Coragem, nada temas, porque estou contigo.
Tudo isto que fica dito, Jesus mo dizia com intervalo de profundo silêncio, enquanto que eu ia nadando no mesmo mar de fogo e parecia-me dormir muito unidinha a Ele. Quando Jesus assim me falava, vi-O todo retalhado, o Seu Santíssimo corpo numa só ferida, coroado de agudos espinhos, que O faziam derramar uma chuva de sangue! Compreendi que assim estaria se eu por Seu divino amor não tivesse sofrido.
― Querias, filha querida, ver neste estado, sofrendo assim o teu Jesus?
― Não, não, meu dulcíssimo amor. Quero sofrer e com alegria levar a cruz que me dais. Ensinai-me, meu divino Mestre, ensinai-me a sofrer e a esconder a minha dor para maior consolação Vossa e grande proveito para as almas. Não sofro com perfeição, tende dó de mim.
― Permito, Minha filha, que alguma coisa deixes transparecer porque disso tiro glória e assim convém para a Minha divina causa. Sabes sofrer e oh! como é grandiosíssimo o teu martírio. Assemelha-te tanto a Mim! Acabo de dar mais uma prova e uma lição de quanto a Mim te assemelhei, unindo ao presépio o Horto, o Calvário, a morte; a vida de Cristo, do nascimento à cruz. Toda a Minha vida foi cruz, toda a Minha vida trouxe em Meu divino Coração todos os sofrimentos, por que tinha de passar. Coragem, Minha filhinha, é grande e doloroso o teu martírio, mas é grande e doloroso ver o perigo em que está o mundo. Acode-lhe, brada-lhe que Me tenha a Mim. Já ouço os seus gemidos; o que será para bem breve. Ele não quer ouvir o Meu chamamento, a Minha divina voz. Sofre por ele, sofre com alegria, acode-lhe, acode às almas. Recebe a gota do Meu divino Sangue, a grande maravilha das Minhas maravilhas.
Jesus com o tubo unido ao Seu divino Coração introduziu-mo no meu, passou a gotinha do Sangue e eu senti como se um pincel molhado nele pincelasse por dentro todo o meu coração. Jesus tirou o tubo, cicatrizou a abertura com as Suas mãos divinas e disse-me:
― Vai agora com nova vida para a tua cruz, vai salvá-las. Coragem, nada temas, porque estou contigo.
Obrigada, meu Jesus. Vinde e não Vos separeis.
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 26 de Dezembro de 1947 – Sexta-feira)
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