sexta-feira, fevereiro 21, 2020

AS VIRTUDES DA ALEXANDRINA


Num livrinho publicado a quando do processo informativo diocesana em vista da beatificação e canonização da Alexandrina e que eu tive a chance de adquirir, podem-se ler diversos comentários sobre as virtudes da Serva de Deus… Todos os artigos acabam com esta citação: “Como será provado”.
De facto, noutro documento importante e editado pela Sacra Congregação para as Causas dos Santos, todos os artigos deste pequeno livro são amplamente desenvolvidos e explicados.
Começarei pelas virtudes teologais: Fé Esperança e Caridade, cada uma delas por sua vez, visto haver em cada uma das virtudes, matéria para uma conferência.
No dito documento, indicado como “Artigo 25” podemos ler, no que diz respeito às virtudes em geral:
«Logo ao primeiro encontro com a Alexandrina, compreendia-se que não se estava em presença de uma doente qualquer. A expressão e o brilho do olhar, o sorriso luminoso, as palavras sempre repassadas de profundo espírito sobrenatural, de humildade, de caridade e prudência, de verdadeira sabedoria, de plena conformidade com a Vontade de Deus, revelavam que havia nela algo de especial: dons extraordinários, heroísmo autêntico na prática da virtude.»
No artigo seguinte, o autor mete em valor a ciência espiritual da Alexandrina e afirma:
«Com efeito teve uma ciência espiritual e mesmo humana superior ao comum, sobretudo se se em conta a sua limitadíssima preparação cultural e até religiosa; uma fortaleza extraordinária, um zelo prudente e ardoroso, uma caridade sensível a todo o género de misérias. Via-se nela uma hóstia imolada no mais puro amor, ao serviço de Deus e do próximo; um serafim da Eucaristia, uma filha devotada de Nossa Senhora, obedientíssima à Santa Igreja.»
Mais adiante, no artigo 28 começa a falar-nos da fé inquebrantável da “Doentinha de Balasar” e diz:
«A Fé levou a Alexandrina a encontrar e a admirar a Deus em tudo: flores, Céu, criancinhas, etc.. Nos acontecimentos tristes a alegres da vida e nas obras das criaturas via a sabedoria e a providência de Deus. A Ele queria dar toda a glória e tinha o maior respeito por todas as Suas coisas.»
A fé da Alexandrina era operante e comunicativa, podendo agir com eficácia nos corações daqueles que a visitavam:
Muito prudente, para evitar ilusões e enganos, embora tenha tido muitos dons, preferiu a fé e a piedade simples.
Sofria quando encontrava alguém que não tivesse fé.
«Apesar de favorecida por alto grau de contemplação, não ensinou aos outros as lindas preces que o seu coração lhe ditava: em volta da sua cama reunia as pessoas da família para as orações diárias, em que usava as fórmulas tradicionais. Nas dificuldades e provações, costumava dizer: “Tenhamos fé! Nosso Senhor não abandona ninguém!”»
A fé era nela como um manancial que inundava, não só a sua alma, mas também as almas de quantos com ela lidavam ou visitavam.
«Tinha sempre Deus diante dos olhos, no coração e nos lábios. Para ela, viver na presença de Deus era uma realidade contínua. A sua oração não era uma fonte que nascia do coração, mas um oceano em que vivia continuamente mergulhada. Nas conversas que tinha com quantos a visitavam, nas suas cartas, nos seus escrito, preocupava-se com tornar conhecido e amado Nosso Senhor, consolá-Lo e salvar almas.»
O artigo 31 do mesmo documento diz ainda:
«A sua fé fazia-a filha devotada, afeiçoadíssima, da Igreja, da qual acompanhava intensamente a vida litúrgica. Na Autoridade Eclesiástica via e sentia a Nosso Senhor e encontrava segurança. Interessou-se por muitas vocações sacerdotais e religiosas e pelas Missões. A sua correspondência epistolar revela que via nos directores espirituais a autoridade de Deus e deixava-se guiar com toda a docilidade.»
O artigo seguinte aborda um assunto muito importante na vida da Alexandrina: as tentações contra a Fé.
«Embora a sua instrução religiosa não tivesse ido além dos rudimentos indispensáveis, assimilou tão bem as verdades da Fé, que não se encontra na sua vida e nos seus escritos a mais pequena dúvida ou incerteza a este respeito. Além disso, escrevia e discutia problemas de fé com tal clareza e profundidade que só se explicam admitindo uma ilustração divina.
Teve períodos de terríveis tentações contra a Fé, que porém não conseguiram abalar nem de leve a solidez da sua crença.»
Terminarei com este artigo – o 33 – onde nos é mostrada claramente o amor da Alexandrina à Santíssima Trindade e à Eucaristia:
«A devoção à Santíssima Trindade era característica dominante da sua vida. Esta devoção transparecia na maneira como fazia o sinal da cruz, como rezava o “Gloria Patris” e do lugar que esta oração ocupava nas suas rezas diárias.
Na sua vida teve um lugar privilegiado o mistério de Incarnação. Nunca abandonava o crucifixo que trazia consigo na cama.
Não há palavras que exprimam cabalmente à seu amor à Santíssima Eucaristia. Sob a inspiração do Alto, escolheu como missão da sua vida a união com todos os sacrários da terra. Não se cansava de agradecer a dádiva da celebração da Santa Missa no seu quarto.
Teve desde nova grande e familiar devoção ao Divino Espírito Santo, e considerava-a devoção vital.»
Nunca me cansarei de vos incitar a recorrer à beata Alexandrina, quando as necessidades da vida se fazem sentir pesadamente: ela é tão poderosa junto do Senhor.
Afonso Rocha

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