Na última emissão falei-vos do primeiro encontro da Alexandrina com o seu
primeiro director espiritual, o Padre Mariano Pinho, jesuíta.
Por ter sido na vida dela uma personagem importante e marcante, penso ser
útil falar-vos um pouco dele.
A curta biografia que vou ler é da autoria do Padre Fernando Leite, meu
amigo, agora falecido e que a meu pedido a escreveu par o Site da Beata
Alexandrina Maria da Costa, do qual sou Webmaster há mais de 20 anos.
***
O Padre Mariano Pinho nasceu no Porto a 16 de
Janeiro de 1894. Entrou na Companhia de Jesus a 7 de Dezembro de 1910. Não
sendo ainda sacerdote, os superiores destinaram-no ao Brasil onde, no Colégio
António Vieira, Baía, leccionou e fundou a revista Legionário das Missões.
Regressado a Portugal, em 1923, partiu para Innsbruck, na Áustria, onde
estudou Teologia e graduando-se depois na Universidade de Comillas, Espanha.
Na sua Pátria foi notável conferencista, pregador e Promotor incansável das
Congregações Marianas e Cruzada Eucarística, exercendo ao mesmo tempo o cargo
de Director dos seus órgãos de comunicação.
Em 1933 teve o seu primeiro encontro com a Alexandrina Maria da Costa, a
carismática de Balasar. No ano seguinte começou a direcção espiritual,
tendo-lhe o Senhor dito: «Obedece em tudo ao teu pai espiritual. Não foste tu
que o escolheste; fui eu que to mandei». Exerceu este cargo até 1942.
Tendo recebido a Alexandrina o encargo de pedir ao Papa a Consagração do
mundo ao Coração de Maria, o Padre Pinho prestou-lhe a melhor colaboração.
Em 1938 pregou o Retiro ao Episcopado Português. Por sua sugestão os nossos
Bispos dirigiram uma súplica colectiva ao Papa Pio XI, em ordem à consagração.
Endereçou mais duas missivas do mesmo teor ao Secretário de Estado do Papa,
o Cardeal Eugénio Paccelli. A 2 de Março de 1939, foi eleito Papa, assumindo o
nome de Pio XII. Dezoito dias depois a 20 de Março de 1939, o Senhor comunica à
sua confidente: «Será este o Papa que fará a Consagração. O Papa de coração de
oiro, está resolvido a consagrar o mundo ao Coração de Maria… Todo o mundo
pertence ao Coração Divino de Jesus; todo o mundo vai pertencer ao Coração
Imaculado de Maria».
Efectivamente, a 31 de Outubro de 1942, Pio XII, dirigindo-se a Portugal e
falando em português, fez esta consagração, que renovou a 8 de Dezembro
seguinte, na Basílica de São Pedro.
Devido a uma série de calúnias e informações maldosas, a 1 de Outubro de
1942, o Padre Mariano Pinho recebe uma ordem terminante do seu Superior de
cortar toda a relação com a Alexandrina «directa ou indirecta, pessoal ou
escrita». Com um intuito punitivo, foi mandado para um Seminário menor da
Companhia de Jesus. O seu Superior assim escreveu à Santa Sé: «Sofreu, como os
santos, as piores calúnias e tribulações, sem um lamento e sem quebra da sua alegria
espiritual». E o Cardeal Dom Manuel Gonçalves Cerejeira, assim o qualificou:
«Era um santo!».
Para poder exercer doravante o apostolado, em Fevereiro de 1946, voltou
para o Brasil, onde continuou a sua actividade espiritual.
Faleceu no Recife a 11 de Julho de 1963.
Afonso Rocha
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