segunda-feira, fevereiro 15, 2010

MEDITAÇÕES PARA O TEMPO DE QUARESMA

Jesus sofre, chora, suspira profundamente


A cruz aumenta, os mimos de Jesus são cada vez mais. Digo mimos, porque os desgostos, os sofrimentos, os espinhos recebo-os como carícias e miminhos do meu Jesus. Custa muito, muito e eu sei que não posso resistir a mais dor; mas o amor que eu anseio ter a Jesus e as ânsias de O consolar cegam-me de tal forma que eu não posso deixar de repetir: mais, mais, meu Jesus, mais, seja tudo por Vosso amor e para a salvação das almas. Não posso falar; hoje tenho que abafar a voz da minha alma, que apesar da minha ignorância sem igual, não pode calar-se. Neste dia, tem que ocultar e fazer o sacrifício de guardar para si e sofrer em silêncio. Não posso esforçar-me nem mover os lábios. Von-tade do meu Senhor, em ti está a minha ventura e felicidade!

Ontem de manhã imprimiram-se mais ao vivo as chagas de Jesus no meu cor-po. Senti como se Ele viesse da cruz para mim e em mim Se imprimisse e nele me transformasse. À noite, a visão do Calvário levou-me ao suor de sangue e à agonia do Horto. Sofri tanto, tanto, de tantas formas! Seja o meu Jesus bendi-to !

Hoje segui para o Calvário. Eu era a cruz de Jesus. Ele levou-a e nela me levou a mim. Sofri com Ele e Ele comigo. Fomos sempre os dois num só. Ao terminar da montanha, senti-me morrer no leito da cruz. Quando esta (foi?) levantada ao alto, pareceu-me ficar toda dentro do Coração divino do meu Jesus. Era Ele o crucificado. O meu desfalecimento era tanto que não podia bradar; bradava Jesus e era meu e dele o Seu brado. No momento de expirar, Jesus entregou ao Pai o Seu espírito com todo o amor do Seu divino Coração. Foi assim que eu com Ele expirei.

Passado algum tempo, principiei a ouvir os Seus suspiros e a Sua dolorosa voz.

Jesus sofre, chora, suspira profundamente. Vê o mundo, contempla-o, vê o que ele é, o que há-de ser.

Jesus sofre, chora, suspira profundamente. Vê o mundo cruel e pecaminoso, vê a justiça do Seu Eterno Pai prestes a puni-lo, a castigá-lo com todo o rigor.

Minha filha, Minha filha, vítima amada, vítima querida.

Minha filha, Minha filha, esposa querida, esposa fiel e predilecta de Meu divi-no Coração: tu és sal e sol da terra, tu és pára-raios e salvação da humanidade. Tu és farol, que iluminas com todas as cores do arco-íris. És rica de graça, rica de todas as virtudes. Um ano a mais passou-se para ti. Mais um ano de favores e prova do Meu divino amor para as almas por te ter escolhido para vítima des-te Calvário. Coragem, coragem e alegra-te porque o Senhor está contigo, em ti Se alegrou e alegrará sempre. Aceita, Minha filha, um muito obrigado do teu Jesus. Sim, um obrigado Meu, um obrigado divino pelo muito que sofreste, pelo muito que amaste.

— Ó Jesus, ó Jesus, isso humilha-me, as Vossas divinas palavras fazem-me so-frer. Sofro, porque ouvi e senti os vossos suspiros, as Vossas lágrimas caírem no meu pobre coração. Sofro e humilho-me pelo Vosso obrigado, quando eu sinto que nada sofro, que nada Vos amei, que foi só o Vosso divino Coração a sofrer e amar. Eu por mim, Jesus, nada fui, nada sou, nada serei. Morri, morri para tudo.

— Ó minha filha, Minha filha, sim, morreste para tudo o que é do mundo e vi-verás sempre pata Jesus e para as almas, porque vives só a vida de Cristo, a vida mais imitadora, a cópia mais fiel de Cristo crucificado, de Cristo Redentor. Continua, continua a tua missão: bem curta que ela vai ser agora aqui na terra, mas vais continuá-la no Céu. Aqui, pedindo e sofrendo; lá, pedindo e amando.

Acode, acode às almas e previne-as, avisa-as: a justiça não demora, o castigo aproxima-se. Avisei, avisei, esperei, esperei, pedi como mendigo da terra ora-ção, penitência, emenda de vida.

Não desanimes em pedires, em sofreres com alegria e amor. Haja o que hou-ver, venha o que vier, é sempre de utilidade e salvação para o mundo cruel e ingrato.

Recebe agora a gota do meu sangue ; é sangue de vida, é sangue de amor ; é gota que te leva a paz, a Minha divina paz.

Coragem, fica na cruz. Vêm os Anjos cheios de amor apertar-te os cravos.

— Obrigada, meu Jesus. Bem os vejo baterem as asas, asinhas brancas. Não me batem os cravos com crueldade, mas sim com doçura e carinho.

Obrigada, obrigada. Atendei aos meus pedidos, às minhas grandes intenções que tenho presentes, tomais conta delas, meu Jesus. Confio em Vós.

— Sim, Minha filha, podes confiar. Vai em paz e leva o meu amor que é a força e a alegria da tua cruz.

— Obrigada, obrigada, meu Jesus.

Sentimentos da alma: 4 de Janeiro de1952 – Sexta-feira

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