sexta-feira, dezembro 20, 2019

ALEXANDRINA E O NATAL


Como todos nós, a beata Alexandrina conheceu as festas de Natal e de fim de ano.
Da sua meninice e juventude, nada ou pouco sabemos como se passaram estas festas.
Na sua Autobiografia encontramos notícia de uma oferta que lhe fez sua mãe e que causou grande alegria à pequena Alexandrina, mas não sabemos se isso aconteceu no período do Natal. Ela explica:
«Uma vez minha mãe deu-me uns soquinhos. Eu fiquei tão contente com eles, porque eram lindos!... Para ver a figura que fazia com eles, preparei-me como se fosse à Missa, calcei-os e depois ajoelhei-me, pondo-os à minha frente, fingindo que estava na igreja. Como era vaidosa!»
Bem mais tarde, no seu Diário espiritual, com a data de 25 de Dezembro de 1942, tinha ela já 38 anos, ela fala da noite do Natal desse mesmo ano, nestes termos:
«Depois de fazer os meus pedidos a Jesus ― e tinha tanto que lhe pedir ! ― disse-lhe : Não vos peço para vos ver no presépio, pois sei e confio que estais no presépio do meu coração, mas peço-vos para me alcançardes o que vos peço.»
Não sabemos o que ela pediu a Jesus, mas Ele dignou-se responder-lhe e mesmo anunciar-lhe como seriam as festas que ela viveria no Céu:
«Minha filha, minha filha, sempre firme na tua fé, sempre firme na tua confiança, Jesus não te engana e tu não te enganas que é Jesus. As tuas festas estão concluídas na terra; vais vê-las no Céu com todo o brilho, com todo o amor.»
E, como se não fosse suficiente esta promessa, Jesus afirma ainda:
«O Céu está aberto para ti, minha amada, já quase podes entrar. Recebe todo o amor e toda a graça do Menino Jesus com todo o direito de o destribuires àqueles que te rodeiam, que te amam, que te são queridos.»
E como sempre, com humildade, ela agradece todos estes carinhos de Jesus para com ela:
«Ó meu Jesus, queria palavras para vos agradecer como Vós sois digno, mas não as sei; queria dar-vos toda honra, glória e amor, queria dizer-vos tudo. Como nada sei, apenas vos digo: Obrigada, para sempre obrigada, meu Jesus.»
Dois anos depois, no mesmo Diário ela explica como são para ela os dias de festa, mesmo os religiosos:
«Os dias de festa são sempre para mim de profunda tristeza. Esforço-me sempre para consolação dos que me rodeiam mostrando-me alegre: a minha alegria é fingida.»
Mas este “fingimento” trás com ele virtudes incalculáveis, como ela explica logo a seguir:
«Fito Jesus, a Mãezinha, elevo o meu pensamento ao Céu e por amor aceito a dor. É por amor que a tristeza para mim é alegria. Não olhando a terra, firmo no Céu, só no Céu, os espinhos são rosas, a dor é doçura.»
E ela continua a explicar:
«À meia-noite do dia de natal, pedi que me trouxessem umas imagensinhas do Menino Jesus. Colocadas sobre o meu peito queria aquecê-las. O calor que lhe dei não era o que eu queria dar-lhes; queria queimá-las com fogo de amor. Queria dizer-lhes muitas coisas e não sabia. Estreitei-as ao meu peito docemente e continuei os meus gemidos.»
Esta simplicidade e humildade comovem o Coração do Deus Menino que lhe afirma:
«Nasci no presépio do teu coração, minha filha. É o Esposo que vem à sua esposa, é o Rei que vem à sua rainha. Sou Rei do Céu e da terra. Como estou bem aqui, ó rainha do amor. O presépio que Me dás não é áspero como o de Belém, é fofo com as tuas virtudes. No te presépio não sinto os rigores do frio ; sou aquecido com o amor mais puro e abrasado. Tu és a minha estrela, estrela que guias o mundo como outrora guiou os Reis Magos no caminho de Belém.»
Um ano mais tarde, em 28 de Dezembro de 1945 Alexandrina dita para o seu Diário espiritual:
«Noite de Natal! Ao nascer Jesus, disse-Lhe muitas coisas, sem saber dizer-Lhe nada. Pedi-Lhe muitas graças, muita luz, sem nada sentir, receber nem ver. Acompanhei-O no presépio sem ter vida, sem ter nada para poder fazer-Lhe companhia. Entreguei-me assim ceguinha ao Seu Coraçãozinho e bracinhos pequeninos. De manhã, ao recebê-Lo, tive com Ele os meus desabafos.»
E assim foram passando os anos e os dias de Natal…
Antes do último Natal que passaria na terra, ela conta o que viu no dia 17 de Dezembro de 1954:
«De repente, vi o Menino Jesus, sentado no presépio, em palhas de prata. Ele era mais lindo e brilhava mais que o sol.»
Em 31 de Dezembro do mesmo ano, ano em que ela vivia o grande sofrimento das dúvidas e de falta de fé – segundo ela – podemos ler no seu Diário espiritual:
«O Menino Jesus para mim não nasceu. Não dei conta do Seu nascimento. Só após uns momentos da meia-noite é que me recordei que o fogo que se dava era a comemoração do Seu nascimento. Sofri muito com isso. Foi em grande dor que Lhe fiz os pedidos que desejava fazer.»
O Natal de 1955, já ela o festejou no Céu junto do seu divino Esposo, da Mãezinha que ela tanto amava e de S. José para o qual ela tinha um carinho muito particular.
Resta-me agora desejar a todos vós um Feliz Natal e um ano novo cheio das maiores bênçãos divinas.
Afonso Rocha

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