Parece-me que nunca amei Jesus
Continuo no meu Calvário, na minha vida sem mérito. Nada há em mim que tenha o mínimo merecimento. Eu quero, sim, eu quero sofrer, mas não tenho coragem para levar a cruz. Todas as coisas me deixem tímida e apavorada. A vontade está acima de tudo. Quero amar, louca e apaixonadamente, a Jesus e não O ofender; quero abraçar-me à cruz, para não mais a deixar, por Seu amor e para bem das almas. Tudo me parece perdido, mas não me importo, abandonei-me a Jesus e à Mãezinha. Vou para onde me levarem os Seus Divinos Corações. Estou segura; vivo confiada de que sou bem conduzida e de que não Vos hei-de ofender, apesar de me parecer que não faço outra coisa senão pecar. Digo que confio e sinto que nem tão pouco sei que seja a confiança. Parece-me que nunca amei Jesus, nem compreendo o que seja o Amor. A minha ignorância não me permite exprimir os sentimentos tão dolorosos e profundos da minha alma. Penoso martírio, pavoroso Calvário ! Gasto todos os momentos da minha vida, pensando no mal, nas variadíssimas formas de como hei-de pecar, calcando sempre a meus pés os direitos e a Lei santa do Senhor. E sempre a vomitá-Lo para fora do meu coração! Perdi a Jesus e sinto tê-Lo perdido para sempre.
Numa hora de mais tremenda reparação, em que me pareceu ofender a Jesus mais horrivelmente, eu ia mesmo, mesmo a cair no inferno. Cheguei a gritar. Fui salva não sei por quem. Uns braços se lançaram aos meus e arrancaram-me daquele tremendo abismo de demónios, feras e fogo. Parte do meu corpo já estava nele. Quando me parecia pecar tão sacrilegamente, via que todo o meu ser era inferno, e que não podia dar nem um único passo à frente, porque logo ficava sepultada em horrorosos tormentos e fogo. Foi quando escorreguei e fui salva só pelos braços e não sei por quem. Fiquei fora, mas tanto à beirinha que ao mais pequenino movimento voltava a cair. Sem pensar nisso, sem nenhum temor, continuei na mesma vida leviana e criminosa. Se por um lado sentia uma dor infinita, por outro revoltava-me contra essa dor e tentava aumentá-la ainda mais, com os meus loucos desvarios. Jesus fora do meu coração, perseguido por mim, que Lhe renovava toda a Paixão e Morte, chorava, e fitando-me com os Seus olhares terníssimos, mas o mais doloroso que se possa imaginar, bradou-me :
― Ainda não estás satisfeita ? Não acabas de Me ofender ? Pensa quanto te amei, quanto sofri por ti e para a missão que te escolhi.
Alexandrina Maria da Costa: Sentimentos da Alma, 4 de Abril de 1952.
4 comentários:
* * *
Caríssimo Afonso Rocha
Olá, amigo, como estás?
Desculpa já há muito tempo não comunicar directamente contigo, mas não é por mal, acredita.
Antes, por bastante respeito, afecto e reconhecimento, ainda que não pareça.
Com efeito, associo-te sempre às minhas pobres orações, assim como vários outros amigos.
A derradeira vez, salvo erro, foi pelo último Natal, em que desejei Boas Festas a ti e à tua Família.
No entanto e entretanto, tenho acompanhado de perto a tua excelente e exemplar actividade na Internet, nomeadamente em prol da nossa querida Alexandrina de Balasar, que é, como quem diz, a favor de todos nós, pecadores e a humanidade em geral, dos bens sumamente espirituais (e jamais materiais ou mundanos), tal como ela mesma (Alexandrina) fazia, à custa de indizíveis sofrimentos e humilhações, desgostos e provações, adversidades e tentações, por vezes os mais diabólicos que se possam imaginar, como estes que agora, oportuna e relevantemente, relatas, pelos lábios dela própria...
Ao ponto de eu, igualmente, não hesitar em publicar o mesmo texto no blogue Nova Evangelização Católica.
E ainda há quem não acredite (!?) na real existência do Inferno, das penas eternas, dos demónios ou espíritos malignos, assim como nas tentações diabólicas, nas terríveis forças do mal, do Maligno, de todo o mal espiritual, imensamente pior do que o físico ou corporal!...
Aliás, o Demónio, sozinho, pouco faz, pouco consegue fazer, na medida em que Deus não lho permite, para além de certos limites; mas com a colaboração dos humanos, dos homens pecadores e ímpios, consegue coisas terríveis, horrendas, monstruosas, tais como o próprio Inferno!...
Ai de quem se alia ao Maligno, ainda que indirectamente, ou sob a capa da falsa virtude, da falsa piedade, da falsa caridade, da falsa humildade!
Melhor lhe seria não ter nascido, dado que a hipocrisia é tão nociva e execrável como o grande escândalo!
E tudo começa pela soberba, pela tibieza, pelo egoísmo, pela impureza, pela pouca ou falsa fé, como sabemos...
E sabermos - porque eles próprios assumem ou dão a entender claramente! - que já há tantos clérigos e religiosos católicos que também (já) não acreditam no Inferno e no Diabo!?
Pode haver, porventura, pior escândalo, pior sacrilégio, pior heresia, pior prejuízo para a Igreja de Cristo, para todos os Católicos em geral?!
Não acredito, na medida em que, embora esta talvez não seja, em si mesma, a mais grave e pior das heresias, é no entanto das mais frequentes e ruinosas!...
Não é por acaso que se diz, isto é, que vários Santos disseram e testemunharam - sobretudo os grandes Místicos, como a Beata Alexandrina - que a maior tentação de Satanás, assim como de todas as forças malignas, é a de fazer crer que ele/s mesmo/s não existe/m, assim como o próprio Inferno!...
