Sou mãe que chora tanto…
Sinto em mim um fogo ardente, queima-me em
todos os sentidos; todo o meu corpo está numa fornalha viva. Tenho sede, tenho sede
de Jesus. Tenho fome, muita fome das almas. Queria engolir o mundo. Sinto-me
cada vez mais mãe dele. Que loucura a minha por aquilo que é engano, lodo e
imundície. Sou mãe, mas oh! que louca mãe! Sou mãe que chora a perda de seus
filhos, sou mãe que os não pode ver em tanta desordem, em tanta malícia e
crimes.
— Ai, meu Jesus, o que hei-de eu fazer, o
que posso eu fazer?
Sou mãe que chora tanto, mas lágrimas de
sangue que banham toda a humanidade. Não posso resistir a tanta dor, não posso
sossegar, quero salvar o mundo, quero sofrer tudo, quero dar por ele a vida.
Numa hora em que as ânsias eram insuportáveis, levantei com custo os meus olhos
para Jesus e disse-lhe:
— Jesus, Jesus, ai o mundo, ai o mundo,
quero salvá-lo. Deixai-me entrar no Vosso Divino Coração com todos os que me
são queridos; deixai-me entrar com todos os que me pertencem e às minhas
orações se recomendam; deixai-me entrar com todos os sacerdotes e pecadores
endurecidos; deixai-me entrar com todos aqueles que me têm ofendido; deixai-me
entrar com a humanidade inteira; que ninguém fique fora do Vosso Coração Divino
para dele passarmos à nossa Pátria, ao céu que para todos criastes. Quero
amar-Vos e louvar-Vos com todos eternamente.
Continuam os meus medos para com as pessoas a
quem mais estimo e para com Jesus e a Mãezinha querida. Que horror! Não só
tenho medo de Jesus, medo que muitas vezes não me deixa levantar para Ele os
meus olhos, mas mais ainda: fujo d’Ele, não quero ouvi-l’O, e até me parece que
não queria que Ele existisse. Os crimes, o lodo de que estou coberta não podem
ser vistos pelos Seus olhos divinos.
Sentimentos da alma, 8
de Março de 1945
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