Este mundo não quer Jesus

Por vezes, a minha alma vê Jesus, feito
enfermeiro, a querer entrar a este mundo, que sou eu mesma. Rodeia, rodeia uma
e outra vez este monstro mundial, para curar-lhe as chagas de entro e de fora.
Jesus anda cheio de amor e doçura, mas não tem estrada. Esta rocha dura não
quer ouvir o Seu convite de ternura, não quer deixar-se curar. Que pena eu
tenho não consentir que Jesus seja o meu enfermeiro! Ele quer acariciar-me, e
eu não deixo, revolto-me contra Ele, obrigo-O a afastar-se de mim. Apesar de
ser eu que O não quero, nem quero a Suas bondades, ternuras e carinhos, a alma
chora por não O querer, por não lhe dar entrada, por não O amar. Que pena eu
tenho de Jesus! Sofro ao mesmo tempo com Ele. Sou o mundo e sou Jesus; peco e
quero pecar; amo e quero amar; e este amor é louco, não tem limites, ama e não
olha a quem; o que quer é ser aceite. Se este amor fosse eu, e minhas não
fossem as maldades! Mas ai pobre de mim! O amor é de Jesus, as maldades são
minhas. Abracei-me à minha cegueira com tal afecto, com tal amor, que não mais
a largarei; ela só me causa sofrimento, só me mostra que sou lodo e lama, mas
eu quero e neste estreito abraço mais me vou mergulhando nela. O que é bom, o
que é de Jesus, não aparece nas minhas medonhas trevas. Mas o que posso eu
esperar, o que posso eu ver, se nada há em mim de bom, nada tenho de encantador
que a mim pertença. Sou miséria, só miséria; ó Jesus, compadecei-Vos de mim!
Tenho recebido, nestes dias algumas, algumas graças, alguns mimos do Céu, que
eu não mereço. Agradeço-as a Jesus e à querida Mãezinha, mas este meu
agradecimento não chega. (Alexandrina Maria da
Costa: S. 6 de Junho de 1947).
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