(Conclui a seguir)
J. M.
--
* * *
Caríssimo Afonso Rocha
(Conclusão)
Se isso, por hipótese absurda, fosse verdade, para que serviriam, afinal, as dezenas de revelações e ensinamentos do Senhor Jesus, a própria Palavra de Deus, nos Santos Evangelhos, sobre a real existência dos mesmos - Demónios e Inferno eterno?!
Isto, para já não falar de dezenas ou centenas de revelações particulares, como, por exemplo, as Mensagens de Fátima e de Lourdes, para além das de tantos Santos, todos elas reconhecidas oficialmente pela Santa Igreja...
Então, o próprio Filho de Deus estaria a mentir, ou a exagerar, pelo menos... Ele mesmo que disse e proclamou: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida... Ninguém chega ao Pai, a não ser por Mim»?!
E ainda, ou melhor, e já há tantos sacerdotes e pseudo-teólogos - mais filósofos do que teólogos, autênticos novos-hereges, e em maior quantidade do que nunca, inclusive a nível de vários bispos! - que dizem, insinuam, alegam ou afirmam, arrogante e insensatamente (diabolicamente!), expressa ou tacitamente, que as Sagradas Escrituras em geral e os Santos Evangelhos em particular se encontram, a grosso modo, 'mal traduzidos' e/ou foram/são 'mal interpretados' pelos inúmeros exegetas e hermeneutas, inclusivamente pelos maiores santos e expoentes na matéria, como S. Tomás de Aquino, Santo Agostinho e - até mesmo! - o próprio S. Paulo Apóstolo... !?
E, talvez pior ainda, dizem/declaram, arrogante e estultamente, que a maioria das passagens (se não mesmo todas!) da Sagrada Escritura, incluindo os Santos Evangelhos, não são propriamente para serem traduzidas nem interpretadas à letra, nem sequer quando há, efectivamente, um estrito e rigoroso sentido pelo qual assim mesmo foram escritas, mas apenas, ou em geral, segundo a livre consciência de cada um, de cada cristão (considerando a consciência individual superior à verdadeira Fé ou a qualquer dogma católico!), ainda que o Magistério da Igreja defina e ensine de modo diferente, segundo a Sagrada Tradição... !?
Enfim, os próprios protestantes (salvo raras e honrosas excepções), assim como algumas seitas pseudo-cristãs bastante conhecidas, não diriam ou pensariam pior, de modo mais sacrílego e aberrante!...
VALHA-NOS DEUS!!!
Rezemos e sacrifiquemo-nos, pois, por tais ímpios e hereges empedernidos, assim como por nós mesmos, que ninguém, sem a Graça de Deus, está livre de chegar a tais extremos diabólicos.
Cordiais saudações fraternais, afectuosas e reconhecidas, amigo Afonso Rocha, para ti e tua família, em Jesus e Maria, em S. José e na B. Alexandrina, sempre.
José Mariano
---
* * *
Desculpa, amigo Afonso Rocha, mas estranho um tanto não teres, já há bastante tempo, comunicado comigo...
Há, porventura, algum problema, ou boato?
Disse ou fiz alguma coisa que não devia?
Se achares que deves responder e se preferires fazê-lo para a minha principal caixa de correio (hotmail), fica à vontade.
Rezo por ti e peço-te que rezes alguma coisa por mim, junto de Jesus, Maria e Alexandrina.
Atenciosa, dedicada e reconhecidamente,
J. Mariano
--
Amigo José Mariano
O meu maior defeito é o descuido: confesso sinceramente.
Por outro lado, devo dizer-te que tenho tido muito trabalho com os sites de que me ocupo, porque estes estão a “tomar asas” e os voos deles começam a causar-me problemas de tempo, mas nem por isso me vou queixar: eles têm muitos visitantes, tanto melhor!... Necessário me é de “fazer das tripas coração”, como se diz na minha terra... e continuar, custe o que custe, visto tratar-se da glória de Deus e do bem das almas...
Para o próximo mês de Dezembro vou para de trabalhar e por isso mesmo terei mais tempo, se tal for a vontade de Deus, nosso Pai e Criador.
Penso que já compreendeste onde quero chegar, e para responder à sua “escaldante” mensagem, devo dizer-te com a maior sinceridade:
Não tenho nada contra ti, amigo José, pois se algo tivesse o diria, mas não é o caso.
Por outro lado, devo dizer-te também que dificilmente me “deixo emprenhar pelos ouvidos” (desculpa a frase um pouco vulgar), e por isso mesmo existem poucas possibilidades para que te deixe de falar ou de te escrever simplesmente porque este ou aquele me disse isto ou aquilo... eu não vou em “boatos”. As tuas posições sobre tal ou tal caso ou problema teológico, fazem parte do teu “jardim secreto” e, esse jardim merece o respeito de cada um de nós que lemos o que tu escreves e dizes aquilo que pensas... é um direito fundamental contra o qual nada nem ninguém pode argumentar, porque esse “jardim” faz parte integrante da tua liberdade própria... Sobre isto: ponto final.
Espero que para o próximo mês de Julho nos possamos encontrar em Portugal: Balasar, por exemplo...
Agora, fiquemos em paz; rezemos uns pelos outros e peçamos a Deus que nos abençoe e à Beata Alexandrina que nos acompanhe em todas as nossas lides, sobretudo aquelas que fazemos para a maior glória de Deus e o bem das almas.
Sem pretensões, e a respeito das tuas dúvidas, vou ver se me lembro ainda do meu curso de latim aquando da minha estadia no Seminário de Angra do Heroísmo: “Ad majore natus sum!”.
Afonso Rocha
Enviar um comentário