VIA SACRA
com a beata Alexandrina
Quanto custou a Jesus a sua vida na terra !
Não foi o Horto com o Calvário
sofrimento de algumas horas:
Toda a vida de Jesus foi Horto e Calvário.
Não foi o Horto com o Calvário
sofrimento de algumas horas:
Toda a vida de Jesus foi Horto e Calvário.
Ele crescia em idade e sabedoria,
E nele e com ele crescia a cruz.
E nele e com ele crescia a cruz.
Não se separou dela um só instante:
Nela crescia, nela sofria,
Mas sempre com sorriso e bondade.
Nela crescia, nela sofria,
Mas sempre com sorriso e bondade.
PRIMEIRA ESTAÇÃO
Jesus é
condenado à morte na cruz
«Pilatos
entregou-Lho para ser crucificado, e eles tomaram conta de Jesus.» (Jo 19, 16)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
«Vi os tribunais e a multidão ingrata que ia pedir a
condenação de Jesus.» (S. 24-10-1952)
«Fui interrogada por senhores absolutos, cheios de
soberba, convencidos de que tudo podiam fazer. Em frente de tanta grandeza, oh!
como eu era pequenina!... E por eles fui condenada.» (S. 02-03-1945)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
SEGUNDA ESTAÇÃO
Jesus
recebe a Cruz
«E
Ele, levando a cruz às costas, saiu para o chamado lugar da Caveira, que em
hebraico se diz Gólgota.» (Jo
19, 17)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Tomei a cruz;
inclinada debaixo do seu peso, já quase só de rastos podia mover-me. E quantas
vezes fui eu arrastada. Ai quantas lágrimas senti passarem-me no meu coração. (S.
02-03-1945)
É por entre esta
escuridão medonha, aterradora, que eu caminho, de cruz sobre os ombros, mãos
atadas e o corpo todo chagado. Ouço o sangue que rega a terra, saído das minhas
veias. Ouço o estalar dos ossos ao ser arrastada pelas cordas. Dores sufocantes
tiram-me a vida. Não há quem se compadeça do meu penar. (S. 11-05-1945)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
TERCEIRA ESTAÇÃO
Jesus cai
pela primeira vez
Procurei,
mas não havia ninguém para me auxiliar.
Fiquei espantado por não haver ninguém para me ajudar. (Is. 63, 5)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Recebi a cruz.
Esmagada, curvada com o seu peso, caí debaixo dela no mesmo lugar. (S.
05-10-1945)
Foi tal o peso
que me fez sentir que me infundia no solo. (S. 08-03-1946)
Caminhei
sobrecarregada com o seu peso esmagador. E como caminhei eu? Como se fosse um
vermezinho da terra escondido sob ela. (S. 25-05-1945)
Não foi a cruz
que levei em meus ombros, foi o mundo inteiro: senti-o bem. (S. 06-05-1949)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
QUARTA ESTAÇÃO
Jesus
encontra sua Mãe
Jesus
vê a sua Mãe ali presente. (Jo,
19, 26)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
A algazarra era
medonha! Senti que alguém, com amor louco, com amor de mãe, andava de rua em
rua, cega de dor, à minha procura, a ver onde podia encontrar-me. (S.
16-03-1945)
A alma viu a
Mãezinha, quase de rosto coberto, a caminhar, lacrimosa, muito apressada à
procura de Jesus. (S. 03-05-1946)
Sentia que a
Mãezinha andava louca à minha procura, ou melhor, à procura do Seu Jesus.
Rompia por entre as multidões a ver onde O poderia encontrar. O Seu santíssimo
Coração estalava, desfazia-se em dor e fazia estalar e desfazer O de Jesus. (S.
06-04-1945)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
QUINTA ESTAÇÃO
O
cireneu ajuda Jesus
Quando
O iam conduzindo, lançaram mão de um certo Simão de Cirene e carregaram-no com
a cruz. (Lc 23, 26)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Perto da montanha
me foi tirada a cruz, mas eu sentia-me como se sempre levasse o seu peso. (S.
27-06-1947)
Não por dó mas
por receio[1], queriam
alguém que a levasse. Houve quem caminhasse com ela, não por amor mas por ser
mandado; mas mesmo assim quanto amor senti o meu coração dispensar-lhe. (S.
