A beata Alexandrina na Rádio “Voz dos Açores”
Amigos auditores bom dia, boa tarde ou boa noite conforme a hora em que
sintonizam esta emissão.
Na última falei-vos da meninice da Alexandrina, das suas marotices…
Mas algo mais – e de grande importância – se passou em 1911, durante a sua
estadia na Póvoa de Varzim: a sua Primeira Comunhão e a Confirmação, das quais
ela nos fala nestes termos:
PRIMEIRA
COMUNHÃO
Padre Alvaro de Matos que deu a Primeira Comunhão à Alexandria |
– Foi na Póvoa de Varzim que
fiz a minha Primeira Comunhão, com sete anos de idade. Foi o Senhor P.e Álvaro
Matos quem me perguntou a doutrina, me confessou e me deu pela primeira vez a
Sagrada Comunhão. Quando comunguei, estava de joelhos, apesar de pequenina, e
fitei a Sagrada Hóstia que ia receber de tal maneira que me ficou tão gravada
na alma, parecendo-me unir a Jesus para nunca mais me separar d’Ele. Parece que
me prendeu o coração.
***
CONFIRMAÇÃO
O Sacramento da confirmação ela o recebeu na então pequena cidade de Vila
do Conde, distante de 3 km da Póvoa. Ela conta:
– Foi em Vila do Conde onde
recebi o Sacramento da Confirmação, ministrado pelo Senhor Bispo do Porto – Dom
António Barbosa Leão.
Lembro-me muito bem desta
cerimónia e recebi-a com toda a consolação. No momento em que fui crismada, não
sei o que senti em mim; pareceu-me ser uma graça sobrenatural que me
transformou e me uniu cada vez mais a Nosso Senhor.
Pouco depois, como já dito, as duas irmãs voltaram para Balasar.
A Deolinda começou a tirar o curso de costureira e a Alexandrina começou a
trabalhar nos campos.
Mas a religião e a caridade continuavam a ocupar naquela família um lugar
de honra, orquestradas pela Maria Ana, mãe daquelas meninas.
Por volta dos nove anos, já a Alexandrina sabia meditar ao observar as
obras do Criador. Ouçamo-la:
– Pelos nove anos, quando me
levantava cedo para ir trabalhar nos campos e quando me encontrava sozinha,
punha-me a contemplar a natureza. O romper da aurora, o nascer do sol, o
gorjeio das avezinhas, o murmúrio das águas entravam em mim numa contemplação
profunda que quase me esquecia de que vivia no mundo. Chegava a deter os passos
e ficava embebida neste pensamento, o poder de Deus!
Mais adiante, na sua Autobiografia diz ainda:
— Quando me encontrava à
beira-mar, oh, como me perdia diante daquele grandeza infinita! À noite, ao
contemplar o céu e as estrelas, parecia esconder-me mais ainda para admirar as
belezas do Criador! Quantas vezes no meu jardinzinho, onde hoje é o meu quarto,
fitava o céu, escutando o murmúrio das águas e ia contemplando cada vez mais
este abismo das grandezas divinas! Tenho pena de não saber aproveitar tudo para
começar nesta idade as minhas meditações.
Mas, já meditava e já guardava no seu coração puro e inocente todos estes
olhares profundos sobre a grandeza de Deus e das suas obras.
E assim, entre o trabalho e a oração foi crescendo e aperfeiçoando-se, dia
a dia, na espiritualidade que a levará aos cumes da mística e da união a Deus.
Na próxima emissão vos falarei da sua primeira confissão geral: é
simplesmente sobrerrealista!
Afonso Rocha
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