Sofro e morro de dor
terça-feira, junho 22, 2021
O AMOR VENCEU
segunda-feira, junho 21, 2021
SINTO QUE ESTOU MORTA
Preocupa-me tanto a salvação do mundo!
— Ó meu
Deus, como hei-de estar aqui assim? Preocupa-me tanto a salvação do mundo!
Não posso sentir
Jesus tão ferido. Não tenho corpo nem coração para Ele se consolar em mim. Foi
o mundo das maldades que me destruiu. Quero amar o meu Jesus e não tenho
coração para O amar, desapareceu de mim, não sei a quem pertence. Confio,
confio que será a Jesus. Queria sangue para dar por Seu divino amor, gota a
gota, e não o tenho; sinto que as veias do meu corpo desapareceram. Não tenho
nada, nada posso fazer por Jesus e pelas almas. Só o demónio não cessa. Que
grande tormento! Vieram uns poucos para a minha frente em forma de cães. Que
cenas tão feias e maliciosas! Eram cenas e palavras só do inferno. Pedi logo a
Jesus para não O ofender; ofereci-me como vítima, enquanto o maldito me deixava
falar. Ao terminar da luta, fiquei insatisfeita, parecia-me que queria ter
pecado, e gravemente. Mas não era assim, o que eu queria era não ter desgostado
Jesus, não O ter ferido. Eu não sabia como se podiam ter dado tais cenas.
Sentia em meu coração uma dor profunda. Eu não podia tomar a minha posição.
Sofria tudo, o mal-estar do corpo e as aflições da alma. Jesus velou por mim,
defendeu-me. Ouvi-O dizer:
— Ordeno-te,
minha filha, que tomes a tua posição. É o Esposo que manda, e a esposa obedece.
É o Rei que quer, e a rainha sujeita-se, aceita. Filhinha, coragem! É a
reparação mais fina e delicada que te peço. É a flor mais pura. (Alexandrina Maria da Costa: S. 21-06-1945)
sábado, junho 19, 2021
QUE HORROR, MEU SENHOR !
Jesus fez-me ressuscitar
São indizíveis as
amarguras e torturas da minha alma. Custa-me imenso falar. A cada movimento,
parece que é fora de mim arrancado com toda a violência o coração e, em
seguida, as entranhas. Digo pouco, por não poder e por a minha ignorância nada
saber dizer, mas sofro e sofro muito por não poder e não saber. Pois sinto uma
fome, uma necessidade, posso dizer infinita, de desabafar. Eu não quero de
forma alguma queixar-me, não quero entristecer o meu Jesus. O esforço que faço,
o nada que digo, é para obedecer. É Jesus, é a glória do meu Senhor e o bem das
almas que me levam ao máximo do sacrifício. Vi-me, senti-me nas garras do
demónio; ouvi os uivos do inferno, o desespero das almas. Meu Deus! Como é
desesperador! Se eu pudesse dizer a forma provocadora, descarada e maldosa, com
que são praticados tantos e tantos crimes. Meu Deus, meu Deus, compadecei-Vos
de mim. Que maldade infernal! Parecia-me que era em mim, e era eu a praticar
crimes tão hediondos. Era eu a cair no inferno, era eu a entregar-me toda à
devassidão e prazer, sem nada me satisfazer, mas sem poder naqueles momentos
pecar mais; não tive um momento de arrependimento, não tive um olhar para Jesus
a pedir-Lhe compaixão. Corri logo à busca de novos instrumentos, de novos
lugares e ocasiões, para poder continuar a minha obra infernal. Que horror, meu
Senhor, que horror! Disse que não tive um momento de arrependimento, nem um
olhar para Jesus, mas tive. Pedi-Lhe bem que não queria pecar. Mas isto foi
como se não fosse eu. Foi tudo e tudo é inútil para mim. Não sei como encontrar
Jesus, não sei como dar-Lhe as minhas lágrimas, os meus suspiros, os meus
sofrimentos, tristezas e amarguras. Tudo morre, tudo é inutilidade, tudo é
perdido para mim. Passam-se os dias grandes, os dias festivos da Santa Igreja,
e a minha alma não encontra um favozinho de doçura; tudo é perdido, tudo é
morte. Estou a comemorar o aniversário da minha estadia na Foz. Sem querer
