sexta-feira, fevereiro 14, 2020

PADRE LEOPOLDINO MATEUS


Já aqui vos falei de diversos sacerdotes que voltejaram em torno da beata Alexandrina, como os Padres Mariano Pinho e Humberto Pasquale, seus directores espirituais; do Padre Alberto Gomes, seu confessor e de alguns mais…
Hoje vou falar-vos do Pároco de Balasar, que mais lidou com a beata Alexandrina: o Padre Leopoldino Mateus.
Este sacerdote chegou a Balasar, vindo da Póvoa de Varzim, em 9 de Julho de 1933. Tinha então a Alexandrina 28 anos.
Nessa ocasião o Jornal Poveiro “A Propaganda” anunciava essa nova missão do ainda jovem sacerdote nestes termos:
«No dia 9 de Julho tomou posse da paroquialidade de Balasar, deste concelho, o nosso prezado amigo e conterrâneo Sr. Pe. Leopoldino Rodrigues Mateus. Deixando a sua terra e os seus venerandos pais, o novo pároco vai cumprir uma missão de paz e religiosidade, confiada pelo seu Prelado, que tem pelo nosso amigo a maior estima e consideração pelos relevantes serviços prestados à Igreja.»
«O Pe. Leopoldino Mateus nasceu na Póvoa de Varzim em 9 de Janeiro de 1879, na Rua da Assunção, junto ao Castelo, e aí faleceu em 27 de Janeiro 1966. O seu pai chamava-se Francisco Rodrigues Mateus e foi alfaiate e carteiro; o nome da mãe era Josefa de Jesus. Eram gente ligada à tradição poveira da pesca e de muito poucas posses. Leopoldino era o mais velho de seis irmãos e o único rapaz», como escreveu o Prof. José Ferreira em artigo publicado no Site da Beata Alexandrina.
O mesmo auto lembra ainda de maneira quase pesarosa:
«Nunca terá sido uma figura particularmente grada na casa do Calvário. De facto, entre ela e ele mediou sempre ou quase sempre um director espiritual, vindo assim o pároco em segundo ou até terceiro lugar, após o confessor.»
Quando ele chegou a Balasar e tomou conhecimento da existência da “famosa” doentinha – de quem já ouvira falar, pois conhecia pessoalmente o Padre Mariano Pinho –, começou por lhe levar a Sagrada Comunhão todas as sextas-feiras, tomando depois a resolução, não sabemos porquê nem sob a influência de quem de lha levar todos os dias,  o que foi para a “Doentinha de Balasar” uma verdadeira bênção.
O Padre Leopoldino Mateus foi um homem letrado e colaborava em vários jornais da Póvoa e outas cidades.
Foi também um excelente orador sagrado e por isso mesmo era chamado para pregar em diversas igrejas da diocese de Braga e mesmo mais além.
Pode-se afirmar, sem exagero, que o Pe. Leopoldino, em Balasar, pregava, chamava outros pregadores e animadores de renome para as festividades e para assistir as associações religiosas, fazia discursos na escola, criou ele mesmo associações religiosas… A sua dedicação à paróquia e aos paroquianos foi exemplar!
Uma coisa no entanto se lhe pode imputar: não ter defendido corajosamente a sua mais célebre paroquiana quando esta foi caluniada e desprezada pela comissão de inquérito nomeada pelo Arcebispo e que emitiu, sob falsos testemunhos, uma conclusão desfavorável, dizendo que nada de sobrenatural existia na vida da Alexandrina.
Para o Jornal poveiro “Ala Arriba”, o Padre Leopoldino Mateus deixou este testemunho de uma conversa tida com a Alexandrina a respeito da sua partida de Balasar:
«Um dia, sentindo que as forças me iam definhando, disse-lhe:
– Alexandrina, parece-me que vou deixar-vos, porque me não sinto com alento para o pesado ónus desta longa freguesia.
A doente calou-se, mas, volvidos alguns dias, antes de lhe dar o Pão da Vida, ao abeirar-me do seu leito, diz-me:
“Senhor Abade, não receie perder o vigor para deixar a freguesia; porque pedi a Nosso Senhor que eu morresse antes de V. Rev.cia nos deixar e Ele prometeu-me que sim, e a sua palavra não falta”.
E assim sucedeu.»
Em Balasar este sacerdote deixou algumas obras materiais: a construção do salão paroquial, a colocação da instalação eléctrica na igreja e de novos sinos na torre, o artístico cruzeiro da paróquia e a capela-jazigo da Alexandrina.
O dia de prestar contas a Deus e de se encontrar de novo coma beata Alexandrina, aconteceu no dia 27 de Janeiro 1966, na Póvoa de Varzim, onde nascera.
Afonso Rocha

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