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segunda-feira, junho 21, 2021

SINTO QUE ESTOU MORTA

Preocupa-me tanto a salvação do mundo!


Sinto que estou morta com o peso do mundo; reduziu-me ao nada, e é este nada que continuamente se mergulha em trevas. Quantas mais me cobrem, mais me infundo nelas, mais trevas vejo. Quando deixarei de as ver? Quando deixarão elas de me aterrorizarem? E eu tão só, mesmo sem ninguém! Oh terrível desprezo e abandono! Não vejo, não sinto o conforto da terra nem o do céu.

— Ó meu Deus, como hei-de estar aqui assim? Preocupa-me tanto a salvação do mundo!

Não posso sentir Jesus tão ferido. Não tenho corpo nem coração para Ele se consolar em mim. Foi o mundo das maldades que me destruiu. Quero amar o meu Jesus e não tenho coração para O amar, desapareceu de mim, não sei a quem pertence. Confio, confio que será a Jesus. Queria sangue para dar por Seu divino amor, gota a gota, e não o tenho; sinto que as veias do meu corpo desapareceram. Não tenho nada, nada posso fazer por Jesus e pelas almas. Só o demónio não cessa. Que grande tormento! Vieram uns poucos para a minha frente em forma de cães. Que cenas tão feias e maliciosas! Eram cenas e palavras só do inferno. Pedi logo a Jesus para não O ofender; ofereci-me como vítima, enquanto o maldito me deixava falar. Ao terminar da luta, fiquei insatisfeita, parecia-me que queria ter pecado, e gravemente. Mas não era assim, o que eu queria era não ter desgostado Jesus, não O ter ferido. Eu não sabia como se podiam ter dado tais cenas. Sentia em meu coração uma dor profunda. Eu não podia tomar a minha posição. Sofria tudo, o mal-estar do corpo e as aflições da alma. Jesus velou por mim, defendeu-me. Ouvi-O dizer:

— Ordeno-te, minha filha, que tomes a tua posição. É o Esposo que manda, e a esposa obedece. É o Rei que quer, e a rainha sujeita-se, aceita. Filhinha, coragem! É a reparação mais fina e delicada que te peço. É a flor mais pura. (Alexandrina Maria da Costa: S. 21-06-1945)

segunda-feira, junho 07, 2021

É COMO ARAGEM QUE CORRE

Sinto um mundo de amor


— Onde poderei encontrar bálsamo para as minhas dores? Ó meu Deus, na terra parece-me que já não posso encontrá-lo. Tudo é para mim causa de maior sofrimento.

Só em Jesus, só de Jesus poderei receber algum alívio. E esse bem depressa passa, é como aragem que corre, deixando só no próprio momento o seu frescume suavizador. Na minha comunhão de ontem e de hoje senti-me mais unida com o meu Jesus. Ele passava do Seu Divino Coração para o meu cadeias puras, cadeias finas, cadeias de amor. Desde então tenho no meu coração novo coração, e neste coração está alguém a atirar estas cadeias, a formar laçadas ao mundo das almas. Faz-me lembrar o marinheiro dentro da sua barquinha a atirar as redes ao mar para apanhar a pesca. Eu sinto dentro de mim o marinheiro das almas a fazer o mesmo canseirosamente. Sinto um mundo de amor sobre o meu coração. Este amor, este mundo, é o mundo do Coração de Jesus. É um mundo e é para o mundo. Que ânsias tão grandes a querer possuí-lo! Que ternuras, doçuras e amor! Outro coração de lágrimas se colocou dentro do meu. Estas lágrimas são choradas sobre a humanidade inteira, cobrem-na. São lágrimas de agonia por este coração cheio de riquezas desprezado. Está este coração de chaga profunda tão aberta para receber a todos. Faz lembrar a avezinha de asas abertas para cobrir seus filhinhos. Sinto as veias do meu corpo todas unidas, todas abertas a darem ao mesmo tempo as últimas gotas de sangue. Como elas são espremidas! As gotas escasseiam, elas já não têm mais que dar. E no meio disto sempre as ânsias de possuir universos de sangue para todo derramar pelas almas. Tanto queria amar a Jesus e sofrer todas as dores para O consolar. (Alexandrina Maria da Costa: Sentimentos da alma de 7 de Junho de 1945).