recordar, surge-me de repente uma e outra cena. Fica-me o coração cercado de
espinhos, e a cruz atravessa-o dum lado ao outro. Tudo sofro por amor de Jesus,
sem sentir que O amo, sem saber que Ele se consola em mim. O abandono é o meu
lema. Confio que sou conduzida ao porto de salvação. Nesta imensidade
tempestuosa, em que só prevalece a inutilidade, a minha alma conserva-se em
paz, a não ser de longe a longe uns momentos de agitação, dúvidas de toda minha
vida, tentações contra a Fé, que me levam quase que a cair no desespero. Para
que vim ao mundo? Para que serve tanto sofrer e uma vida presa no leito? Isto é
sem eu querer, sinto mesmo serem tentações do demónio, ser ele a querer
roubar-me a paz. O meu Horto, tão diferente do já foi, não teve outra coisa
senão a inutilidade. Eu fui morte para ele, e ele morte para mim. Foi assim,
porque eu não quis aproveitar da vida que ele me oferecia. E Jesus, que via
infinitamente, aos Seus olhares tudo era presente, sofria, sofria dor infinita,
e fez-me sentir a mesma dor, ao mesmo tempo que se mostrou e fez sentir o
quanto me amava, o quanto amava as almas. Neste momento afoguei-me n’Ele,
perdi-me n’Ele, desapareci como gotinha de água perdida no universo. Hoje, na
Sagrada Comunhão, não digo que tive consolação; perdi-me novamente neste
Oceano, como gota de orvalho, que com o sol desaparece. A alma ficou mais
forte. Foi com esta fortaleza que venceu a inutilidade do Calvário. Na viagem
para lá, ao sentir-me desfalecer com tão pavorosa inutilidade, espontaneamente
o coração bradou: valei-me, Jesus, ai de mim se não vindes em meu auxílio. Pude
chegar ao cimo; mesmo assim, inútil, fiquei na cruz crucificada. O coração
continuou a bradar constantemente; eu sou inútil, Jesus, mas sois Vós útil para
todos nós. Meu Pai, meu Pai, vinde em meu auxílio.
E foi neste brado
que eu caí no sono da morte. Senti como se a alma morresse na maior escuridão.
Passou-se algum tempo, e Jesus fez-me ressuscitar. Rasgou no meu peito o véu
preto da morte e fez aparecer um véu de luz. (Alexandrina Maria
da Costa: S. 20 de Junho de 1952)
sexta-feira, junho 18, 2021
CREIO, JESUS, CREIO
O meu pão de cada dia
Estou no meu martírio a redobrá-lo ainda mais por ter de falar de mim, ou melhor, da minha dor. Custa-me imenso. Não queria dizer nada. Tenho vergonha, escandalizo-me a mim mesma. Não escandalizarei mais alguém? Sempre a falar da dor, deste sofrimento inexplicável! Mas como modificá-lo, se outra coisa não tenho?! O meu sofrimento é tão grande, tão grande, tão infinito!... Só Jesus o conhece, só Ele o pode vencer. Eu sei que não sou eu.
O dia da festa da
Santíssima Trindade e da Mãezinha no Sameiro foi para mim uma agonia mortal.
Tinha morrido, se Jesus não fizesse a graça de me conservar a vida. O meu
Paizinho espiritual estava na minha mente ligado com a Mãezinha do Céu. Era uma
festa em que não devíamos nem podíamos estar separados. Daqui nasciam as mais
dolorosas e tristes recordações. Deus e o homem! Como este veio ao contrário
dos desígnios do Senhor! Na terra nunca, nunca poderei dizer o que sofri e
sofro. Só à luz da eternidade haverá tal visão. Com tão variadas e tristes
recordações, com tão tremenda e dolorosa agonia fixei no Céu os olhos da minha
alma. Não podia movê-los. Tinham que estar sempre firmes para não cair no
desespero.
Estou a passar a
data da minha estadia na Foz, 11 anos; martírio sobre martírio. Quanto mais dor
e humilhação, mais ódio e incompreensão. Por tudo o Senhor seja bendito!
O meu pão de cada
dia, o meu pavor são as almas que se abeiram de mim. Causa-me pavor, e o
coração não pode separar-se delas. Por elas quero dar o sangue e a vida.
