quinta-feira, novembro 14, 2019

UM RELIGIOSO APARECIDO... POR ACASO


No seu livro “Alexandrina”, o Padre Humberto Maria Pasquale conta o seu primeiro encontro com aquela que iria ser, pouco tempo depois, a sua dirigida. Para contar este facto ele utiliza a terceira pessoa, o que demonstra a sua humildade. Ouçamo-lo.

«Em Junho de 1944, por convite insistente de pessoas movidas de compaixão pelo abandono em que a Alexandrina tinha sido deixada, através de circunstâncias estranhas, chegava a Balasar um Padre Salesiano, que havia evitado, voluntariamente; quer notícias sobre o caso, quer repetidos convites a visitar a enferma.
Conduziu-o gentilmente no seu automóvel, o médico assistente, a quem ele havia pedido, com antecedência, a licença escrita para ser recebido pela Alexandrina.
Não tinha nem conhecimentos pormenorizados sobre a doente nem estudos profundos sobre assuntos místicos, e menos ainda a intenção de aprofundar os poucos conhecimentos que possuía nesta matéria.
Haviam-lhe pedido para ir levar um pouco de conforto a uma alma, e ele não pretendia outra coisa, na medida em que as circunstâncias lho houvessem consentido.
Se tivesse dado fé às vozes discordantes, ou até contrárias, que chegavam aos seus ouvidos, especialmente nos dias precedentes, nas terras distantes de Balasar onde se encontrava em pregação, não haveria chegado até lá. Mas talvez tenha sido essa mesma discordância de pareceres, expressos e propalados com tão pouco escrúpulo, que o tenha decidido a partir.
Para fazermos uma ideia de como ele tenha podido ser admitido ao conhecimento íntimo da Alexandrina sem premeditação nem quaisquer planos, seria preciso haver conhecido a natural reserva dela. Disso nos dá fé o seguinte depoimento.
O Padre Alfredo Alves da Silva, numa sua lembrança pessoal, escreve:
“Comecei a visitar Balasar perto de 1937. Nunca soube nada sobre os colóquios que Nosso Senhor tinha com a Alexandrina, talvez desde 1934. Aquela casa lembrava-me uma Betânia… Admiro agora a humildade e a prudência da Alexandrina e da família, a irmã e a mãe, que nada me disseram sobre assuntos tão importantes.
Passados depois alguns anos, creio que em 1939, soube que a Alexandrina reproduzia, na sexta-feira, a Paixão e Morte de Jesus. Eu julgava tão importantes e delicadas estas coisas que, por mais dum ano, não ousei aludir a elas, mas ninguém na família nunca me disse nada sobre o assunto.”
Se pensarmos que esta era a atitude da Alexandrina com um sacerdote amigo da casa, que a visitava muitas vezes, como poderia pretender a abertura da sua alma o Salesiano chegado a Balasar, inesperado e quase por acaso?
Seja como dor, as coisas passaram-se assim. O Religioso, nos dois dias que lá esteve hospedado, compreendeu que naquela alma se passava alguma coisa de excepcional, e que, à volta dela, existia uma série de problemas, dignos do mais sério Estudo.
Aproximou-se, portanto, com o desejo de bem e com a devida delicadeza, mas subitamente se viu envolvido nos interesses dela. Eram tão delicados e graves, que lhe causaram perplexidades, coragem e sobretudo muita oração.»
Como ele recorramos à oração e peçamos com fé a intercessão poderosa da beata Alexandrina, sobre nós e nossas famílias.
Jesus prometeu-lhe que do Céu ela enviaria para a terra “uma chuva de graças”. Não tenhamos medo de nos molharmos!

Fonte: Padre Humberto Pasquale: “Alexandrina”.

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