No seu livro “Alexandrina”, o Padre Humberto Maria
Pasquale conta o seu primeiro encontro com aquela que iria ser, pouco tempo
depois, a sua dirigida. Para contar este facto ele utiliza a terceira pessoa, o
que demonstra a sua humildade. Ouçamo-lo.
«Em Junho de 1944, por convite insistente de pessoas
movidas de compaixão pelo abandono em que a Alexandrina tinha sido deixada,
através de circunstâncias estranhas, chegava a Balasar um Padre Salesiano, que
havia evitado, voluntariamente; quer notícias sobre o caso, quer repetidos
convites a visitar a enferma.
Conduziu-o gentilmente no seu automóvel, o médico
assistente, a quem ele havia pedido, com antecedência, a licença escrita para
ser recebido pela Alexandrina.
Não tinha nem conhecimentos pormenorizados sobre a doente
nem estudos profundos sobre assuntos místicos, e menos ainda a intenção de
aprofundar os poucos conhecimentos que possuía nesta matéria.
Haviam-lhe pedido para ir levar um pouco de conforto a
uma alma, e ele não pretendia outra coisa, na medida em que as circunstâncias
lho houvessem consentido.
Se tivesse dado fé às vozes discordantes, ou até
contrárias, que chegavam aos seus ouvidos, especialmente nos dias precedentes,
nas terras distantes de Balasar onde se encontrava em pregação, não haveria
chegado até lá. Mas talvez tenha sido essa mesma discordância de pareceres,
expressos e propalados com tão pouco escrúpulo, que o tenha decidido a partir.
Para fazermos uma ideia de como ele tenha podido ser
admitido ao conhecimento íntimo da Alexandrina sem premeditação nem quaisquer
planos, seria preciso haver conhecido a natural reserva dela. Disso nos dá fé o
seguinte depoimento.
O Padre Alfredo Alves da Silva, numa sua lembrança
pessoal, escreve:
“Comecei a visitar Balasar perto de 1937. Nunca soube
nada sobre os colóquios que Nosso Senhor tinha com a Alexandrina, talvez desde
1934. Aquela casa lembrava-me uma Betânia… Admiro agora a humildade e a
prudência da Alexandrina e da família, a irmã e a mãe, que nada me disseram
sobre assuntos tão importantes.
Passados depois alguns anos, creio que em 1939, soube que
a Alexandrina reproduzia, na sexta-feira, a Paixão e Morte de Jesus. Eu julgava
tão importantes e delicadas estas coisas que, por mais dum ano, não ousei
aludir a elas, mas ninguém na família nunca me disse nada sobre o assunto.”
Se pensarmos que esta era a atitude da Alexandrina com um
sacerdote amigo da casa, que a visitava muitas vezes, como poderia pretender a
abertura da sua alma o Salesiano chegado a Balasar, inesperado e quase por
acaso?
Seja como dor, as coisas passaram-se assim. O Religioso,
nos dois dias que lá esteve hospedado, compreendeu que naquela alma se passava
alguma coisa de excepcional, e que, à volta dela, existia uma série de
problemas, dignos do mais sério Estudo.
Aproximou-se, portanto, com o desejo de bem e com a
devida delicadeza, mas subitamente se viu envolvido nos interesses dela. Eram
tão delicados e graves, que lhe causaram perplexidades, coragem e sobretudo
muita oração.»
Como ele recorramos à oração e peçamos com fé a
intercessão poderosa da beata Alexandrina, sobre nós e nossas famílias.
Jesus prometeu-lhe que do Céu ela enviaria para a terra
“uma chuva de graças”. Não tenhamos medo de nos molharmos!
Fonte: Padre Humberto Pasquale: “Alexandrina”.
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