O Coração divino de Jesus estava sem espinhos, sem sangue; todo ele era fogo, só amor. Jesus ficou em silêncio e eu também, a nadar naquele amor. Sentia que todo o Céu estava em festa, entoava hinos e nadava no mesmo amor, na mesma paz e doçura. De repente, vi grande multidão de Anjos que formavam alas. De cima formavam-se quase unidos, e, em baixo, separavam-se a mais larga distância. Por entre elas descia a Mãezinha sentada num trono, coroada Rainha, vestida de branco e manto azul. Pousou junto de mim. Tomou-me em Seus braços, uniu a mim o Seu rosto, os Seus Santíssimos lábios, abraçou-me, beijou-me e dos Seus lábios ficou, por algum tempo, a passar para os meus um alimento, que me satisfazia; encheu-me.
― Minha filha, tem coragem, não negues nada ao Meu Jesus, dá-Lhe toda a dor, que Ele te pede. O mundo é ingrato; repara, repara; Ele é tão ofendido! Goza do Céu; enche-te da Minha graça, pureza e amor. Dá tudo isto, que de Mim recebes às almas a quem amas. Eu amo-as também, é um prémio Meu. Goza do Céu, toma coragem para a tua cruz. Prometo assistir-te à tua morte; prometo em breve, muito em breve vir buscar-te para o Céu; prometo alcançar-te do Meu divino Filho a graça de vires ao encontro de todas as almas que te são queridas para as conduzires ao Paraíso, quando partirem da terra para lá. Coragem, coragem.
A Mãezinha subiu, desapareceram os Anjos e eu fiquei ainda a nadar na mesma felicidade, no mesmo Céu. Veio Jesus; introduziu o tubo do Seu amor em meu coração; do Dele saiu para o meu a gota do Seu divino Sangue, e, por o mesmo tubinho, ficou, por algum tempo a passar-se amor.
― Vai, Minha filha, leva a tua vida, leva a vida divina; é com ela que és redentora, é com ela que salvas os pecadores, é com ela que és poderosa, e, em união com Minha Bendita Mãe, salvas a humanidade. Coragem! Dá-Me dor, sem dor. O mundo peca, o mundo perde-se; acode-lhe, salva-o. Coragem! Vai para a tua cruz; é cruz brilhante, é resplendorosa, é cruz de redenção. Confia em Mim; não te enganas; a tua vida é real, é a vida de Cristo. Diz Minha filha, ao Meu sacerdote que lhe dou o Meu divino Coração com todos os Seus tesouros, para que com eles seja o que até aqui tem sido e para os distribuir às almas.
― Obrigada, meu Jesus; dizei um obrigado por mim à Mãezinha. Digo-Vos por todos os que me são queridos: obrigada, Jesus; obrigada, Mãezinha, por todas as graças e benefícios recebidos.
Passei a tarde com mais suavidade nos meus sofrimentos, tanto de alma como de corpo. Ao chegar a noite, vieram todos, recebi-os, é a minha cruz, é o amor do meu Jesus.
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(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 15 de Agosto de 1947 - Sexta-feira)
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