Ó alegria, santa alegria, alegria do Céu
Jesus e a querida Mãezinha me ajudem a ditar o que vai na alma, se é que com isso Os posso alegrar e consolar, fazendo a Sua divina vontade. Sinto-me sem forças e sem vida para nada. Só do Céu posso receber a força que necessito, para cumprir o meu dever de obediência. Vontade do meu Deus, santa obediência! Oh! se não fosse isso, este dever que me obriga a não ter querer nem vontade, punha uma pedra, encima do meu passado, e um travão firme para nada mais poder dizer da minha vida; abafava tudo, tudo fazia morrer. Se vejo a minha vida só com os olhos no mundo, é a vida mais triste que imaginar se pode. E para maior tristeza e tormento é ver que o faço tristíssima para alguém que mais de perto me rodeia. Para me levantar desta dor aniquiladora, fito os meus olhos em Jesus crucificado e na Mãezinha das Dores, recordo por um pouco o que por mim sofreram, e, depois, tirando da cruz os olhares, fito-os no Céu, na Pátria que me espera, na Pátria que Jesus criou para mim, onde eu posso louvar e amar eternamente, sem ao menos poder recordar o que é a dor, e então aí a minha vida é alegre e alegre a posso fazer para todos que me rodeiam. É a vontade do Senhor, sou a Sua vítima, são as almas a salvar.
Ó alegria, santa alegria, alegria do Céu. Vontade do meu Senhor, tesouro do paraíso, não te deixarei jamais. Eu não sei falar da minha dor; as trevas que tanto amo e tanto me fazem sofrer não me deixam dizer as razões e consequências da dor. Sofro, sei que sofro, mas sinto que a dor me foge, que a dor morre, que não sou eu que sofro.
As trevas são para mim o que as nuvens são para o sol. As trevas nada me deixam ver nem compreender. As nuvens não deixam ver o sol nem aparecer. Eu quero sofrer sem alívio, não quero ter uma palavra de desabafo com pessoa alguma, quero desabafar só com Jesus e com a querida Mãezinha. Isto no que diz respeito à minha vida; quero sofrer em silêncio, sempre em silêncio, apesar de ter grande horror ao sofrimento. Quero-o, mas tremo de alma e corpo como ramo verde a baloiçar com os ventos. Não sei como enfrentá-lo; não sei como resistir a tudo que me espera; não sei o que é, mas sinto-me apavorada.
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 7 de Novembro de 1947 - Sexta-feira)
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