No livro “Alexandrina”, do Padre Humberto Pasquale, segundo Director espiritual da Beata, podemos ler este belo testemunho do Monsenhor Mendes do Carmo:
Só conheci a Doentinha de Balasar, nos últimos três meses da sua vida, a 26 de Julho de 1955. Cheguei na tarde desse dia, acompanhado de pessoas amigas e dedicadas. Entrámos no quarto da doente a cumprimentá-la, por brevíssimos minutos apenas, pois outras visitas esperavam também.
Saio para a sala de visitas e digo para a família da doente e companheiros de viagem:
“Desejo muito estar ainda com a doentinha só, e por dois ou três minutos.”
Saem as últimas visitas, entro eu e pergunto-lhe:
— Minha filha, sofre muito?
E ela responde:
— Ai tanto, Sr. Doutor!
— E quer dizer-me qual a sua maior cruz?
— Estou no fim da minha vida, em agonias de morte, e não tenho o meu director, que tanto amparou a minha alma.
Eu perguntei-lhe:
— Ja leu a vida de Santa Margarida Maria?
— Não, não li.
— Então ouça o que lhe vou dizer: Quando ela teve as aparições do Sagrado Coração de Jesus e sofria terrível martírio, Jesus mandou-lhe como director o Padre La Colombière, hoje também nos altares. O santo director, depois de ter examinado bem tudo o que se passava, garantiu-lhe que era obra divina. Ela ficou tranquila e a superiora e irmãs aceitaram a decisão. Pouco depois, por ordem dos superiores, o santo director deixou Paray, deixou a França e foi para a Inglaterra, trabalhar na conversão dos protestantes. Margarida não chorou, não pediu que o conservassem, não mostrou desgosto, só uma ligeiríssima pena lhe passou pelo coração. Quando Jesus lhe apareceu a primeira vez, depois da partida, disse-lhe: ― Como? Não te basto Eu, que sou o teu princípio e o teu fim? ― E Margarida teve imensa pena daquela pequenina pena.
Despedi-me com estas palavras:
― Minha filha, paz e confiança. Adeus. Ore por mim que a lembrarei na Santa Missa.
Agradeceu, e partiu.
Quando depois me perguntavam que impressão tivera da Doentinha de Balasar, respondia:
— A de um anjo crucificado.
A 18 de Agosto voltei novamente a Balasar. Encontrei a doentinha ainda mais doente. Hopedei-me em sua casa durante 24 horas. Foram breves, mas muito apreciadas as conversas que o estado gravíssimo da doente permitiu. Despedi-me, dizendo-lhe que desejava voltar quando ela tivesse um pouco mais de forças.
Desígnios misteriosos da Providência: Volto a 11 de Outubro e tenho a surpresa e a graça de assitir à sua agonia, à sua morte e ao seu enterro.
Deilhe a última bênção, recebi o seu último suspiro e o seu último beijo deu-o ao meu Crucifixo.
Mons. Mendes do Carmo, in “Alexandrina” do Padre Humberto Pasquale
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