Falar da
Beata Alexandrina e da pequena cidade de Ermesinde pode parecer estranho para
alguns, sobretudo sabendo que a “Doentinha de Balasar” nunca visitou Ermesinde,
nem mesmo quando foi internada no antigo Hospital da Foz do Douro, dirigido
pelo Dr. Gomes de Araújo.
Para aqueles
que não conhecem, Ermesinde é uma pequena cidade situada a menos de 10
quilómetros da cidade do Porto e faz parte do conselho de Valongo.
Antiga igreja Martiz de Ermesinde
A Matriz,
situada quase no centro do burgo é de construção recente e tomou o lugar de uma
velha igreja que viu passar na sua estreiteza algumas celebridades do tempo,
entre as quais o Padre Avelino de Assunção — pároco de
Ermesinde de 1914 a 1956 —, sacerdote muito activo e empreendedor que
mereceu da municipalidade que o nome de uma das ruas da cidade lhe perpetue a
memória bem merecida.
Mas então,
se a beata Alexandrina nunca veio a Ermesinde, porque falar dela e desta
cidade?
Porque dois
dos mais importantes personagens que marcaram a vida da Beata aqui estiveram e marcaram
indelevelmente as suas passagens por aqui.
O Dr. Augusto de Azevedo
O Padre Mariano Pinho
O primeiro
deles foi o Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo que depois de ter abandonado o
Seminário de Braga, veio, nos anos 30, leccionar no Colégio de Ermesinde,
colégio situado junto à bem conhecida igreja de santa Rita.
Ele não se
limitou ao ensino das Letras aos jovens que frequentavam o Colégio, mas
dedicou-se igualmente à catequese, não só na igreja vizinha, mas também na
velha Matriz e noutras paróquias que solicitavam a sua ajuda.
Foi durante
a sua estadia em Ermesinde que ele decidiu começar os estudos de medicina.
Tendo obtido
com êxito os devidos diplomas, voltou para Ribeirão, sua terra natal — freguesia
situada perto de Famalicão e de Balasar — onde foi exercer a sua actividade
médica.
Foi nesse
tempo que conheceu a Alexandrina, tornando-se seu médico assistente em 14 de
Fevereiro de 1941, assistência que durou até à morte dela em 1955.
O Dr.
Azevedo não somente foi médico assistente da Beata, mas também seu conselheiro,
em determinados momentos, quando por duas vezes, por exemplo, perdeu os seus
directores espirituais.
Diplomado em
teologia, a quando do seu tempo de seminarista em Braga, o médico dos corpos
sabia também curar, ou ajudar a curar as almas.
O segundo
personagem que passou por Ermesinde e que também interveio na vida da Beata de
Balasar, foi o Padre Mariano Pinho — natural do Porto —, primeiro director
espiritual da Alexandrina.
Este
sacerdote Jesuíta disfrutava de grande fama de pregador — foi ele que pregou os
exercícios espirituais aos Bispos portugueses reunidos em Fátima — e percorria
Portugal de norte a sul para pregar tríduos… e também foi chamado a Ermesinde
pelo Padre Avelino de Assunção para aqui pregar um tríduo, como prova uma carta
escrita nesta paróquia à Alexandrina de Balasar.
A carta
começa assim:
«Ermesinde, 9 de Agosto de 1937
Alexandrina:
Cá estou outra vez a importuná-la.
Como tenho uma hora de espera pelo comboio, chega-me o tempo para lhe
escrever.»
E como
sempre, nas suas cartas à sua dirigida, a dita carta termina com a bênção:
«Abençoa-a em nome de Nosso Senhor,
Padre Mariano Pinho.»
Isto prova
que ele aqui pregou provavelmente nos dias 6, 7 e 8 de Agosto de 1937, voltando
depois para Braga, como ele explica na carta acima citada.
Eis porque
se pode dizer que a Beata Alexandrina, sem nunca ter vindo a Ermesinde, tem com
esta cidade um traço de união que, não sendo importante, merecia ser explorado
e sublinhado.
Afonso Rocha
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