Quero-as todas para Jesus, com todos os corações numa só chama de amor. Não
posso falar das almas nem desta ânsias. Não resisto. Estou sempre à espera das
consolações e alegrias.
— Senhor,
quem poderá dar-mas?! Que angústia, que angústia!
O meu túmulo, a
minha escavação, a minha inutilidade e eternidade não param. Tenho que viver
tudo isto, mesmo sem vida. Tenho que sentir toda a dor e sempre estar de mãos
vazias. Nesta manhã, depois de receber o meu Jesus, foi tão dolorosa a minha
morte e inutilidade, um abismo se abriu a engolir tudo. Repeti tanto o meu
“creio” a Jesus…
— Meu
Senhor, parece-me mentir-Vos a Vós e mentir-me a mim mesma. Dai-me coragem para
que eu repita o meu “creio” sem crer, sem acreditar e Vos diga que Vos amo, sem
ter vida, sem viver para Vós, sem sentir o Vosso amor.
Apunhalava-me a
mim mesma. Fazia-o com toda a crueldade. Subi para o Calvário, sempre num desprezo
e ódio infernal contra ele. Estendi-me no mundo. Nele bebi todo o veneno. Em
seguida, apertei o coração, enleei nele grossas e negras cadeias para que
nenhum veneno saísse dele. Fiz o mesmo à língua para a não deixar mover, nem
deitar fora o veneno apanhado.
— Creio,
Jesus, creio! (Alexandrina Maria da Costa: S. 18 de
Junho de 1954).
quinta-feira, junho 10, 2021
A ACÇÃO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
Com o seu bico de fogo alimentou o meu coração
NADA POSSUO
Eu lá vou, de queda em queda
CREIO ÀS CEGAS
Que tremenda confusão!
Não poderei viver assim! Quem me acode? Quem me acode? Estou sozinha, num abandono completo! Não tenho quem me ilumine, não tenho quem me conforte! Quem poderá valer-me? O meu brado é morto; toda a minha vida é morta. Esta morte traz em mim e à volta de mim, que confusão, que tremenda confusão! Quem me deita a mão, quem acode à minha alma? Ó Céu, ó Céu, vinde em meu auxílio! Mas eu tenho alma?!... Existe Deus com a eternidade?!... Perdão, Jesus, perdão, Senhor!... Parece que nada existiu nem existe. Mas eu creio às cegas. (Alexandrina Maria da Costa: 10-06-1955)
EM NADA, MESMO NADA TENHO ALEGRIA
Eu já tinha sofrido tanto!
— Por quem
obedeci? Por quem sofri tudo isto? Só por Jesus e pelas almas. (Alexandrina Maria da Costa: 10-06-1945)
quarta-feira, junho 09, 2021
PERDOAI-LHES, MEU JESUS
Eles não sabem o que fazem
O IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
A sua presença consolou-me
OUVIA UMAS HARMONIAS SUAVES
Aparição de Maria
Foi
então que no dia 9 de Junho de 1942, pelas 13 horas, me apareceu sobre a cama
descendo do Céu a figura deslumbrante da Mãezinha que parece se fixou em minha
frente um pouco para a minha esquerda. Vestia ricos vestidos brilhantes, de
cores variadas, trazia os pés nus, chegou-se a mim para me acariciar e com sua
mão direita apontou para o Céu. Parecia comovida com o meu sofrimento a
prometer-me a recompensa e a inspirar-me confiança. O trono em que veio era
brilhantíssimo como ouro pálido em que o sol projectava os seus mais brilhantes
raios. Foi inefável a consolação que me deixou a primeira aparição. (Alexandrina Maria da Costa: 09-06-1942)
terça-feira, junho 08, 2021
VEM PARA OS MEUS SACRÁRIOS
Caíram tantas almas no inferno!
Eu ofereci a Nosso Senhor todo
o meu corpo para Ele crucificar pelo seu divino amor para a salvação das almas;
e dava-lho de tão boa vontade como Ele se deixou crucificar por meu amor. (Alexandrina
Maria da Costa: Carta ao Padre Mariano Pinho: 06-06-1935)
VINDE, MEU BOM JESUS
Vivei em mim como eu desejo viver convosco
O DIVINO ESPÍRITO SANTO HABITA EM TI
Vem, minha pomba
VENHAM OS SÁBIOS
Venham uns provar e outros aprender
— Venham os
sábios e os que se dizem sábios ao livro das maiores maravilhas, de todas as
maravilhas, de todas as ciências divinas. Venham uns provar e outros aprender o
que é a alma vítima, os prodígios da graça e a acção de Jesus em sua alma.
