A VISÃO DAS ESCADAS
No dia 17 de Agosto de 1945, a beata Alexandrina
teve uma visão surpreendente: ela não só viu a Virgem Maria com o Menino Jesus
nos braços, mas vio também a utilidade dos seus sofrimentos, representados por
escadas que subiam para o Céu:
Neste prolongado
martírio, ainda sem nada ver, senti na alma uma nova transformação: uma aragem
suave e o esquecimento da dor. Logo a seguir, à minha frente, apareceu a
Mãezinha com o Menino Jesus ao colo. A minha alma, num momento, só viu toda a
Sua formosura: cabelos doirados e em caracóis. Sorridente, muito sorridente,
estendia para mim seus bracinhos e esforçava-se por sair dos da Mãezinha. Como
quem forma um voo, saltou para os meus braços e logo se escondeu no meu
coração, e a Mãezinha desapareceu. Logo a Sua voz divina se fez ouvir dentro de
mim.
— Minha
filha, minha filha, por cada uma das tuas dores, por cada uma das tuas virtudes
é-te dada uma escada. Por elas podem subir continuamente, pelas das dores os
pecadores, e pelas das virtudes as almas sequiosas de mim. Repara, vê como elas
sobem.
As escadas eram
tantas, tantas, não tinham conta. Era tão grande o número das almas que subiam
por elas! Algumas subiam tão rapidamente! A minha alma sorriu ao vê-las. As
escadas não tinham só degraus: tinham, pelos lados espécie de pegueiras
(corrimões), por onde subiam mais que uma ao mesmo tempo. Continuou Jesus:
— São
escadas firmes. Não há tempestade que as deite à terra; não há frio que as
corte; não há fogo que as queime. Podem subir todos. Ainda que alguma caia, não
fica delas desprendida. As escadas têm nelas um íman que as atrai, e voltam de
novo a subir. São rolas que sobem, são pombinhas que voltam ao seu pombal.
Repara, todas vão dar ao mesmo sítio. No cimo de todas elas estás tu. És o
íman, és o pombal, és o palácio do amor, lá do alto o espalhas sobre elas.
Minha pomba, minha pomba, dá-lhes a tua alvura, dá-lhes a tua graça. Fá-las
subir na terra e atrai-as para ti no céu. Que maravilhas insondáveis, que
grandezas as minhas na tua alma! Como não havia eu de sorrir de contentamento e
querer vir para ti dos braços da minha Mãe? Tem coragem! Vês quanto valem as
tuas dores? Vês quanto vale sofreres assim, para salvares tantas almas? Olha a
tua coroa. Vê o prémio do teu martírio. Podes, à sombra da tua coroa, da
recompensa que de mim te é dada, abrigar os pecadores e as almas que anseiam
por mim.
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