domingo, junho 06, 2021

O MUNDO QUE EU SOU

Este mundo não quer Jesus


Por vezes, a minha alma vê Jesus, feito enfermeiro, a querer entrar a este mundo, que sou eu mesma. Rodeia, rodeia uma e outra vez este monstro mundial, para curar-lhe as chagas de entro e de fora. Jesus anda cheio de amor e doçura, mas não tem estrada. Esta rocha dura não quer ouvir o Seu convite de ternura, não quer deixar-se curar. Que pena eu tenho não consentir que Jesus seja o meu enfermeiro! Ele quer acariciar-me, e eu não deixo, revolto-me contra Ele, obrigo-O a afastar-se de mim. Apesar de ser eu que O não quero, nem quero a Suas bondades, ternuras e carinhos, a alma chora por não O querer, por não lhe dar entrada, por não O amar. Que pena eu tenho de Jesus! Sofro ao mesmo tempo com Ele. Sou o mundo e sou Jesus; peco e quero pecar; amo e quero amar; e este amor é louco, não tem limites, ama e não olha a quem; o que quer é ser aceite. Se este amor fosse eu, e minhas não fossem as maldades! Mas ai pobre de mim! O amor é de Jesus, as maldades são minhas. Abracei-me à minha cegueira com tal afecto, com tal amor, que não mais a largarei; ela só me causa sofrimento, só me mostra que sou lodo e lama, mas eu quero e neste estreito abraço mais me vou mergulhando nela. O que é bom, o que é de Jesus, não aparece nas minhas medonhas trevas. Mas o que posso eu esperar, o que posso eu ver, se nada há em mim de bom, nada tenho de encantador que a mim pertença. Sou miséria, só miséria; ó Jesus, compadecei-Vos de mim! Tenho recebido, nestes dias algumas, algumas graças, alguns mimos do Céu, que eu não mereço. Agradeço-as a Jesus e à querida Mãezinha, mas este meu agradecimento não chega. (Alexandrina Maria da Costa: S. 6 de Junho de 1947).

sexta-feira, junho 04, 2021

SOL BRILHANTE, SOL ESPLENDOROSO

Será aquele que se vai reflectir no mundo


― Sol brilhante, sol esplendoroso será aquele que se vai reflectir no mundo. Os homens não querem deixar reflectir seu brilho. Ai deles, pobres daqueles que se opõem à frente dos caminhos do Senhor! Jesus todo se consola e alegra nas almas suas amadas. Jesus todo se delicia no arminho das almas puras. Os raios do amor divino formam sobre elas uma auréola brilhante e encantadora que atrai a si o mundo e os corações. Os que se dizem amigos de Jesus não conhecem as almas suas esposas. Jesus está descontentíssimo com a maior parte dos seus discípulos: não têm luz, não a procuram, não sabem, não procuram saber. Lançam-se como Satanás a deitarem por terra as obras do Senhor. Desviam de si as bênçãos divinas e toda a protecção da Virgem Maria. A Mãezinha celeste está preparada para vir buscar a sua filhinha para junto de si. O prémio é brilhantíssimo. A dor do Paizinho da louquinha de Jesus tem dado toda a glória e triunfo ao Céu. Pobres daqueles que assim o têm feito sofrer. Jesus nada deixa sem recompensa. Jesus dá toda a graça e amor ao médico da alma e ao médico do corpo da louquinha da Eucaristia. Jesus será todo e tudo para eles. (Alexandrina Maria da Costa: S. 4 de Julho de 1942)

quinta-feira, junho 03, 2021

JESUS ABRIU O SEU CORAÇÃO

Vai dar ao mundo tudo o que de Nós recebes


— Diz ao teu médico que todo o céu se alegra ao ver a sua atitude e defesa pela minha divina causa. Abro o meu divino coração para derramar o meu divino amor e a abundância das minhas graças sobre ele e todos os seus. Derramo-as sobre o seu coração de esposo, de pai e filho também. São para ele e para os que lhe são caros. Recebem-nas por ti. Diz-lhe que é unido a mim que operaremos milagres para conservar-te a vida até que se dissipem as nuvens para aparecer o sol, e brilharem as minhas graças e maravilhas. Vem, minha Mãe, confortar a nossa filhinha. Dá-lhe a tua graça, pureza e amor.

Veio a Mãezinha, tomou-me em Seus braços, estreitou-me com Jesus. Beijou-me, acariciou-me docemente.

— Minha filha – disse-me Ela – ama sempre o teu Jesus. Sofre tudo com alegria para O consolares. Vê-Lo amado sou amada também. Vê-Lo consolado é ser consolada eu também. O amor que dás a Jesus dás a mim.

