As dúvidas da Alexandrina
As cartas da
Beata Alexandrina ao seu Director espiritual, o Padre Mariano Pinho, sj, são
uma fonte de ensinamentos espirituais e também, por vezes históricos, se bem
que elas não tenham sida escritas com esse fim.
O ano 1939 – ano
em que ela mais vezes escreveu ao seu “Paizinho” espiritual – é muito
importante em ensinamentos espirituais, mas também históricos: foi o ano em que
– oficialmente – começou a segunda guerra mundial.
A natureza de
certas revelações recebidas de Jesus pela “Doentinha de Balasar”, são de índole
a perturbá-la e mesmo a fazê-la duvidar dela mesma: Terá ela bem interpretado
as palavras divinas? Terá compreendido bem o que Jesus lhe disse?
Daí as perguntas
angustiadas, como esta, ao seu “Paizinho” espiritual:
“O meu Paizinho conhece bem quem eu sou?” ou ainda: “Afigura-se-me que tenho uma responsabilidade tão grande por andar tudo
enganado comigo”.
Ela tem medo de
enganar e este medo vai durar muito tempo e por muito tempo ainda ela vai fazer
perguntas, cada vez mais angustiadas, ao seu Director espiritual. Várias vezes
ela lhe pedirá, com a maior sinceridade de a estudar, de saber se tudo o que
nela se passa vem de Deus ou dela. Um desses “gritos” e talvez o mais pungente,
ela escreve-o em 8 de Abril desse ano 1939:
– Ai meu Jesus, que horror tenho de mim
mesma. Que vergonha meu Paizinho, que vergonha da minha maldade, da minha
miséria. Se o mundo pudesse ver o que sou no meu íntimo. Eu não queria que
ninguém se escandalizasse comigo mas se eu pudesse conseguir mostrar o que sou
para ninguém se enganar comigo. Meu Paizinho, por amor de Jesus e Maria, estude-me estude-me.
No dia seguinte
ela volta a escrever ao Director: o seu estado espiritual não melhora: continua
com os mesmos “sintomas”. Ouçamo-la:
“Numa tristeza profunda fui passando o dia com o
tormento das dúvidas, ora duma coisa, ora doutra”.
Mas Jesus que nunca
abandona as almas que Ele escolhe para grandes causas, veio animá-la,
incutir-lhe coragem, mas prevenindo-a que ira continuar naquele mesmo
sofrimento. Então, a Alexandrina, como sempre, entrega-se ao bom querer divino:
– Eu aceito tudo Jesus, mas dai-me coragem,
dai-me força, dai-me confiança. Dai-me
amor para morrer de amor.
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