sexta-feira, novembro 25, 2011

COMO É DOLOROSO O MEU SOFRER

O meu corpo continua a ser o depositário do vestido espinhoso de Jesus

Não só sinto que se apagou para mim a luz do dia, mas também a da eternidade; toda a luz se apagou para mim para sempre. Estou como se perdesse tudo, a felicidade e a luz e o gozo do Paraíso. Ai, como é doloroso o meu sofrer. Quantas vezes invoco os nomes de Jesus, da Mãezinha e dos Santos, na esperança de encontrar alívio e conforto e nada consigo; tudo morre sem em mim ter vida. Não acabem os meus lábios de se moverem a pronunciar qualquer acto de louvor ou amor a Jesus sem que tudo morra e desapareça para sempre.
Ó meu Deus, que pobrezinha eu sou! Ó Jesus que cegueira a minha! Que horror, que horror! Só vejo maldades, só vejo misérias em mim e à volta de mim. Que lama tão nojenta! Que mundo sem habitantes! Tudo é podridão vergonhosa e nojenta podridão. Estou agarrada e presa a ela; quero levantar-me, caminhar, e não posso, não tenho quem me deite a mão. Fugiu-me tudo, fugiram-me todos, não tenho ninguém por mim, nem um só amigo me ficou. Só eu existo no mundo, só eu sou crimes, só eu sou veneno. Tenho medo de mim; tenho medo de estar sozinha. Jesus, valei-me; a eternidade aproxima-se. Que tremenda escuridão, e eu de mãos vazias. Que me aproveitou a mim vir ao mundo? Como me utilizei eu da vida, que me foi dada? Ó Jesus, ó Jesus, sou a Vossa vítima; amparai-me com a Vossa divina mão; não resisto sem o Vosso amparo, sem a Vossa graça.
O meu corpo continua a ser o depositário do vestido espinhoso de Jesus; sinto-o todo numa ferida e em sangue. Sinto também que continuo a ser o veneno das almas, o veneno de toda a humanidade, veneno que tenta, contra o Céu, a envenenar se possível fosse o próprio Deus. Que peçonha tão perigosa e que ódio contra Jesus!

(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 28 de Novembro de 1947 - Sexta-feira)

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