30-03-1945)
Ia quase sem vida
e como se levasse a cruz. O sangue que vertia tornava-se em prisões que me
uniam a ela. (S. 25-10-1946)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
SEXTA ESTAÇÃO
A
Verónica limpa o rosto de Jesus
Em
verdade vos digo, sempre que fizeste isso a um destes mais pequeninos, a Mim
mesmo o fizestes. (Mt 25, 40)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Todo o meu corpo
vai chagado. Os meus olhos escorrem sangue, os meus ouvidos também, a minha
cabeça são só espinhos, em sangue banhados. A cada arranco pelas cordas,
arrancos furiosos, os meus ossos parecem desligarem-se. (S. 03-08-1945)
Vem ao meu
encontro a mulher, a mulher querida, compadecida da minha dor. Com que ternura
e amor limpa do meu rosto o suor, o sangue e o pó. Os laços da mais estreita
amizade prendem os nossos corações. É indizível o que queria dizer dela, os
louvores que queria dar-lhe. Oh! como queria que ela fosse falada por este acto
tão heróico. (S. 19-01-1945)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
SÉTIMA ESTAÇÃO
Jesus cai
pela segunda vez
Ele
entregou a sua vida à morte e foi contado entre os pecadores. (Is 53, 12)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Caí com a cruz:
ela pesava sobre mim. Um braço dela caiu-me sobre o peito e feriu-me o coração.
Por uns momentos fiquei desfalecida, como se não tivesse vida. Os algozes
fitam-me curiosos, pensando eu ter morrido. Um novo furor me arrastou
fortemente…(S. 24-05-1946)
Quantas vezes, no
trajecto que percorri, caí desfalecida, e parecia mesmo, mesmo perder a vida.
Perder a vida para dar vidas dava-me forças, voltava a caminhar. (S.
28-01-1945)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
OITAVA ESTAÇÃO
Jesus
consola as mulheres de Jerusalém
Filhas
de Jerusalém, não choreis por Mim, mas chorai por vós mesmas e pelos vossos
filhos. (Lc 23, 28)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Seguiam-me
algumas mulheres: choravam amargamente, à vista de tantos sofrimentos.
Caminhava e fitava-as com olhar de compaixão. O coração murmurava-lhes: “Não choreis por mim, mas por vós. Chorai as
vossas culpas: são a causa das minhas dores”. (S. 13-12-1946)
Não sei pelo quê
a alma chora sempre, mas, ao ver as lágrimas de Jesus, chorou mais ainda. (S.
18-07-1947)
Choraram os olhos
do corpo, choraram os olhos da alma. Ai, se o mundo soubesse e visse o estado
de Jesus e sentisse o que Ele sofreu, certamente não podia pecar tanto. (S.
23-03-1951)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
NONA ESTAÇÃO
Jesus cai
pela terceira vez
Reduziste-me
ao pó da terra, estou cercado por matilhas de cães. (Sl 22, 16-17)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Sobrecarregada,
caminhava curvada, com o ombro em ferida, a qual se avivava com o peso da cruz…
(S. 09-08-1946)
Quero abraçar a
minha cruz, a cruz que Ele me dá, e não posso; este meu abraço é cair com ela,
desfalecida, sem jamais poder levantar-me. (S. 16-05-1947)
Desfalecida,
oprimida por tão grande peso, segui com Ele o caminho do calvário. Caiu, e eu
caí também. Senti e ouvi os estalos das pancadas que despedaçavam o Seu
santíssimo corpo. (S. 16-05-1947)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
DÉCIMA ESTAÇÃO
Jesus é
despojado de suas vestes
Repartiram
entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada
um. (Mc 15, 24)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Eu, envergonhada,
estava na cruz, despida, à vista da canalha mais vil. Os meus vestidos foram
cortados e distribuídos. A minha tristeza e amargura não cessaram. A alma
tremia com dor e com medo como o corpo treme de frio. (S. 02-02-1945
No alto da
montanha, ao pé da cruz, fui despida. Sentia todo o corpo chagado e a essa
chagas colados os vestidos; saíram com eles pedaços de carne. (S. 25-07-1947)
Eu de braços
abertos entrego-me à cruz, deixo-me crucificar. (S. 05-01-1945)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
DÉCIMA-PRIMEIRA ESTAÇÃO
Jesus é
pregado na cruz
Foi
crucificado com os malfeitores, um à sua direita e outro à sua esquerda. (Lc 23,33)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Que horror, que
horror, que grande maldade. Sem poder estender meus braços, é em espírito que
os estendo sobre a minha cruz. E de braços abertos, com os olhos em Vós que,
alegre, recebo tudo o que me dais. É em espírito, Jesus, que uno os meus braços
para estreitar e prender para sempre tudo o que me fere, tudo o que é cruz.
