sexta-feira, fevereiro 21, 2020

PAIXÃO VISÍVEL


Prosseguindo estas conferências sobre a Beata Alexandrina Maria da Costa, vou-vos falar hoje de como ela começou a viver, de maneira visível, a Paixão de Jesus.
Isto não aconteceu de repente: Jesus preparou-a para isso. Vejamos como ela mesma o explica ao seu Director espiritual:
"Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito".
«Quinta-feira, dia 6 de Setembro de 1934, o Sr. Abade veio trazer Nosso Senhor a uma doente minha vizinha, e ao mesmo tempo trouxe também para mim. Depois de comungar não sei como fiquei; estava fria, parecia-me que não sabia dar graças. Mas, louvado seja o meu bom Jesus! não olhou para a minha indignidade, nem para a minha frieza. Parecia-me ouvir dizer:
“Dá-me as tuas mãos que as quero cravar comigo; dá-me os teus pés que os quero cravar comigo; dá-me a tua cabeça que a quero coroar de espinhos, como me fizeram a mim; dá-me o teu coração que o quero trespassar com a lança, como me trespassaram à mim; consagra-me o teu corpo, oferece-te toda a mim, que te quero possuir por completo e fazer o que me aprouver”.
Este pedido surpreendeu a “Doentinha de Balasar”, o que perfeitamente se compreende, como ela mesma o explica, na mesma carta ao seu Pai espiritual:
«Foi isto o bastante para me ter tido muito preocupada. Não sabia o que havia de fazer; calar-me e não dizer nada, parece-me não ser a vontade de Nosso Senhor, parece-me que o meu bom Jesus não queria que eu ocultasse isto. Isto repetiu-se na sexta-feira, e hoje, dia de Nossa Senhora, assim como também a obediência em tudo, como já expliquei a Vossa Reverência. Será isto uma ilusão minha?»
O medo de se enganar e pela mesma ocasião enganar os outros estava sempre presente no seu espírito.
Um mês vai passar e Jesus vai voltar a falar na Paixão, explicando mesmo o que lhe aconteceu:
«Quando Nosso Senhor me pede o meu corpo — escreveu a Alexandrina —, quando chega à coroação de espinhos, diz-me:
— “Que dores horríveis eu senti quando Me coroaram de espinhos! Perdi tanto sangue, e tanto inútil! Fiquei exausto de forças, as minhas carnes despedaçadas, até a minha beleza desapareceu. E no meio de tantos algozes queres, minha querida filha, participar comigo de toda a minha Paixão? Oh! não me dês uma negativa! Ajuda-me na redenção do género humano!”
A proposta torna-se clara: “Ajuda-me na redenção do género humano”.
A Alexandrina continuava perplexa e mesmo duvidosa, e até mesmo  o demónio procurava fazê-la duvidar; eis porquê, no dia 5 de Outubro de 1934, Jesus diz-lhe:
«Que temes tu, minha filha, se Eu estou contigo? Eu sou o teu Senhor, o teu Amado, o teu Esposo e o teu Tudo. Fixei em ti a minha morada, sou o teu mestre, aprende as minhas lições e pratica-as: Eu te darei aquele amor com que desejo que tu me ames.»
E, referindo-se directamente ao demónio, Ele pergunta:
«A quem queres obedecer, a Mim e ao teu director ou ao demónio? Manda dizer ao teu pai espiritual que te vou modelando e preparando para coisas mais sublimes.»
No ano seguinte, a 30 de Julho de 1935, Jesus vai-lhe falar pela primeira vez da consagração do mundo à Virgem Maria. Muitos vão duvidar — durante quase 3 anos — da realidade deste pedido. Então o Senhor vai dar um sinal de como é bem Ele que pede a Consagração do mundo à sua bendita Mãe: A vivência, de maneira visível da Paixão todas as sextas-feiras a partir das três horas da tarde.
Esta “Paixão” pública começou no dia 3 de Outubro de 1938 e durou até 20 de Março de 1942, sinal que a consagração ia ser feita e foi mesmo, no dia 31 de Outubro desse mesmo ano, pelo Papa Pio XII.
As pessoas que eram autorizadas a assistir à dita Paixão saiam daquele pequeno quarto com as lágrimas nos olhos… e muitos saiam de lá convertidos.
O diálogo travado entre Jesus e a Alexandrina todos o podiam ouvir, porque a “Doentinha” repetia em voz alta as palavras de Jesus, que foram escritas por diversas pessoas, mas sobretudo pela Deolinda e pela professora Sãozinha.
Terminemos esta emissão com uma bela promessa de Jesus à sua esposa de Balasar:
— Minha filhinha, vive só para Mim; ama-Me muito, pensa só em Mim, e já que tão generosamente te ofereceste como vítima pelos pecados do mundo, eu colocarei em ti como que um canal para passar as graças às almas para toda a qualidade de crimes, para que tu me conduzas muitas almas.
Quantos e quantos podem testemunhar a veracidade destas divinas palavas! Eu sou um deles!
A Beata Alexandrina é na verdade um canal que liga as almas a Deus.
Afonso Rocha

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