Coragem, minha filhinha! O que sentes em ti são meios de salvação. Tu recebeste
o meu divino amor com toda a abundância. O que hoje sentes em ti também eu o
senti no meu calvário. O que dentro de ti se levantou e o teu coração ferido
são os crimes da humanidade, de verdade não podem aumentar mais. (Alexandrina
Maria da Costa: 08-06-1945)
JESUS NÃO PODE MAIS
Bendita seja a minha cruz!
segunda-feira, junho 07, 2021
É COMO ARAGEM QUE CORRE
Sinto um mundo de amor
Só em Jesus, só
de Jesus poderei receber algum alívio. E esse bem depressa passa, é como aragem
que corre, deixando só no próprio momento o seu frescume suavizador. Na minha
comunhão de ontem e de hoje senti-me mais unida com o meu Jesus. Ele passava do
Seu Divino Coração para o meu cadeias puras, cadeias finas, cadeias de amor.
Desde então tenho no meu coração novo coração, e neste coração está alguém a
atirar estas cadeias, a formar laçadas ao mundo das almas. Faz-me lembrar o
marinheiro dentro da sua barquinha a atirar as redes ao mar para apanhar a
pesca. Eu sinto dentro de mim o marinheiro das almas a fazer o mesmo
canseirosamente. Sinto um mundo de amor sobre o meu coração. Este amor, este
mundo, é o mundo do Coração de Jesus. É um mundo e é para o mundo. Que ânsias
tão grandes a querer possuí-lo! Que ternuras, doçuras e amor! Outro coração de
lágrimas se colocou dentro do meu. Estas lágrimas são choradas sobre a
humanidade inteira, cobrem-na. São lágrimas de agonia por este coração cheio de
riquezas desprezado. Está este coração de chaga profunda tão aberta para
receber a todos. Faz lembrar a avezinha de asas abertas para cobrir seus
filhinhos. Sinto as veias do meu corpo todas unidas, todas abertas a darem ao
mesmo tempo as últimas gotas de sangue. Como elas são espremidas! As gotas escasseiam,
elas já não têm mais que dar. E no meio disto sempre as ânsias de possuir
universos de sangue para todo derramar pelas almas. Tanto queria amar a Jesus e
sofrer todas as dores para O consolar. (Alexandrina
Maria da Costa: Sentimentos da alma de 7 de Junho de 1945).
domingo, junho 06, 2021
COMO A AVEZINHA
Que tristeza amar e não ser amado
― Ó
meu Jesus, defendei-as sempre, amai-as sempre apaixonadamente, triunfai e
vencei com elas. Levai-me então depressa para o Céu para eu fazer descer sobre
elas as vossa graças e as vossas bênçãos. Sim, sim, meu Jesus; confio que sim,
meu Amor. (Alexandrina Maria da Costa: S. 6 de Junho de 1942).
sábado, junho 05, 2021
DIZ AO TEU PAIZINHO, DIZ AO TEU MÉDICO
Serão para eles as primeiras bênçãos
Toma
conforto, ó minha filhinha, esposa do meu Jesus, salvação de todos os filhos
meus. Oh! como és amada de toda a corte celeste!
Estas
últimas palavras foram da Mãezinha. (Alexandrina Maria da Costa: Sentimentos da
alma; 5 de Junho de 1943).
FAÇAMOS PRAZER A JESUS
Oração e devoção ensinada por Jesus
Estes
momentos serão para Mim de grande alegria e consolação.
Que crimes
se cometem contra Mim na Eucaristia! (Sentimentos da alma: 2 de Outubro de
1948).
A ALMA FIEL NÃO TEME A CRUZ
Ó Jesus conto com toda a graça, força e amor do Céu
— A alma fiel não teme a cruz; toma-a, abraça-a, acaricia-a, leva-a só por amor! Os espinhos com que Jesus adorna na terra as suas crucificadas transformar-se-ão no Céu em pétalas das rosas mais belas e viçosas. Mais ainda: transformar-se-ão em pérolas, em pedras preciosas. Como é encantador para Jesus uma virgem que a Ele toda se dá e por Ele tudo sofre!
