Uma grande multidão de anjos batia as suas asinhas brancas e entoava um cântico harmoniosíssimo, só cântico do céu. Pronunciavam estas palavras:
Era arrebatadora a harmonia dos anjos. Retiraram-se eles, e ficou Jesus a continuar o Seu terno colóquio.
— Corre em
tuas veias, minha filha, o sangue de Cristo: como não hás-de ser tu redentora!
Corre em tuas veias o sangue virginal de Cristo: como não hás-de ser tu virgem
pura, angelical e vítima sem igual! Corre em tuas veias o sangue do
Todo-Poderoso: como podes deixar tu de ser poderosa! És poderosa para tudo.
Perdes o teu sangue por meu amor, e eu por teu amor passo para ti o meu. Perdes
o teu sangue para dares vidas, e eu, para te dar a vida, te dou o meu. Pede-me
o que quiseres. Cada prece que elevares ao céu em favor dum pecador logo será
escrito no livro da ciência divina o nome de salvação. Quando estiveres no céu,
e o teu nome for invocado em favor deles, no mesmo momento em que prostrares
diante de mim a pedires para eles perdão, todos os eleitos ao mesmo tempo te
acompanham na mesma prece, e serás atendida. Coragem, esposa amada, está
próxima a vitória. A tua cruz, o teu martírio é de redenção. Triunfa a minha
divina causa, aproxima –se o céu para te conduzir a ele. Tu és, minha filha,
rosa que brota de espinhos, rosa de amor, nascida da dor. Nada temas, filhinha
amada. O terreno está preparado, pertence-me, foi cultivado por mim. É terreno
das almas, o seu produto é para as almas. São frutos de amor, são para o teu
Jesus e teu redentor.
— Obrigada,
meu Jesus, nada mais sei dizer-Vos. Sede sempre a minha força e deixai-me
entrar no Vosso divino Coração com todos os que me são queridos, para que os
recompenseis por mim, dando-lhes todas as Vossa graças e todo o Vosso amor.
Deixai-me entrar com todos os sacerdotes, para que aprendam do Vosso divino
Coração e se assemelhem a Vós. Deixai-me entrar com todos os pecadores, para
que se convertam e não Vos ofendam mais. Deixai-me entrar com todos os que me
têm ofendido, para lhes perdoardes e dardes por mim também o perdão. Deixai-me
entrar com o mundo inteiro, para que todo ele seja salvo, pois dentro em Vosso
divino Coração não corre mais perigo. Vou separar-me de Vós, meu Jesus. Quanto
me custa esta separação! E quanto me custa ter de escrever tudo isto!
— Vai, flor
pura, flor mimosa do jardim divino. Tem coragem! Vai dar ao mundo o perfume das
tuas virtudes, enquanto o céu não chega.
Fiquei com mais
vida, mas por tão pouco tempo! Depressa vieram as trevas esconder tudo.
— Meu Deus,
parece-me que nem os meus olhos vêem. Ó cruz do meu Jesus, abraço-te por amor
na terra, abraço-te para não mais te deixar no tempo e na eternidade. Aceitai,
Jesus, a minha tristeza e desconsolação por ter ditado tudo isto. (Sentimentos
da alma: 27 de Abril de 1945).
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