quarta-feira, novembro 09, 2011

COMO É BELA A PRECE DOS HUMILDES !

Mandai-me o que Vos aprouver.

— Quero almas, fala ao mundo, diz-lhe que Eu o chamo, que Eu o quero; pede-lhe que se converta.
― Ó meu Jesus, eu não sei falar, nada sei dizer, falai Vós por mim; incendiai nas almas o fogo que Vos consome, aceitai a minha dor, aceitai o fruto do meu martírio que é Vosso e não meu, meu Jesus; distribuí como Vos aprouver. Eu quero dar-Vos tudo, mas não posso ouvir-Vos a pedir-me, a falar-me como um mendigo. Mandai-me o que Vos aprouver, já sabeis que tudo aceito e tudo Vos dou, sem ser preciso pedir nada, nada, meu Jesus. Não sois Vós o meu Criador, o meu Rei, o meu tudo? O que Vos dou eu, a não ser o que é Vosso? Não tendes Vós licença de pegar e distribuir? Sou a Vossa vítima, imolai-me, imolai-me, Jesus.
― Como é bela a prece dos humildes! Como atrai a si as graças e a loucura do amor de Jesus. Como é consolador para mim a oração daquela, que, sendo grande com a Minha grandeza, se humilha e faz pequenina! Que graças, que graças, atrais para o mundo, ó Minha filha, ó bela com as belezas divinas!
Com o meu coração a arder, fiquei a gozar de Jesus; gozava-O no silêncio; nem eu nem Ele falava. De repente introduziu o tubo de oiro no meu coração e no centro poisou o dele.
― Vai já correr em todas as tuas veias a nova gota do sangue do teu Esposo Jesus; é o sangue divino que te dá a vida, é a vida que te faz viver e fazer viver as almas.
Senti a gota do sangue de Jesus a correr em todas as veias, quero dizer em todo o meu corpo; senti a força daquela vida. Jesus acariciou-me, uniu aos meus os Seus divinos lábios, cheios de doçura, e disse-me:
― É ósculo de amor, não de traição como foi para Mim o de Judas. Leva a vida, este amor que agora em ti fundi e vai infundi-lo nas almas. Atrai a Mim com este amor as que ferem e atraiçoam o Meu divino Coração. Vai para a cruz, leva a cruz, fica nas trevas, dá luz. Coragem, Minha filha, coragem na dor, Espalha, espalha no mundo o perfume, o aroma delicioso, fruto do teu martírio; cultiva as flores de tão formoso jardim. Eu delicio-Me entre elas a contemplá-las. Coragem, coragem!
― Obrigada, obrigada, meu Jesus; eu vou mas vou confundida. O que sou eu e quem sois Vós? Ó amor, ó grandeza, vinde comigo.
As graças de que Jesus falou, esqueci-me de dizer que as vi cair de todas as chagas e feridas de Jesus, enquanto que O vi no Calvário. Que chuva lindíssima caía do alto da cruz! E eu sentia-me a voltar-lhe as costas e a desprezá-lo.
Jesus me aceita o grande sacrifício, que fiz em ditar tudo isto. Não foi só o horror que me causa o ter de ditar, foi também a grande falta de forças, o grande sofrimento de todo o meu corpo. Tenho a certeza de que Jesus me auxiliou; sem Ele não poderia dizer palavra. Bendito seja o Seu divino amor, e bendita seja toda a cruz, que Ele me dá!


(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 17 de Outubro de 1947 - Sexta-feira)

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