sexta-feira, fevereiro 14, 2020

PARTIDA DO PADRE MARIANO PINHO


Vou hoje falar-vos da interdição feita pela Companhia de Jesus ao Padre Mariano Pinho de continuar na direcção espiritual da Alexandrina.
Como já disse, o primeiro encontro entre estas duas almas de excepção deu-se no dia 16 de Agosto de 1933, quando o Padre Mariano Pinho foi pregar um tríduo em Balasar.
Depois deste primeiro encontro tudo parecia correr pelo melhor: o bom Jesuíta aconselhava a “doentinha de Balasar” e esta, com as suas orações e sofrimentos, livremente oferecidos a Deus, ajudava o bom sacerdote. Pode-se dizer que aprendiam um com o outro os caminhos fixados por Deus.
A Alexandrina recebera do Senhor a missão de velar sobre os Sacrários, sobretudo os mais abandonados.
Depois começou uma outra missão, também confiada por Jesus, para que a guerra que incendiava então a Europa e o mundo, acabasse. Jesus pediu-lhe que interviesse junto do Santo Padre para que este consagre o mundo ao Coração Imaculado de Maria. O Padre Mariano Pinho será o “fio condutor” desta missão entre a Alexandrina e o Santo Padre.
Como para justificar este pedido, a Alexandrina começou então a viver, de maneira visível, a Paixão do Senhor, à qual assistiam algumas vezes numerosas pessoas.
Este facto foi como que um rastilho que iria incendiar algumas pessoas invejosas do sucesso popular da Alexandrina, mesmo se é verdade que ela nunca desejou nem ser conhecida nem falada… mas Deus assim permitiu.
Algumas vizinhas, incentivadas pelo Padre Agostinho Veloso, também jesuíta, jornalista e poeta, mas inimigo figadal do Padre Mariano Pinho, começaram a fazer correr um boato que dizia haver qualquer relação outra que espiritual entre o bom Jesuíta e a sua dirigida.
Fins de 1941, um sacerdote espiritano, o Padre Terças, veio assistir a uma “paixão” da Alexandrina. Tomou minuciosamente apontamentos de tudo e pouco depois publicou numa revista que dirigia o resultado das suas notas. Devo dizer que o Padre Terças era um grande especialista de ascética e mística e, a publicação que fez do que viu em Balasar, nada mais tinha como intenção que de comparar a doentinha de Balasar com outras almas-vítimas, tais como a beata Ana Catarina Emmerich, a serva de Deus Teresa Neumann e algumas mais.
A publicação teve sucesso e o nome da Alexandrina percorreu então todo Portugal, causando admiração para uns e indignação para outros que começaram a dizer que se tratava dum estratagema para ganharem dinheiro.
O Arcebispo de Braga interveio e proibiu as visitas. Por seu lado a Companhia de Jesus — a 7 de Janeiro de 1942 — obrigou o Padre Mariano Pinho a recolher a uma das casas da Ordem proibindo-o de todo e qualquer contacto com a Alexandrina.
O bom sacerdote aceitou tudo com humildade, esperando que, mais cedo ou mais tarde, a verdade fosse claramente estabelecida, o que de facto aconteceu.
Exigiram também que a “Doentinha de Balasar” entregasse à Companhia as cartas que recebera do seu Director espiritual, o que ela fez com grande mágoa. Estas, depois de controladas, foram-lhe devolvidas alguns meses mais tarde.
Tempos depois destes incidentes pouco “católicos”, se me posso assim exprimir, o Padre Mariano Pinho foi enviado, ou melhor, exilado para o Brasil, onde exerceu como professor de latim e francês no Colégio Nóbrega de Recife, onde faleceu em 1967.
Uma tentativa para pedir a sua beatificação foi feita e uma oração composta para esse fim, mas como em tantas outras coisas em Portugal, não passou dum piedoso desejo, sem amanhã, o que é verdadeiramente pena, sobretudo para aqueles que conhecem bem a vida e as obras deste santo sacerdote.
O Padre Mariano Pinho e a Alexandrina nunca mais se voltaram a ver. Todavia ela escrevia regularmente ao seu antigo Pai espiritual — que carinhosamente chamava de Paizinho — e recebia deste igualmente correspondência que pode hoje ser lida em grande parte nos dois Sites que criei para a fazer conhecer e amar no mundo inteiro.
Estes dois Sites são poliglotas, pois neles existem documentos — a mais do português — em francês, espanhol, italiano, alemão, polaco e até mesmo em japonês, hindi e árabe.
Agora, que os dois vivem na Mansão Celeste, podemos invocá-los nas nossas necessidades de cada dia e ter esperança nas suas intercessões junto de Deus.
Afonso Rocha

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