terça-feira, novembro 19, 2019

PRIMEIRA MISSA NO QUARTO


Hoje vamos falar da primeira Missa celebrada no quarto da Alexandrina.
Como já foi dito, ela vivia acamada desde já há alguns anos, não podendo por isso mesmo deslocar-se à igreja paroquial, ao menos ao domingo, para assistir à Santa Missa.
Foi neste altar que ainda hoje se encontra no quarto dela que foi celebrada a primeira Missa.
No dia 2 de Setembro de 1933 o Padre Mariano Pinho escreveu-lhe e enviou-lhe uma imagem da então Beata Gema Galgani, prometendo explicar-lhe quem ela tinha sido.
Nesse mesmo mês e, porque a Alexandrina lhe dissera a pena que sentia por não assistir à Santa Missa, o bom jesuíta teve uma ideia luminosa: perguntou-lhe se ela estava inscrita na Obra das Marias dos Sacrários-Calvários.
Esta Obra fundada por S. Manuel Gonzalez Garcia, bispo de Valença, na vizinha Espanha, era já bastante conhecida em Portugal e, a Alexandrina que nela estava inscrita, confirmou ao Padre Mariano Pinho este facto.
É bom saber que esta Obra beneficiava de um privilégio concedido pelo Papa S. Pio X ao Santo fundador: a possibilidade de celebração da Santa Missa nos domicílios dos membros doentes, o que era o caso da Alexandrina.
Em carta enviada à sua dirigida a 12 de Novembro de 1933, o Padre Mariano Pinho escreve:
«Então é Maria do Sacrário? Ainda bem; por conseguinte para ter Missa aí [em casa], basta só mandar dizer ao Senhor Arcebispo de Braga. Ele está para Lisboa. Como há-de ser? Não se aflija, que antes de sair de Braga fui falar com ele e já lhe pedi a licença precisa. Por isso no dia 20, se Deus quiser, aí me tem depois do tríduo em Outis — paróquia vizinha de Balasar — a dizer-lhe Missa no seu quarto. Tratem de arranjar tudo o que é preciso: pedra de altar, com as três toalhas, crucifixo, 2 velas, missal, paramentos (brancos), alva, cordão, (amito e sanguíneo não é preciso que eu levo o meu), cálix, galhetas, vinho puro de missa, hóstia grande para mim e pequena para si e para as outras pessoas que aí quiserem comungar. Suponho que terão maneira de arranjar isso tudo facilmente.»
Claro que arranjaram, tão grande era a alegria causada por esta boa notícia.
Na carta em que responde ao bom sacerdote e que tem como data 6 de Novembro de 1933, a Alexandrina diz:
«Senhor Padre Pinho, perguntava-me na última carta se eu era Maria dos Sacrários-Calvários. Sim, sou. Se queria a Missa... Já há muito que tenho grandes saudades disso.»
Mais adiante, na mesma carta ela conclui:
«Se isso se puder conseguir, para mim era uma grande alegria, que me não é possível explicar-lhe.»
Todavia, esta alegria que ela sente não a impede de pensar no sacrifício que o bom jesuíta terá de fazer: vir em jejum de Braga a Balasar para ali celebrar a Santa Missa:
«Mas apesar dessa alegria — escreve ela —, custa-me imenso o grande sacrifício que vai fazer em ter de vir em jejum, estando umas manhãs tão frias.»
***
– E foi assim que, no dia 20 de Novembro de 1933, foi celebrada, pelo Padre Mariano Pinho, a primeira Missa no quarto da Alexandrina.
Depois desta, muitas outras foram celebradas, não só pelo Padre Mariano Pinho — até princípios de 1942 — como por outros, entre os quais, o seu segundo director espiritual, o salesiano italiano, padre Humberto Maria Pasquale.
Digno de notar também: um dos filhos do médico da Alexandrina, o Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo, que se tornou sacerdote, celebrou uma das suas primeiras Missas no quarto da Alexandrina que era também sua madrinha.
Afonso Rocha

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