— Meu Jesus, eu dou-me a vós, eu sofro por vós, despedaçai de dor o meu coração; eu quero amar-vos, eu quero dar-vos as almas. Cobri de espinhos todo o meu pobre corpo, mas o que sou eu sem vós? Miséria, meu Jesus, só miséria.
— Tu és grande, tu és forte, minha amada. Serás grande para o mundo e grande aos olhos de Deus. Estás rica, estás rica, meu amor com os maiores dons e as maiores riquezas do Céu. Que belo é Deus, que belo é Jesus e belas faz as suas almas. Vais, minha louquinha, vais, minha heroína, dar a maior prova, a última prova de amor a Jesus e ás almas. Não temas, não temas, Jesus e Maria estão contigo, o divino Espírito Santo iluminar-te-á sempre. Tu és o cofre riquíssimo que Jesus tem na terra; tens muito que distribuir às almas.
— Ó Jesus conto com toda a graça, força e amor do Céu. (Alexandrina Maria da Costa: Sentimentos da alma; 5 de Junho de 1943)
sexta-feira, junho 04, 2021
SOL BRILHANTE, SOL ESPLENDOROSO
Será aquele que se vai reflectir no mundo
A TUA VIDA É CHEIA DE PRODÍGIOS
Creio, Jesus, sou a tua vítima
Recebe a gota do meu Divino Sangue. Só vives desta
vida. É só Jesus que te faz viver. Fica na cruz, fica na cruz. Sofre, sofre o
teu indizível sofrimento.
Fiquei logo na minha costumada agonia a fazer os
meus pedidos ao Senhor sem sentir que Ele tinha vindo até mim e a parecer-me
que nunca O veria.
— Creio, Jesus, sou a tua vítima. (Alexandrina
Maria da Costa: S. 4 de Junho de 1954)
EU SOU O TEU JESUS
Vem para mim, tem coragem!
Creio, meu Deus, creio. À minha agonia e morte
veio Jesus buscar-me. Chamou por mim.
— Vem, minha filha, dá-Me a tua mão.
Abrindo um curral, mas este curral era Jesus,
sempre levando-me pela mão, fez que eu entrasse e disse-me:
— Vem para mim, tem coragem! Eu sou o teu
Jesus.
Eu, sempre sustentada pelas mãos do Senhor, à
entrada do curral, que me parecia ser Ele. Principiaram a entrar ovelhas nutridas,
umas atrás das outras; todas tinham um lugar e nunca mais deixavam de entrar.
— Vês, minha filha, estas ovelhinhas são as
almas que os teus sofrimentos a Mim conduzem.
Não sei dizer como fiquei, fora de mim. Se assim
é, Jesus, como creio, eu quero ficar na terra e nela sofrer até ao fim do
mundo.
— Não, minha filha, o teu Céu está perto, mas
lá a tua missão continua e as almas, essas ovelhinhas nutridas, continuam a
salvar-se como se sofresses. Estende-me as tuas mãos.
Estendi-as. Jesus colocou-me nelas um vaso. Este
vaso estava cheio duma semente que não conheci. Para cima do vaso sobressaía
como que uma pinha. De cada biquinho da pinha saía uma chama e todas reunidas
faziam uma só chama.
— Semeia, minha filha, na terra esta semente.
É a minha semente. Enriquece com ela as almas. Incendeia nos corações este
amor. É o meu amor. Sofre, sofre, acode ao mundo.
Desapareceu Jesus, desapareceu o vaso. Fiquei
sozinha entre as trevas.
— Creio, Jesus, creio e que o meu “creio”
seja eterno, em acção de graças por sempre em Vós confiar e confiada de nunca
deixar de crer.
À minha frente estava uma montanha. Não tentei
subi-la. Chegava ao Céu. Não podia passar além. Sozinha, cheia de pavor,
bradava:
— Jesus, onde estais? Vinde em meu socorro.