Amo, amo, Jesus, tudo o que vem das Vossas divinas Mãos. (S. 15-09-1944)
Sentindo-me eu
bem vivamente cravada na cruz, vi Jesus junto de mim a dizer-me:
“Minha filha,
deixa cravar-te novamente, deixa-me bater-te os cravos, porque os pecadores
assim tentam fazer-me continuamente”. (S. 09-02-1951)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
DÉCIMA-SEGUNDA ESTAÇÃO
Jesus
morre na Cruz
Quando
Jesus tomou o vinagre, exclamou : «Tudo está consumado.» Depois, inclinou
a cabeça e entregou o espírito. (Jo 19, 30)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Fiquei na cruz de
pés e mãos cravadas e a cabeça bem penetrada de agudos espinhos inclinada bem
firme sobre a cruz. (S. 26-10-1944)
Sentia-me na
Cruz; a alma cravada com o corpo, ambos na mesma dor e agonia. A alma levantava
os olhos ao Céu, nada via a não ser dor e morte. (S. 11-12-1944)
No calvário, na
cruz, sentia o meu sangue sair de mim a jorros. Calma e serena, com o espírito
só em Deus, esperava o momento da maior felicidade, o momento da salvação. (S.
28-01-1945)
Estou num brado
contínuo:
– Pai, meu
Pai, também tu me abandonaste! Sou a tua vítima, dou-me a ti pelas almas. (S.
05-01-1945)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
DÉCIMA-TERCEIRA ESTAÇÃO
Jesus é
descido da Cruz
E
José de Arimateia tomou o corpo e envolveu-o num lençol limpo. (Mt 27,59)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
De repente, a
minha alma viu Jesus a ser descido da cruz, cruz que estava dentro de mim. A
santíssima cabeça pendurada, um braço já estendido e a Mãezinha já sentada ao
pé da cruz, de braços abertos para O receber. Mas ai, quanto isto me custou!
Estremeci, parecia-me sentir o corpo de Jesus sem vida, frio e gelado. (S.
21-12-1945)
Senti como se Ele
estivesse morto em mim e eu, com Ele, nos braços da Mãezinha: éramos um só
corpo, um só cadáver. (S. 22-09-1950)
Pai
Nosso, Ave Maria, Glória.
DÉCIMA-QUARTA ESTAÇÃO
Jesus é
sepultado
José
depositou-o num sepulcro talhado na rocha, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. (Lc 23,53)
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Morri, morri para
o mundo e para as criaturas. Tudo baixou ao túmulo para ficar para sempre
sepultado. (S. 13-05-1944)
Lançou-se sobre
mim o peso brutal da humanidade; o seu peso esmagou-me, abriu-me o peito,
tirou-me a vida superior, sublime, muito sublime, deu-lhe entrada no coração e
abrasou toda a humanidade em amor; triunfou da morte e abraçou toda a
ingratidão humana. (S. 31-01-1947)
E, por entre
aquelas nuvens negras da morte, rompeu Jesus, sobressaiu, foi brilhar mais
além. Venceu tudo e de tudo triunfou. (S. 09-11-1945)
Pai Nosso, Ave Maria,
Glória.
EPÍLOGO
Nós Vos adoramos e Vos bendizemos Jesus;
Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o Mundo.
Depois dum bom
intervalo do silêncio da morte, ouvi Jesus a falar-me com toda a ternura e
amor. (S. 22-03-1952)
– “Faz,
minha filha, esposa minha, que Eu seja o Rei, que Eu seja o amor de todos os
que se abeiram de ti. Estás neste calvário, coloquei-te neste calvário para
bem, para seres útil a toda a humanidade. Minha filha, minha filha, faz
conhecer às almas quanto Eu as amo. Tu és o porta-voz de Jesus.” (S.
01-05-1953)
Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
[1] Receio que morresse antes de chegar ao Calvário.
Sem comentários:
Enviar um comentário