terça-feira, abril 27, 2021

O CORO ANGÉLICO

Uma grande multidão de anjos batia as suas asinhas brancas e entoava um cântico harmoniosíssimo, só cântico do céu. Pronunciavam estas palavras:


Nós Te adoramos, nós Te adoramos,
ó grande Deus e Senhor,
e entoamos hinos de glória,
agradecimento e amor.

Deus nosso e Criador,
nós Te adoramos
por tão grande prodígio
e prova de amor.

Era arrebatadora a harmonia dos anjos. Retiraram-se eles, e ficou Jesus a continuar o Seu terno colóquio.

— Corre em tuas veias, minha filha, o sangue de Cristo: como não hás-de ser tu redentora! Corre em tuas veias o sangue virginal de Cristo: como não hás-de ser tu virgem pura, angelical e vítima sem igual! Corre em tuas veias o sangue do Todo-Poderoso: como podes deixar tu de ser poderosa! És poderosa para tudo. Perdes o teu sangue por meu amor, e eu por teu amor passo para ti o meu. Perdes o teu sangue para dares vidas, e eu, para te dar a vida, te dou o meu. Pede-me o que quiseres. Cada prece que elevares ao céu em favor dum pecador logo será escrito no livro da ciência divina o nome de salvação. Quando estiveres no céu, e o teu nome for invocado em favor deles, no mesmo momento em que prostrares diante de mim a pedires para eles perdão, todos os eleitos ao mesmo tempo te acompanham na mesma prece, e serás atendida. Coragem, esposa amada, está próxima a vitória. A tua cruz, o teu martírio é de redenção. Triunfa a minha divina causa, aproxima –se o céu para te conduzir a ele. Tu és, minha filha, rosa que brota de espinhos, rosa de amor, nascida da dor. Nada temas, filhinha amada. O terreno está preparado, pertence-me, foi cultivado por mim. É terreno das almas, o seu produto é para as almas. São frutos de amor, são para o teu Jesus e teu redentor.

— Obrigada, meu Jesus, nada mais sei dizer-Vos. Sede sempre a minha força e deixai-me entrar no Vosso divino Coração com todos os que me são queridos, para que os recompenseis por mim, dando-lhes todas as Vossa graças e todo o Vosso amor. Deixai-me entrar com todos os sacerdotes, para que aprendam do Vosso divino Coração e se assemelhem a Vós. Deixai-me entrar com todos os pecadores, para que se convertam e não Vos ofendam mais. Deixai-me entrar com todos os que me têm ofendido, para lhes perdoardes e dardes por mim também o perdão. Deixai-me entrar com o mundo inteiro, para que todo ele seja salvo, pois dentro em Vosso divino Coração não corre mais perigo. Vou separar-me de Vós, meu Jesus. Quanto me custa esta separação! E quanto me custa ter de escrever tudo isto!

— Vai, flor pura, flor mimosa do jardim divino. Tem coragem! Vai dar ao mundo o perfume das tuas virtudes, enquanto o céu não chega.

Fiquei com mais vida, mas por tão pouco tempo! Depressa vieram as trevas esconder tudo.

— Meu Deus, parece-me que nem os meus olhos vêem. Ó cruz do meu Jesus, abraço-te por amor na terra, abraço-te para não mais te deixar no tempo e na eternidade. Aceitai, Jesus, a minha tristeza e desconsolação por ter ditado tudo isto. (Sentimentos da alma: 27 de Abril de 1945).

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