Num livrinho
publicado a quando do processo informativo diocesana em vista da beatificação e
canonização da Alexandrina e que eu tive a chance de adquirir, podem-se ler
diversos comentários sobre as virtudes da Serva de Deus… Todos os artigos
acabam com esta citação: “Como será provado”.
De facto,
noutro documento importante e editado pela Sacra Congregação para as Causas dos
Santos, todos os artigos deste pequeno livro são amplamente desenvolvidos e
explicados.
Começarei
pelas virtudes teologais: Fé Esperança e Caridade, cada uma delas por sua vez,
visto haver em cada uma das virtudes, matéria para uma conferência.
No dito
documento, indicado como “Artigo 25” podemos ler, no que diz respeito às
virtudes em geral:
«Logo ao primeiro encontro com a Alexandrina,
compreendia-se que não se estava em presença de uma doente qualquer. A
expressão e o brilho do olhar, o sorriso luminoso, as palavras sempre repassadas
de profundo espírito sobrenatural, de humildade, de caridade e prudência, de
verdadeira sabedoria, de plena conformidade com a Vontade de Deus, revelavam
que havia nela algo de especial: dons extraordinários, heroísmo autêntico na
prática da virtude.»
No artigo seguinte,
o autor mete em valor a ciência espiritual da Alexandrina e afirma:
«Com efeito teve uma ciência espiritual e mesmo
humana superior ao comum, sobretudo se se em conta a sua limitadíssima preparação
cultural e até religiosa; uma fortaleza extraordinária, um zelo prudente e
ardoroso, uma caridade sensível a todo o género de misérias. Via-se nela uma
hóstia imolada no mais puro amor, ao serviço de Deus e do próximo; um serafim
da Eucaristia, uma filha devotada de Nossa Senhora, obedientíssima à Santa
Igreja.»
Mais
adiante, no artigo 28 começa a falar-nos da fé inquebrantável da “Doentinha de
Balasar” e diz:
«A Fé levou a Alexandrina a encontrar e a admirar
a Deus em tudo: flores, Céu, criancinhas, etc.. Nos acontecimentos tristes a
alegres da vida e nas obras das criaturas via a sabedoria e a providência de
Deus. A Ele queria dar toda a glória e tinha o maior respeito por todas as Suas
coisas.»
A fé da
Alexandrina era operante e comunicativa, podendo agir com eficácia nos corações
daqueles que a visitavam:
Muito
prudente, para evitar ilusões e enganos, embora tenha tido muitos dons,
preferiu a fé e a piedade simples.
Sofria
quando encontrava alguém que não tivesse fé.
«Apesar de favorecida por alto grau de contemplação,
não ensinou aos outros as lindas preces que o seu coração lhe ditava: em volta
da sua cama reunia as pessoas da família para as orações diárias, em que usava
as fórmulas tradicionais. Nas dificuldades e provações, costumava dizer: “Tenhamos
fé! Nosso Senhor não abandona ninguém!”»
A fé era
nela como um manancial que inundava, não só a sua alma, mas também as almas de
quantos com ela lidavam ou visitavam.
«Tinha sempre Deus diante dos olhos, no coração e
nos lábios. Para ela, viver na presença de Deus era uma realidade contínua. A
sua oração não era uma fonte que nascia do coração, mas um oceano em que vivia
continuamente mergulhada. Nas conversas que tinha com quantos a visitavam, nas
suas cartas, nos seus escrito, preocupava-se com tornar conhecido e amado Nosso
Senhor, consolá-Lo e salvar almas.»
O artigo 31
do mesmo documento diz ainda:
«A sua fé fazia-a filha devotada, afeiçoadíssima,
da Igreja, da qual acompanhava intensamente a vida litúrgica. Na Autoridade
Eclesiástica via e sentia a Nosso Senhor e encontrava segurança. Interessou-se
por muitas vocações sacerdotais e religiosas e pelas Missões. A sua
correspondência epistolar revela que via nos directores espirituais a autoridade
de Deus e deixava-se guiar com toda a docilidade.»
O artigo
seguinte aborda um assunto muito importante na vida da Alexandrina: as tentações
contra a Fé.
«Embora a sua instrução religiosa não tivesse ido
além dos rudimentos indispensáveis, assimilou tão bem as verdades da Fé, que
não se encontra na sua vida e nos seus escritos a mais pequena dúvida ou
incerteza a este respeito. Além disso, escrevia e discutia problemas de fé com
tal clareza e profundidade que só se explicam admitindo uma ilustração divina.
Teve períodos de terríveis tentações contra a Fé,
que porém não conseguiram abalar nem de leve a solidez da sua crença.»
Terminarei
com este artigo – o 33 – onde nos é mostrada claramente o amor da Alexandrina à
Santíssima Trindade e à Eucaristia:
«A devoção à Santíssima Trindade era
característica dominante da sua vida. Esta devoção transparecia na maneira como
fazia o sinal da cruz, como rezava o “Gloria Patris” e do lugar que esta oração
ocupava nas suas rezas diárias.
Na sua vida teve um lugar privilegiado o mistério
de Incarnação. Nunca abandonava o crucifixo que trazia consigo na cama.
Não há palavras que exprimam cabalmente à seu amor
à Santíssima Eucaristia. Sob a inspiração do Alto, escolheu como missão da sua
vida a união com todos os sacrários da terra. Não se cansava de agradecer a
dádiva da celebração da Santa Missa no seu quarto.
Teve desde nova grande e familiar devoção ao Divino
Espírito Santo, e considerava-a devoção vital.»
Nunca me
cansarei de vos incitar a recorrer à beata Alexandrina, quando as necessidades
da vida se fazem sentir pesadamente: ela é tão poderosa junto do Senhor.
Afonso Rocha
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