Ele saiu-me por entre a rocha a trabalhar;
martelava, cinzelava. Era um bom artista. Pegou-me pela mão. (Alexandrina Maria
da Costa: S. 4 de Junho de 1954)
EM VÓS CONFIO
Minha é a miséria e inutilidade
Ó meu Deus, ó meu Deus, em Vós confio. Creio,
Jesus, creio. Valei-me com a Mãezinha. (Alexandrina Maria da Costa: S. 4 de
Junho de 1954)
QUE SAUDADES DO CÉU!
Não posso viver aqui, meu Jesus!
― Ó Jesus, eu confio
plenamente em Vós. Vós ides atender aos meus pedidos, ides, Senhor? E depois
ides logo levar-me para o Céu, sim, meu Jesus? Que desejos e saudades eu tenho
dele! Não posso viver aqui, meu Jesus! Este exílio é aterrador! (Alexandrina
Maria da Costa: S. 4 de Junho de 1942)
quinta-feira, junho 03, 2021
JESUS ABRIU O SEU CORAÇÃO
Vai dar ao mundo tudo o que de Nós recebes
— Diz ao teu médico que todo o céu se alegra
ao ver a sua atitude e defesa pela minha divina causa. Abro o meu divino
coração para derramar o meu divino amor e a abundância das minhas graças sobre
ele e todos os seus. Derramo-as sobre o seu coração de esposo, de pai e filho
também. São para ele e para os que lhe são caros. Recebem-nas por ti. Diz-lhe
que é unido a mim que operaremos milagres para conservar-te a vida até que se
dissipem as nuvens para aparecer o sol, e brilharem as minhas graças e
maravilhas. Vem, minha Mãe, confortar a nossa filhinha. Dá-lhe a tua graça,
pureza e amor.
Veio a Mãezinha, tomou-me em Seus braços,
estreitou-me com Jesus. Beijou-me, acariciou-me docemente.
— Minha filha – disse-me Ela – ama sempre o
teu Jesus. Sofre tudo com alegria para O consolares. Vê-Lo amado sou amada
também. Vê-Lo consolado é ser consolada eu também. O amor que dás a Jesus dás a
mim.
— Vai, minha filha – disse Jesus – vai dar ao
mundo tudo o que de Nós recebes. Dá primeiro aos que te são queridos como prova
do teu coração agradecido. Dá, pomba bela, são riquezas do céu.
Jesus e a Mãezinha deixaram-me com mais força para
sofrer. Confio que com Ele tudo vencerei, e que o mundo e o demónio nada
poderão contra mim. (Alexandrina Maria da Costa: S. 2 de Junho de 1945)
ÉS GRANDE POR SERES PEQUENINA
Esperai mais um pouco, se não ficais triste, meu Amor
— Não quero
fazê-lo, Jesus, sem me consultar. Esperai mais um pouco, se não ficais triste,
meu Amor. Escrevo-os desde já no meu coração para Vós lerdes, meu Jesus, até
que doutra forma o possa fazer. Concordais assim sem Vos desgostardes?
— A tua
humildade e obediência são para mim motivo da maior consolação e amor.
Alegro-me com isso, mas não te dispenso, quero que a faças, e por tua mão, e
relembres também aquelas que já te prometi levar para o céu sem Purgatório.
Coloca-a depois junto da imagem do meu divino coração para lá estar sempre até
que todas essas almas partam para a sua Pátria. Faço isto para provar-te o meu
amor, todo o amor e loucura por ti.
— Obrigada,
meu Jesus, no tempo e na eternidade.
— Diz, minha
filha, ao teu paizinho o que vou dizer-te.
— Como, meu
Jesus? Dizeis-me tanta coisa para ele, eu não posso falar-lhe, não me deixam.
Jesus sorriu com
o Seu doce sorriso.