— Vai, minha filha – disse Jesus – vai dar ao mundo tudo o que de Nós recebes. Dá primeiro aos que te são queridos como prova do teu coração agradecido. Dá, pomba bela, são riquezas do céu.

Jesus e a Mãezinha deixaram-me com mais força para sofrer. Confio que com Ele tudo vencerei, e que o mundo e o demónio nada poderão contra mim. (Alexandrina Maria da Costa: S. 2 de Junho de 1945)

segunda-feira, maio 31, 2021

O MUNDO NÃO ESCUTA A VOZ DE JESUS

Estou cansada, quero unir o mundo a este fogo


Possuo em mim o que não é meu; sinto, conheço que é do céu. Estou cansada, quero unir o mundo a este fogo, a esta vida do céu, e não posso. Sinto as cadeias do amor de Jesus a prendê-lo e sinto as do demónio a arrastá-lo para a perdição eterna. O mundo não escuta a voz de Jesus, não repara nos Seus olhares, não aceita as Suas ternuras e meiguices, não se deixa prender por Ele. Que martírio que tanto esgota o meu coração! Não sei o que pressinto, não sei o que me espera. Vêm com severidade junto da minha alma, dão-me fortes abalos, fazem-me estremecer o meu corpo. Mas permaneço firme, nada há que me deite a terra. Nada há que me arranque da minha cruz e dos braços de Jesus. Se uma vez ou outra me parece perder-me, Ele vem auxiliar-me. Veio hoje, era já noite, dissipou por um pouco as minas trevas, desviou para longe as minhas dores. (Alexandrina Maria da Costa: S. 31 de Maio de 1945).

O INCÊNDIO DAS PAIXÕES

Os meus lábios chamam essas almas


terça-feira, maio 25, 2021

TENHO O CORAÇÃO CANSADO

Está cansado de amor


— Tem coragem, minha filha, confia em mim que não te engano. Habito contente em teu coração, em teu coração que é como que uma caldeira de azeite na qual são fritos os mártires. A caldeira do teu coração é caldeira de amor, é caldeira que purifica e faz de muitos corações mártires de amor, de amor de que o meu Divino Coração tem sede. Ditosa és, pomba querida, ditosa e poderosa serás sempre. Em tuas veias corre o sangue do teu esposo Jesus e o sangue virginal da tua e minha Bendita Mãe. Tudo recebeste dela, quando uniu os seus santíssimos lábios aos teus. Arde, filhinha, no meu divino amor, purifica, virgem fiel, purifica o mundo. Quero amor, quero graça, quero pureza. É por ti, mensageira de Jesus, que todas as almas receberão riqueza e tesouros divinos.

— Tenho o coração cansado, Jesus.

— Cansado de amor, filhinha.

— Cansado de possuir o Vosso amor, da grandeza dele, mas não de Vos amar, porque não Vos amo nada. Bem sabeis que de mim só tenho miséria. É ela que vejo em mim.

— Amas, amas, minha filha, amas o meu divino coração a mais não poderes amar. Estás cansada de amor, e o amor também consome. Assim tem de ser para a alta missão que te destinei. Alta, alta, sublime, a maior das missões.

— Obrigada, obrigada, meu Jesus. Dai a todos os corações, dai a todas as almas este Vosso amor. (Alexandrina Maria da Costa: 25 de Maio de 1945).

sábado, maio 22, 2021

SINTO QUE PERDI JESUS

Quanto mais corro ao Seu encontro…


Tenho fome, tenho sede de possuir Jesus; não cessa, é devoradora. Quanto mais corro ao Seu encontro, mais sinto Ele fugir. Perdi-O, perdi-O, não O encontro no meio de tantas trevas. Infundo-me nelas cada vez mais, de olhos vendados e louca por tão grande dor ato na cabeça as minhas mãos. Não digo bem: sinto que o faço e que estou perdida no mar tempestuoso e encapelado, na noite mais negra e aterradora, mergulhada em mundos de escuridão. Sinto e ouço o zunir dos ventos, as ondas levantam-se à maior altura e baixam de novo serenamente. E eu sozinha, tão sozinha, sem ninguém! Ao sentir tempestade tão desastrosa, fito-a, escuto-a, mas com serenidade. Se morrer nela, morro por Jesus, morro pelas almas. Confio, espero, o meu corpo pode sofrer tudo, pode desaparecer destruído com o furor da tempestade, mas a alma tem o seu fim, há-de ir ao encontro de Jesus, Ele há-de recebê-la, há-de ampará-la e levá-la para Ele.

