quinta-feira, abril 29, 2021

ACEITO TUDO POR JESUS E PELAS ALMAS

 — Ó minha violeta escondida


Não é só a ignorância. As dores do corpo não me deixam falar das dores da alma. Que tormento, que tormento! Vou abafando e guardando para mim tudo aquilo que Jesus conhece e aceito tudo pelo Seu amor e pelas almas. Não tenho fé, não tenho vida de Deus. Se eu tivesse asas para voar ou ao menos para me sustentar… assim, como não tenho, vou caminhando sobre o ar, sem ter a que me agarrar. Lá vou de mundo em mundo, de abismo em abismo nestas trevas mais que pavorosas. Como a minha alma, aqui, exigia expandir-se e dizer muito! Minha alma, minha alma!... parece-me que não tenho alma, sem ter ninguém que me acuda! Vou sofrendo, sofrendo e repetindo o meu “creio”. Não há Horto, não há Calvário para mim. Meu Deus, como eu compartilhei de todos estes sofrimentos, e agora nada compartilho! A perda de Jesus, a perda da Mãezinha!... Meu Deus, eu creio!... e nos mundos, nos abismos das minhas trevas, hei-de chamar-Vos, hei-de bradar e bradar sempre. E assim o fiz, num abismo sem fundo. Chamei, chamei e repeti o meu “creio”. Lá veio Jesus. A Sua voz divina levantou-me do abismo.

— Vem, minha esposa amada. Vem, encanto do Paraíso. O Senhor baixou e penetrou em ti os Seus olhares. O Senhor baixou e escolheu-te, preparou-te para a mais sublime missão. Levanta-te, levanta-te desse teu abismo. Esta tua reparação é para arrancar do abismo do pecado, do abismo da perdição, tantas, tantas almas, o maior número de almas. Coragem, fá-las subir, deixarem a lama para, brancas, brancas como a neve, subirem pelos teus sofrimentos numa ascensão gloriosa para Mim.

— Ó Jesus, eu com certeza ofendo-Vos nesta vida sem fé, sem guia, sem amparo, sem luz. Como hei-de assim reparar? Como hei-de assim dar-Vos as almas?

— Coragem, minha filha, coragem! A tua fé é inabalável. Estás mais firme do que a rocha. É certo que Eu quero que sejas amparada por aqueles que eu coloquei no teu caminho. Eu quero, Eu quero e exijo que te seja dado aquele que Eu escolhi para amparar e guiar para Mim a tua alma. Fui Eu, fui Eu, foi a escolha minha. Ó minha filha, ó minha filha, como Eu sofro!... Oh! Com que dor Eu pedi e continuo a pedir. Principie, principie, principie a Igreja! Oh! O que se passa na Igreja! Avante, avante, Chefes da Igreja! Não descanseis na Vossa luta, na Vossa vigilância! O mundo, ai do mundo, se não arrepia caminho!...

Vi com os olhos da alma os maus-tratos dados a Jesus. Os Seus vestidos rasgados, o peito aberto, o Seu Coração Divino rasgado de cima a baixo, todo em sangue, todo em sangue, em atitude de quem contempla o mundo, derramava lágrimas sobre ele. Numa dor angustiosa quis curar-Lhe o Seu Divino Coração e enxugar-Lhe as Suas lágrimas. O meu pobre coração de gelo incendiou-se e foi com esse fogo que procurei curar tal ferida, enxugar lágrimas tão dolorosas. Ó Jesus, quisera dar-Vos tudo, toda a consolação, todas as almas e não tenho nada e nada posso. Jesus, mais sorridente, depois de receber o fogo do meu coração, continuou:

— Ó minha violeta escondida, o teu amor é puro, o teu amor é santo e santa é a tua reparação. É a afirmação do que não engana, é a afirmação do teu Esposo Jesus. Recebe a gota do meu Divino Sangue. Repara com ela tanta vida consumida pela dor. Coragem! Coragem! Tu és o cofre de Jesus, a depositária de todas as riquezas celestes. Enriquece as almas, enriquece as almas. Salva o mundo que é teu. Repete o teu “creio”. Confia! Confia!

Ficai comigo, Jesus, atendei os meus pedidos. Bem sabeis que em todos eles está a Vossa glória e a salvação das almas. Não tenho outro fim. Sou a Vossa vítima. (Sentimentos da alma: 29 de Abril de 1955 – Sexta-feira).

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