— Sossega,
sossega, minha filha, lá chegará. Faço isto para lhe mandar sempre o meu amor
para ele dar às almas e para provar-lhe que ele está na verdade e que foi
vítima escolhida por mim para o unir a ti. Quero-o purificado. Quero dois
espelhos cristalinos para enfrentarem um com o outro. (Alexandrina
Maria da Costa: S. 2 de Junho de 1945)
QUANTA MAIS DOR MAIS UNIÃO COM JESUS
A minha alma sofria, agonizava
— Minha
filha, pomba, pomba, pomba branca, fiel e pura. Vem a mim, aproxima-te, não
temas, não tens por que temer, o teu temor não é teu. Oferece-mo, é reparação
que te peço. Escolhi-te para vítima, és a maior vítima da dor, do sacrifício e
do amor. Oferece-me o teu temor pelas almas que se aproximam de mim para me
receberem em estado miserável, horroroso, e nada temem. Recebem-me em suas
línguas malditas, línguas de fogo. Filha querida, esposa amada, deixa-me ter
contigo este desabafo. Oferece-me ainda o teu temor pelos sacerdotes. Olha o
meu divino coração por eles tão ferido. Tomam-me em suas mãos impuras,
recebem-me em seus corações podres e sem nada temerem. Cegaram-nos os vícios,
calejaram-nos as paixões. Não mostro logo o poder da minha justiça divina para
não os punir eternamente. Entro em todas essas almas para logo sair esforçado
por Satanás, que é rei e senhor dos seus corações. Antes queria ser dado aos
cães ou às feras, por quantas eu seria mais agradecido e louvado. Já vês, amada
minha, não é teu esse temor. Já vês, lírio dos prados, açucena pura, que não
são tuas as horrorosas misérias de que te vês sobrecarregada. És a nova
redentora, fui eu que te escolhi e eu redentor também por elas fui
sobrecarregado, por tudo respondi ao meu Eterno Pai. Agora tens de responder
tu, a ti te confiei a humanidade; espalha sobre ela o aroma angélico das tuas
virtudes. Tenho sede de amor, quero habitar em teu coração, aqui sou amado, não
sou ferido. Oh! como estou bem!
— Estais,
meu Jesus, à sombra do que é Vosso. Sois amado com o amor que Vos pertence. De
mim nada tenho, de tudo me sinto despida. (Alexandrina
Maria da Costa: S. 2 de Junho de 1945)
quarta-feira, junho 02, 2021
UMA DAS TRÊS FASES DA VIDA DA ALAXANDRINA
Dor amorosa
À Deolinda dizia por vezes a Serva de Deus: — Eu não sei recordar o que é viver sem
dor. — E a irmã explica o que ela queria dizer: — Há tantos anos que sofro, que
já não me posso lembrar de ter tido um dia sem sofrimento.
Recordando a data
de 20 de Novembro de 1933, dia em que, pela primeira vez, se celebrou a Santa Missa
no seu quartinho, a Alexandrina acrescenta: «Principiou Nosso Senhor a aumentar-me
os Seus miminhos, para também aumentar o peso da minha cruz»
(Autobiografia).
Numa carta
dirigida ao Padre Mariano Pinho (10-X-1935), a Deolinda escrevia : «Aprouve a Nosso Senhor dar a cruz completa à Alexandrina
porque, além dos sofrimentos físicos e do abandono
— Eu sei que
Nosso Senhor ainda queria que eu passasse por mais estas coisas.
E murmurava:
— Õ meu Jesus, eu
quero que o meu coração seja esmagado e angustiado, que vá à prensa das Vossas
divinas mãos até esgotar-Vos todo o amor, assim como o cachinho vai à prensa para ser espremido, e como a azeitona para dar todo o azeite».
A Alexandrina,
porém, voluntàriamente reconhecia as graças extraordinárias e as
inefáveis delícias com que — não obstante tudo o mais — tinha sido favorecida.
Com efeito, na sua Autobiografia, ela conta que, logo pela manhã, apresentava as
suas ofertas a Nosso Senhor, dizendo, entre outras coisas: «Jesus, imolai-me
convosco a cada momento no altar do sacrifício ; oferecei-me convosco ao
Eterno Pai pelas mesmas intenções por que Vós mesmo Vos ofereceis».
E acrescenta: «Nestas
ocasiões, em que fazia estes oferecimentos a Nosso Senhor, sentia-me subir sem
saber como e, ao mesmo tempo, um calor abrasador que parecia queimar-me».