— Ó mundo, que tão ingrato tens sido para mim! E eu amo-te tanto; amo-te não pelos teus falsos encantos, mas sim porque és de Jesus. A minha dor por vezes é quase desesperadora. Oh! se não fosse Jesus e a Mãezinha! A Eles devo a minha resistência a tudo. (Alexandrina Maria da Costa: S. 22 de Maio de 1945)

sexta-feira, maio 21, 2021

A INGRATIDÃO DOS HOMENS

Ó Jesus, eu não me importo da ingratidão dos homens


— Minha filha, se o mundo te conhecesse!... Se os corações te amassem, eram mais gratos para contigo. Amavam-Me e eram mais gratos para com Jesus. Amavam-te, porque sofres por eles, amavam-te, porque te escolhi para continuares a obra da salvação.

— Ó Jesus, ó Jesus, eu não me importo da ingratidão dos homens para comigo. Eu não me importo, não, que eles sejam gratos para mim. O que eu quero, Jesus, é que Vós sejais amado e que todos sejam gratos ao Vosso Divino Coração, ao Vosso Divino Amor. O que eu queria era ser desconhecida aos olhos do mundo, viver escondida, sofrer escondida só por Vosso amor e por amor às almas. São os meus desejos, são os meus desejos. (Alexandrina Maria da Costa: S. 02-01-1953).

segunda-feira, maio 17, 2021

O QUE SÃO ESTES ABALOS QUE SINTO?

Os abalos das nações ao terminar a sua guerra


Nesta manhã, na visita de Jesus ao meu coração, como me sentia mais intimamente unida a Ele, atrevi-me a dizer-Lhe:

— Dizei-me, meu Jesus, se não Vos desgosto, o que significam os abalos e sobressaltos que me tendes feito sentir.

— Não, minha filha, não me desgostas, pergunta-me o que quiseres. Os abalos significam os abalos das nações ao terminar a sua guerra de ambições a expirarem no seu mau proceder. És vítima delas e serás até ao fim. Por ti e minha Bendita Mãe elas receberam a paz. Que abalos sentiram os seus governantes! Preferiram a morte à humilhação. Os sobressaltos dizem-te respeito e à minha divina causa. Faço-te sentir o que sentem os inimigos e amigos dela. Os inimigos sentem em si revolta, remorsos, não querem ceder, não sabem o que fazer. Os amigos sofrem por te verem sofrer sem te poderem valer. Mas ditosos deles que os associei à tua dor, associei-os ao teu martírio, porque os amo. Serão exaltados e glorificados comigo. Os inimigos serão esmagados pelo peso da humilhação, como Satanás o foi pelo poder da minha Bendita Mãe. Coragem, coragem, coragem! Do cimo do calvário, do alto da cruz, passas ao céu. Anima-te, a glória é minha, o proveito é das almas.

— Assim seja, meu Jesus. Aqui me tendes pronta para sofrer, pronta para dar a vida. Em tudo vejo o Vosso divino amor e a salvação das almas. (Alexandrina Maria da Costa: 17-05-1945)

terça-feira, abril 24, 2012

AI O MUNDO! AI O MUNDO!


Sou mãe que chora tanto…

Sinto em mim um fogo ardente, queima-me em todos os sentidos; todo o meu corpo está numa fornalha viva. Tenho sede, tenho sede de Jesus. Tenho fome, muita fome das almas. Queria engolir o mundo. Sinto-me cada vez mais mãe dele. Que loucura a minha por aquilo que é engano, lodo e imundície. Sou mãe, mas oh! que louca mãe! Sou mãe que chora a perda de seus filhos, sou mãe que os não pode ver em tanta desordem, em tanta malícia e crimes.
— Ai, meu Jesus, o que hei-de eu fazer, o que posso eu fazer?
Sou mãe que chora tanto, mas lágrimas de sangue que banham toda a humanidade. Não posso resistir a tanta dor, não posso sossegar, quero salvar o mundo, quero sofrer tudo, quero dar por ele a vida. Numa hora em que as ânsias eram insuportáveis, levantei com custo os meus olhos para Jesus e disse-lhe:
— Jesus, Jesus, ai o mundo, ai o mundo, quero salvá-lo. Deixai-me entrar no Vosso Divino Coração com todos os que me são queridos; deixai-me entrar com todos os que me pertencem e às minhas orações se recomendam; deixai-me entrar com todos os sacerdotes e pecadores endurecidos; deixai-me entrar com todos aqueles que me têm ofendido; deixai-me entrar com a humanidade inteira; que ninguém fique fora do Vosso Coração Divino para dele passarmos à nossa Pátria, ao céu que para todos criastes. Quero amar-Vos e louvar-Vos com todos eternamente.
Continuam os meus medos para com as pessoas a quem mais estimo e para com Jesus e a Mãezinha querida. Que horror! Não só tenho medo de Jesus, medo que muitas vezes não me deixa levantar para Ele os meus olhos, mas mais ainda: fujo d’Ele, não quero ouvi-l’O, e até me parece que não queria que Ele existisse. Os crimes, o lodo de que estou coberta não podem ser vistos pelos Seus olhos divinos.

