Já aqui vos
falei de diversos sacerdotes que voltejaram em torno da beata Alexandrina, como
os Padres Mariano Pinho e Humberto Pasquale, seus directores espirituais; do
Padre Alberto Gomes, seu confessor e de alguns mais…
Hoje vou
falar-vos do Pároco de Balasar, que mais lidou com a beata Alexandrina: o Padre
Leopoldino Mateus.
Este
sacerdote chegou a Balasar, vindo da Póvoa de Varzim, em 9 de Julho de 1933.
Tinha então a Alexandrina 28 anos.
Nessa
ocasião o Jornal Poveiro “A Propaganda” anunciava essa nova missão do ainda
jovem sacerdote nestes termos:
«No dia 9 de Julho tomou posse da paroquialidade de
Balasar, deste concelho, o nosso prezado amigo e conterrâneo Sr. Pe. Leopoldino
Rodrigues Mateus. Deixando a sua terra e os seus venerandos pais, o novo pároco
vai cumprir uma missão de paz e religiosidade, confiada pelo seu Prelado, que
tem pelo nosso amigo a maior estima e consideração pelos relevantes serviços
prestados à Igreja.»
«O Pe. Leopoldino Mateus nasceu na Póvoa de Varzim em 9
de Janeiro de 1879, na Rua da Assunção, junto ao Castelo, e aí faleceu em 27 de
Janeiro 1966. O seu pai chamava-se Francisco Rodrigues Mateus e foi alfaiate e
carteiro; o nome da mãe era Josefa de Jesus. Eram gente ligada à tradição
poveira da pesca e de muito poucas posses. Leopoldino era o mais velho de seis
irmãos e o único rapaz», como
escreveu o Prof. José Ferreira em artigo publicado no Site da Beata Alexandrina.
O mesmo auto
lembra ainda de maneira quase pesarosa:
«Nunca terá sido uma
figura particularmente grada na casa do Calvário. De facto, entre ela e ele
mediou sempre ou quase sempre um director espiritual, vindo assim o pároco em
segundo ou até terceiro lugar, após o confessor.»
Quando ele
chegou a Balasar e tomou conhecimento da existência da “famosa” doentinha – de
quem já ouvira falar, pois conhecia pessoalmente o Padre Mariano Pinho –,
começou por lhe levar a Sagrada Comunhão todas as sextas-feiras, tomando depois
a resolução, não sabemos porquê nem sob a influência de quem de lha levar todos
os dias, o que foi para a “Doentinha de
Balasar” uma verdadeira bênção.
O Padre
Leopoldino Mateus foi um homem letrado e colaborava em vários jornais da Póvoa
e outas cidades.
Foi também
um excelente orador sagrado e por isso mesmo era chamado para pregar em
diversas igrejas da diocese de Braga e mesmo mais além.
Pode-se
afirmar, sem exagero, que o Pe. Leopoldino, em Balasar, pregava, chamava outros
pregadores e animadores de renome para as festividades e para assistir as
associações religiosas, fazia discursos na escola, criou ele mesmo associações
religiosas… A sua dedicação à paróquia e aos paroquianos foi exemplar!
Uma coisa no
entanto se lhe pode imputar: não ter defendido corajosamente a sua mais célebre
paroquiana quando esta foi caluniada e desprezada pela comissão de inquérito
nomeada pelo Arcebispo e que emitiu, sob falsos testemunhos, uma conclusão
desfavorável, dizendo que nada de sobrenatural existia na vida da Alexandrina.
Para o
Jornal poveiro “Ala Arriba”, o Padre Leopoldino Mateus deixou este testemunho
de uma conversa tida com a Alexandrina a respeito da sua partida de Balasar:
«Um dia, sentindo que as forças me iam definhando, disse-lhe:
– Alexandrina, parece-me que vou deixar-vos, porque me não sinto com
alento para o pesado ónus desta longa freguesia.
A doente calou-se, mas, volvidos alguns dias, antes de lhe dar o Pão da
Vida, ao abeirar-me do seu leito, diz-me:
“Senhor Abade, não receie
perder o vigor para deixar a freguesia; porque pedi a Nosso Senhor que eu
morresse antes de V. Rev.cia nos deixar e Ele prometeu-me que sim, e a sua
palavra não falta”.
E assim sucedeu.»
Em Balasar este sacerdote deixou algumas obras materiais: a construção do
salão paroquial, a colocação da instalação eléctrica na igreja e de novos sinos
na torre, o artístico cruzeiro da paróquia e a capela-jazigo da Alexandrina.
O dia de
prestar contas a Deus e de se encontrar de novo coma beata Alexandrina,
aconteceu no dia 27 de
Janeiro 1966, na Póvoa de Varzim, onde nascera.
Afonso Rocha
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