do meu
Senhor. Tem coragem! Que grande glória te espera no Céu! Que formosa coroa
formada do teu martírio. Sofre com alegria, conta com a Minha protecção, aqui
na terra, e virei ao teu encontro, na passagem para a eternidade.
― Santa Teresinha, minha querida Santa Teresinha, confio em ti, conto com
a tua protecção, ama por mim a Jesus e à Mãezinha e a toda a Santíssima
Trindade. Apresenta-Lhe todos os meus pedidos, alcança para todos os que me são
queridos e toda a minha família as bênçãos e graças do Céu; lembra-te de todos
a que a mim se recomendam, lembra-te do mundo inteiro.»
Alguns anos mais tarde, a 2 de Outubro de 1952, voltamos
a encontrar as palavras que então a Alexandrina dirigiu à sua querida “irmã
espiritual”:
«Teresinha,
Teresinha, minha querida amiga, roga por mim ao Senhor. Ama por mim Jesus, ama
por mim a toda a Santíssima Trindade, ama por mim a querida Mãezinha.
Teresinha, Teresinha, minha querida amiga, quero abraçar-te, quero estreitar-te
muito ao meu pobrezinho coração. Vela por mim, ajuda-me na minha cruz, no meu
calvário. Quero, quero abraçar-te e não mais separar-me de ti. Ah! se eu fosse
contigo para o Céu!... Já lá estaria com certeza, se como tu soubesse amar, se
como tu soubesse sofrer e mais ainda se como tu soubesse ser pura e santa.
Obrigada, obrigada, minha querida Teresinha, pela tua chuva de rosas.»
Simplesmente comovente!
Pela agora Santa Jacinta Marto a Alexandrina tinha
igualmente uma grande devoção, toda envolvida de ternura e carinho. Muitas
vezes lhe rezava e a invocava, como podemos ler na mesma Autobiografia, como
ela recorreu a ela logo do seu internamento de 40 dias no Porto:
«Tinha aos pés
da minha cama um retrato da pequenina Jacinta, que me mandaram para lá. Eu
olhava-a com amor e, então, já sem temer que as vigias contassem ao médico,
dizia assim: ‘Querida Jacinta, tu, tão pequenina, soubeste o que isto custa!
Ajuda-me, lá do Céu onde estás’.»
O Padre Mariano Pinho, seu primeiro director espiritual,
a certo momento — penso que em 1932 ou 1933 — enviou-lhe uma estampa da então
beata Gema Galgani, com esta indicação: “Eu depois lhe explicarei quem ela
foi”. E é de crer que na verdade ele lhe explicou quem fora a Santa italiana,
porque depois a Alexandrina teve por ela uma devoção sincera e muitas vezes a
invocava nas suas orações diárias, como aqui:
«Ó Santa
Teresinha, Santa Gema, ó São José e santos meus queridos, valei-me.»
Acabámos de ver que ela recorria a S. José, casto esposo
de Maria.
A Alexandrina tinha pelo santo Patriarca uma devoção sem
limites e nele depositava uma grande confiança, pois sabia ser grande a sua
intercessão junto de Jesus que Ele criou e educou durante tantos anos em
Nazaré.
Algumas vezes o viu-o em visão como ela nos conta no seu
Diário de 11 de Janeiro de 1945:
«Vi S. José, vi
a Mãezinha com uma criancinha ao colo agarrada ao seu pescoço santíssimo. Ela
sorria alegremente para mim.»
Em algumas situações de mais perigo para a sua alma,
particularmente durante os ataques do demónio ela implorava o Céu de vir
ajudá-la na luta, como aqui em 18 de Janeiro de 1945:
«Por algumas vezes
pude fitar a Jesus Crucificado, Jesus pequenino, a Mãezinha e S. José.»
Terminarei a minha conversa de hoje com este pedido de
Jesus à Alexandrina, no dia 20 de Março de 1945:
«Minha filha,
desejo tanto que o meu querido pai S. José seja conhecido e amado! Anseio que
todos os esposos o imitem, as esposas imitem minha Mãe santíssima, os filhos a
Mim. Queria que todos os lares, todas as casas fossem semelhantes à de Nazaré.»
Meus amigos, tenhamos todos e cada um ou cada uma, em
particular, a Alexandrina como nossa “santinha” preferida.
Posso testemunhar que ela nos escuta e intercede por nós.
Afonso Rocha
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