Sentimentos da alma, 8 de Março de 1945

terça-feira, abril 10, 2012

OH! MUNDO, O QUE HEI-DE FAZER DE TI?

Dai-lhes o céu, o céu, meu Jesus!

A minha dor! Nem eu sei dizer. Que noite tão tenebrosa e triste. Que horrores dentro em mim. Sinto que não posso resistir a tanto. Ó dor, ó dor, horrível tormento. Não posso demorar aqui mais tempo. Assim o disse ontem a Jesus:
— Não posso, não posso, meu Amor, demorar-me aqui.
Quero deixar o mundo e quero levá-lo comigo; não o quero e amo-o; não lhe pertenço e ele é meu; aborreço tudo o que é do mundo e quero prendê-lo, abraçá-lo a ponto de não mais o deixar.
— Ó mundo, o que hei-de fazer por ti. Quero voar para o céu, quero partir para fora deste desterro, quero ir para a minha Pátria e quero levar-te comigo; quero entrar no céu, mas com toda a humanidade.
— Ai, meu Jesus, o que hei-de eu fazer? Ó meu Jesus, deixai-me ir ao limbo, não Vos esqueçais que são Vossas as almas que lá estão. Quero ser vítima, levai-me ao sacrifício por elas. Dai-lhes o céu, o céu, meu Jesus, dai-lho pela Vossa morte, pelas dores da Mãezinha querida. Eu não queria ter um minuto de sossego para o meu corpo, enquanto o mundo existisse, queria que a minha vida fosse percorrê-lo todo dum lado ao outro, sem parar um momento, sempre de rasto, sempre a pisar espinhos, num banho de sangue, numa só chaga, para libertar da escuridão as almas queridas, filhas do Vosso sangue, meu Jesus. Não sei que mais sofrimentos possa desejar para o meu corpo. Ouvi o meu brado, meu Deus e Senhor. Eu aceito tudo o que seja dor, eu aceito tudo o que seja o martírio, mas quero o mundo salvo e na Vossa glória as almas do limbo. É pelo amor com que Vos quero amar, é com a ânsia de Vos dar a maior das consolações que eu quero salvar e levar ao céu todas as filhinhas do Vosso Divino Coração. Amo-as, porque em todas Vos vejo a Vós; amo-as, porque primeiro de tudo e acima de tudo sois o preferido, ó meu Amor. Sim, parece-me estar louca por Vos amar. Não sinto o amor que Vos tenho, mas sinto a loucura por Vós. Sim, meu Jesus, fazei-me perder e desaparecer para sempre no Vosso amor infinito.
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 8 de Fevereiro de 1945)

