quinta-feira, maio 10, 2007

O MAIOR DE TODOS OS MÍSTICOS

É JESUS!...
Entre as coisas que me surpreendem cada vez mais, há o despeito que muitos padres, religiosos, etc. ... da nossa Igreja, manifestam para com os místicos desde há mais de quarenta anos. Ora, quanto mais se avança no conhecimento dos místicos e daquilo a que chamamos as suas experiências ou as suas revelações, mais nos apercebemos que realmente, as graças, frequentemente excepcionais que receberam, nada mais fazem que retomar as imagens que Jesus utilizou quando vivia sobre a terra no meio dos seus discípulos e seus apóstolos. Com efeito, se tomarmos o tempo de reler as palavras de Jesus, somos obrigados de constatar que, para melhor fazer-se compreender pelas pessoas simples e pouco cultas, ou pelos doutores e escribas pouco abertos aos seus ensinos, Ele era obrigado a utilizar comparações, porque as palavras humanas são incapazes de exprimir a divindade.
Ora uma das missões importantes de Jesus, era revelar o Pai e o Espírito. Além disso, como Jesus “não tinha vindo para abolir a Lei, mas para realizá-la”, como teria Ele podido explicar o inexplicável senão utilizando imagens ou parábolas?
Abordaremos hoje apenas o Evangelho de São Mateus, deixando ao leitor o cuidado de ler os outros escritos do Novo Testamento.
Primeiro algumas imagens e comparações
No início do seu Evangelho, Mateus assinala as palavras do Baptista, e seguidamente o Baptismo de Jesus. Que diz?
“Vendo, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu baptismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para vir?... O machado já está posto à raiz das árvores, e toda a árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo...
Então, veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. João opunha-se, dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?» Jesus, porém, respondeu-lhe: «Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça.» João, então, concordou.
Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele.”
(Mat. 3, 7-16) assim, João Baptista utiliza, muito naturalmente comparações. Com efeito, quando o Pai apresentou Jesus, enviou o seu Espírito sob a forma de uma pomba.
Logo que Jesus começa a pregar, Ele utiliza comparações e parábolas. Assim, os que o seguem são o sal da terra, e a luz do mundo… E ainda: A lâmpada do corpo, é o olho…
Mais tarde, vendo aquela multidão de homens, “Jesus, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe.»… (Mat. 9, 36 à 38) Assim como Jonas esteve no ventre do monstro marinho, três dias e três noites, assim o Filho do Homem estará no seio da terra, três dias e três noites.” (Mat. 12, 40)
Ainda em São Mateus pode-se citar a vinha e os vinhateiros, os trabalhadores da última hora (Mat. 20, 1 à 16), ou a figueira seca (Mat. 21, 18-19), ou os vinhateiros que matam os filhos do seu mestre. (Mat. 21, 33 à 40) e ainda: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. 14Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!” (Mat. 7, 13-14)
E eis algumas parábolas:
“Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam!” (Mat. 6, 26-28)
“Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.” (Mat. 7, 24-27)
Há também a parábola do semeador (Mat. 13, 3 a 9) que todos conhecem e que Jesus pacientemente explica aos doze, da mesma maneira que o fará mais tarde aos seus místicos. Podem citar-se ainda as parábolas do bom grão e do joio (Mat. 13, 24-30), do grão de mostarda, do fermento na massa, do tesouro escondido, da rede que se deita ao mar... (Mat. 13, 31-46)
Mais tarde, tendo chamado a multidão, Jesus diz-lhes: “ Não é aquilo que entra pela boca que torna o homem impuro; o que sai da boca é que torna o homem impuro.» Os discípulos aproximaram-se dele e disseram-lhe: «Sabes que os fariseus ficaram escandalizados, por te ouvirem falar assim?» Ele respondeu: «Toda a planta que não tenha sido plantada por meu Pai celeste será arrancada. Deixai-os: são cegos a conduzir outros cegos! Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão nalguma cova.» Tomando a palavra, Pedro disse-lhe: «Explica-nos esta parábola.» Jesus respondeu-lhes: «Também vós não sois ainda capazes de compreender? Não sabeis que tudo aquilo que entra pela boca passa para o ventre e é expelido em lugar próprio? Mas o que sai da boca provém do coração; e é isso que torna o homem impuro. Do coração procedem as más intenções, os assassínios, os adultérios, as prostituições, os roubos, os falsos testemunhos e as blasfémias. É isto que torna o homem impuro. Mas comer com as mãos por lavar não torna o homem impuro.»” (Mat. 15, 11-20)
Poder-se-ia também recordar a parábola da ovelha perdida (Mat. 18, 11-14), aquela sobre o perdão (Mat. 18, 23-35), ou ainda virgens previdentes e as virgens loucas, os dois filhos a quem o pai pede um serviço na sua vinha, (Mat. 21, 28-31) e a descrição do julgamento final, (Mat. 25, 1-30) ou quando Jesus prediz o fim de Jerusalém e o fim do mundo. (Mat. 24, 1-44)
Ao longo de toda a sua predicação Jesus adapta-se aos seus ouvintes e utiliza a linguagem que eles podem compreender: utiliza uma comparação ou uma parábola, e imediatamente explica. É exactamente que faz também com santos místicos que, de resto, não hesitam em fazer perguntas quando não compreendem bem ou de forma alguma. E Jesus, — ou a santíssima Virgem iluminam as imagens, as cores, as formas, e às vezes mesmo os movimentos.
Se reflectirmos bem, Jesus é ou não o maior de todos os místicos?

Paulette Leblanc
Tradução: Afonso Rocha

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