terça-feira, novembro 12, 2019

A SANTA MISSA NO HUMILDE QUARTINHO


Havia já algum tempo que a Alexandrina sonhava, com os olhos abertos, ter a Santa Missa no seu humilde quartinho. Parecia-lhe uma coisa tão grande e tão difícil de obter, que nunca ousou falar nela a ninguém. Mas, em 1933, ainda antes de conhecer pessoalmente o seu Director, sabendo que ele iria lá para uma pregação, manifestou à Deolinda este vivo desejo.
Combinaram fazer essa pergunta ao bom Religioso mas, no momento próprio, por timidez e para evitar que ele pregasse em jejum, não lhe falaram no assunto.
Foi o Padre que, numa carta, em Outubro, perguntou à Alexandrina se gostaria de assistir à Santa Missa. A resposta não tardou, mas de uma forma muito delicada: “Se é coisa que se possa alcançar, seria para mim uma alegria que nem posso exprimir, embora me custe muito o grande sacrifício que V. Rev.a teria de fazer para vir em jejum, com madrugadas tão rigorosas...”
A 2 de Novembro, teve a grande graça da Santa Missa no seu quarto pobrezinho. Este bem não durou sempre, muito pelo contrário... e foi precisamente uma das privações com que a Providência quis prová-la, e que muito fez sofrer. Quando muito mais tarde a obteve novamente, embora com intervalos, não lhe deu mais aquela alegria sensível dos primeiros tempos: desejada em ânsias torturantes, assistirá a ela nas mais espessas e profundas trevas do espírito.
Já aquela primeira Missa assinalara um ponto doloroso da sua ascensão espiritual. Sem saber o futuro que a aguarda, e ao qual se entrega generosamente, assim comenta aquele grande privilégio: “O Senhor começou desde aquele dia a aumentar as suas ternuras, para aumentar ao mesmo tempo o peso da minha cruz. Seja bendita a Graça que, por sua bondade, nunca me faltou”.
De facto, foi desde então que o Senhor a provou com a perda dos bens materiais e com novas dores do espírito.
Que teria ela feito sem a lição da Missa?
Mas, foi precisamente sobre o altar da Vítima augusta que se enxertou e floresceu esta nova imolação do Calvário de Balasar.
Padre Humberto Pasquale: “Alexandrina”; cap. 4.

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