quarta-feira, dezembro 28, 2011

NASCER AGORA PARA A GRAÇA

Queria que comigo nascesse o mundo inteiro


– Jesus, quais são os miminhos que de Vós vou receber neste novo ano? Estou cheia de medo, ou mais ainda, cheia de pavor. Venha o que vier, pelo muito que eu seja ferida, humilhada e abatida, com a Vossa graça divina a tudo direi: “Seja bem-vindo, faça-se a vontade de Jesus; sou vítima do meu amor, vítima das almas”. Confesso, meu Jesus, que o meu maior receio é a minha fraqueza, temo ofender-Vos. Confio em Vós; seja firme o meu amor e subirei alegre o meu calvário. Reparai e vede, Jesus, as ânsias que tenho; se não fôsseis Vós, tiravam-me a vida. Queria nascer agora, mas já Vos conhecer para nunca manchar o meu corpo. Queria que comigo nascesse o mundo inteiro e que todo ele já Vos conhecesse também para não se deixar manchar. Queria um coração novo, mas que sempre Vos tivesse amado para nunca deixar de Vos amar. O mesmo querer tenho para todas as criaturas, para assim Vos amarem com o mesmo amor que para mim desejo. Onde hei-de esconder-me e comigo esconder o mundo? Onde hei-de purificar-me e purificar o mundo a não ser em Vós? Escondei-me, purificai-me. Fazei-me nascer agora para a graça e para o amor e comigo nascer o mundo, mas de tal forma como se eu nem ele Vos tivesse ofendido. Não sei onde estou; não vivo neste exílio nem vivo no Céu. Parece-me viver entre ele e a terra. Fui para esta morada, comigo levei o mundo, morada sem luz, sem vida e sem nada. A minha alma rasga-se de dor, é indizível o que sinto em mim. Meu Deus, que derrota! Não tenho luz, e roubaram-me os guias de tão tremendos caminhos. Morro na escuridão, Jesus, morro desfalecida. Vinde, vinde com a Mãezinha, dai-me força, dai-me vida.

(Sentimentos da alma, 4 de Janeiro de 1945)

sexta-feira, setembro 16, 2011

QUE MEDO TENHO DO MUNDO

Ao segundo combate interveio Jesus

As minhas trevas aumentaram tanto, tanto, que sinto, como se me tirassem a luz da eternidade. Se lembro o purgatório, medito no Céu, tudo são trevas, tudo é cegueira. Ó meu Deus, até mesmo a luz do paraíso se apagou. O mesmo se dá com as ânsias de amar a Jesus. São tão fortes! Aumentam tanto! Assim como aumenta o sentimento de O não amar, de não conhecer o Seu divino amor e de O não fazer amado. Derreto-me em desejos, em ardentes ânsias de O conhecer, de O amar, de O possuir, e nada consigo. Ó Jesus, como tudo isto fere profundamente o meu coração e dilacera todo o corpo até o destruírem, como se fossem dentes de ferro! Tudo por Vosso amor, meu Jesus, e pelas almas. Aceitai como se, a cada momento, me oferecesse a Vós como vítima. Tanto queria ter que Vos dar, meu Jesus, e amar-Vos até à loucura! Mas, ai! Pobre de mim, que nada tenho, e tudo o que é Vosso se me apaga. Quanto eu sofro, quanto eu sofro! Por Jesus querer que eu me corrija dos meus defeitos e me torne digna Dele, eu não sou capaz de me emendar, de uma vez para sempre, e nunca, por mim me poderei tornar digna de Jesus. O que hei-de eu fazer, Senhor? O que posso eu esperar, a não ser confiar em Vós, que podeis fazer de mim um instrumento, digno de Vós manejardes. Quero esconder-me, quero fugir para onde nunca mais possa ser vista. Não quero saber do mundo nem de nada, que nele existe. Se houvesse um lugar, onde pudesse esconder-me, para só sobre mim os olhares de Jesus, para só Nele pensar, Dele falar e para Ele viver! Que medo tenho do mundo e das criaturas! A minha alma sente que de alguma coisa, a meu respeito, se vai tratar, que muito se tem falado e se vai falar. Ela está com isso apavorada. Que ao menos Jesus se sirva de tudo isto, para reparar tantas ofensas, feitas ao Seu Divino Coração e ao Coração Imaculado da querida Mãezinha. São tantos os espinhos que me ferem! Jesus de tudo se serve para me martirizar. Bendito Ele seja.
O demónio tem trabalhado com todo o interesse para levar-me ao mal. Como ele trabalha para a perdição das almas! Com as suas maldosas lições estava sempre a temer os seus assaltos. Passaram-se uns dias e noites só com as ameaças. Veio na madrugada, veio com todo o furor e maldade diabólica. Todo o meu corpo parecia ser demónio. Por serem graves as coisas, que ele me apresentou, entendo não devê-las explicar aqui. Ele vinha com lanças nas mãos; entendi que era para cravar no Coração Divino de Jesus. Ao segundo combate, interveio Jesus, obrigou-o a retirar-se, disse-lhe: afasta-te, maldito, já tenho da Minha vítima a reparação, que desejava. Estava cansada, em suores; o coração batia aflitivo. Por vezes tinha repetido a oferta de vítima, chamando por Jesus e pela Mãezinha, não com o fim de me virem falar, mas sim para me acudirem, para eu não pecar. Ai, como são dolorosos estes combates! O demónio fugiu; a dor ficou com o grande receio de ter pecado.
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 20 de Junho de 1947 - Sexta-feira)