França, 2 de Janeiro de 2005
Caro amigo José,
Na tua última carta, motivado pelo que por aí na Califórnia tens ouvido, pedes-me que te fale da Alexandrina de Balasar, ou mais exactamente Beata Alexandrina Maria da Costa, visto que o Santo Padre João Paulo II a beatificou em Roma no dia 25 de abril de 2004.
Falar daqueles que se ama, é sempre um grande e indiscritível prazer, mas no casa da Beata Alexandrina esse prazer é ainda maior, visto ter por ela uma grande admiração, uma devoção verdadeira e um amor que só Deus e ela podem conhecer.
Um dia te direi como a conheci, visto que essa graça merece ser publicada, não só para a maior glória de Deus e honra dela, mas também para lhe agradecer tudo quanto por mim fez e fará ainda, estou disso certo.
Devo dizer-te, meu bom amigo, que para te contar, ainda que sucintamente a vida de tão extraordinária personalidade, uma só carta não chegará, nem mesmo três ou quatro, visto que uma vida tão repleta como a da Bem-aventurada, necessita muito mais.
Dizes-me que ouviste falar dela aí na Califórnia, no meio de algumas associações de portugueses que por aí vivem e que alguns dos teus amigos são nativos do Porto, Braga, Famalicão, Barcelos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, vilas e cidades pouco distantes de Balasar. Dizes-me ainda que alguns dos mais idosos afirmam tê-la conhecido pessoalmente e tê-la visitado, o que nada tem de impossível, visto que ela voou para o Céu na quinta-feira 13 de Outubro de 1955, aniversário da última aparição de Nossa Senhora em Fátima.
Essas pessoas que tu conheces e que conheceram a Alexandrina poderiam informar-te, contar-te a vida dela, uma vida toda cheia de Deus e do amor do próximo. Tendo-a conhecido, eles devem conhecer igualmente numerosos factos ocorridos na casa dela, casos talvez ignorados pelos biógrafos e que seria bom conhecer... sendo estes verdadeiramente autênticos, como é óbvio.
Devo informar-te igualmente que por intermédio da Internet, podes ter acesso ao “Site” que consagrei à Beata Alexandrina, onde podes ler, mais rapidamente, não só a Autobiografia, mas igualmente diversos artigos. Mesmo se a maior parte deles estão escritos em francês, existem também numerosas páginas em Português.
http://alexandrina.balasar.free.fr/
Ainda não existe “Site oficial” da Beata Alexandrina, mas eu penso que isso acontecerá muito em breve, visto que é absolutamente necessário que ela seja conhecida e amada por um maior número de católicos; que ela venha a ter um maior número de devotos e sejamos numerosos a pedir ao Senhor a sua canonização.
Como vês, nesta primeira carta pouco te direi sobre ela, visto que era necessário, como deves compreender, assentar as bases de quanto terei para te escrever, porque a vida da Beata Alexandrina, para ser bem conhecida, necessita de um mínimo de informações, informações essas que não devem ser encurtadas por motivos de espaço ou de tempo.
Dir-te-ei desde já que vou utilizar regularmente a Autobiografia e depois, quando isso for necessário extractos das cartas que escreveu ao seu primeiro Director espiritual, o Padre jesuíta Mariano Pinho.
Um outro documento que utilizarei no momento oportuno será o seu Diário ― intitulado “Sentimentos da alma” ― cuja densidade mística é admirável et a coloca no cimo da lista dos grandes místicos da Igreja Católica, ao mesmo nível que Santa Teresa de Ávila, S. João da Cruz, Beata Ângela de Foligno e de alguns mais, sem esquecer a grande Doutora da Igreja por quem Alexandrina tinha uma grande devoção: Santa Teresinha do Menino Jesus.
Para tua informação, posso dizer-te que Balasar é uma aldeia situada no norte de Portugal, entre Braga e o Porto. Pertence à diocese de Braga.
Balasar tem uma particularidade: a aldeia é formada por um conjunto de lugares, separados uns dos outros por campos, pinhais e ramadas de vinha, tendo como ponto central a Igreja paroquial que se situa sobre uma pequena elevação e pode ser vista de todos esses lugares que constituem a paróquia.
Foi junto à igreja paroquial que em 1832, em manhã de domingo, quando os paroquianos vinha assistir à missa, apareceu uma cruz de terra negra que ninguém mais conseguiu apagar e que ainda hoje existe, protegida por uma simples capela, chamada a Capela da Santa Cruz.
Mais tarde, Jesus falará à Beata Alexandrina dessa cruz misteriosa: era o “presságio” anunciando a vítima futura. Mas, não quero antecipar...
De maneira que na próxima carta possa começar a falar-te de Alexandrina, devo dizer-te, desde já, que ela era filha de Maria Ana da Costa.
Alexandrina tinha uma irmã mais velha: a Deolinda, que virá a ser mais tarde a “secretária” paciente e bondosa a quem a Beata ditará o seu Diário.
E o pai? Poderás tu perguntar.
O pai da Alexandrina não chegou a casar com a Maria Ana. De facto, prometendo-lhe casamento, fez-lhe duas filhas mas decidiu depois casar com outra mulher, abandonando a mãe e as filhas.
Maria Ana desde então mudou de vida e educou cristãmente as duas filhas e veio mesmo a ser um bom exemplo de conversão e de amor de Deus, perante os seus conterrâneos.
O teu amigo fiel e dedicado.
1 comentário:
Perseguição à Igreja Católica no Vietname:
http://www.zenit.org/article-18806?l=portuguese
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