É uma dor
autêntica a sua, mas uma dor amorosa, porque mitigada por consolações
sobre-humanas.(Pe. Humberto Pasquale: Eis a Alexandrina; cap. II)
NO MISTÉRIO DA REDENÇÃO
Jesus quer ter necessidade de cada um de nós
Jesus quer ter necessidade de cada um de nós no mistério da redenção e nos convida, para que juntos reparemos os crimes do mundo e obtenhamos a misericórdia divina. É pungente esta queixa de Jesus – que é ao mesmo tempo um convite à conversão:
— Minha filha, chora comigo nas mesmas
lágrimas. Sente igualmente a dor do meu Divino Coração. O mundo, o mundo, os
pecadores, são a causa de tudo isto. Não foste tu a beber o veneno. És a vítima daqueles que o bebem. Não foste tu
a prender o coração e a língua com cadeias, mas sim o demónio, para que não
mais possa ter remédio. (S. 18-06-1954)
Esperemos que as
nossas orações obtenham conversões duráveis e sinceras e que Jesus possa dizer
à cada um de nós, como o disse à Alexandrina:
— Como é bela esta cena! Jesus vai ao fundo
do mar buscar a vítima das almas. A vítima das almas penetra em todo este
abismo para as conduzir e introduzir no Coração do seu Esposo, Jesus. Calvário
ditoso, viveiro das almas! Se tu visses como elas vêm a Mim, canseirosas como
as formiguinhas para o celeiro! (S. 21-05-1954)
Porque, diz ainda
Jesus:
— Minha filha, quero todos os corações e
todas as almas, reunidas numa só mão, numa só massa, numa só vida, num só amor,
que é o amor de Jesus e tudo introduzir e fechar no Seu Divino Coração.
Esta ansiedade dava-me a morte, se Jesus não me
conservasse a vida – confessa
a Alexandrina. (S. 20-08-1954)
E, para que Jesus
possa também fazer a cado um de nós o que fez à querida Alexandrina, sejamos
diligentes nas “coisas” de Deus:
Jesus meteu dentro do meu peito o Seu divino
Coração. Era como um vaso dos mais ricos e belos que se podem imaginar. Todo
ele era ouro, todo ele eram chamas. (S. 27-08-1954)
Santo mês de
Junho para todas e todos, amigos e devotos da Alexandrina Maria da Costa que a
Santa Igreja beatificou em 25 de Abril de 2004. (AR. Junho com a beata Alexandrina:
Introdução)
MÊS DE JUNHO
Alexandrina e o Coração de Jesus
— Minha filha, ó minha filha, vem cá. Dá-me
as tuas mãos. Vem para a barquinha do Meu Coração Divino. Por Mim és salva como
foram os meus apóstolos. Este mar é o mar das paixões, esta fúria tempestuosa é
a fúria louca dos vícios. (S. 30-04-1954)
E ainda:
— Vem, minha filha, vem viver de Mim,
fortalecer-te de Mim. Este mar é o mar dos vícios, é o mar das paixões. Não te
manchaste nelas. Fui buscar-te ao fundo para te dar conforto e levantar-te de
tal desfalecimento. Tu vais a este mar de vícios sem conta e de toda a espécie
buscar as almas e trazê-las ao meu Divino Coração. (S. 21-05-1954)
Mas, a
Alexandrina tinha sempre presente a sua missão: salvar as almas e, a sua
resposta ao Senhor é clara e demonstra a sua coragem no desempenho da mesma
missão:
— Vós não Vos cansais, Jesus. Perdoai a
todos. Lembro-Vos as minhas intenções. (S. 26-03-1954)
Provavelmente,
por isso mesmo, para a “premiar” pela coragem que demonstra, Jesus também lhe
mostra o seu amor, o seu carinho, como aqui:
— Aceita, no dia do meu Divino Coração,
dou-te, renovo-te a oferta do meu Divino Coração. Tudo quanto ele tem é teu:
riquezas, amor, misericórdia e perdão. Por ti tudo será dado às almas. És o
segundo canal por onde passa para o mundo tudo o que é meu. (S. 25-06-1954)
Jesus ama a
Alexandrina – a maior alma vítima, como Ele mesmo o disse – e porque a ama
muito, exprime-se como o esposo do Cântico dos Cânticos:
— Minha filha, as minhas delícias eram estar
no teu coração, fazer-te gozar e viver na mesma alegria comigo. As almas, as
almas, o mundo assim o exigem. Oh! Se eu tivesse mais almas vítimas que se
dessem por Mim e por elas como a vítima deste calvário!...
Quero vítimas, quero vítimas! (S. 06-08-1954)
Durante este mês
de Junho, vamos portanto meditar sobre os textos – muito numerosos! – em que se
fala do Coração de Jesus.