Eu com Ele dei a vida sem morrer
A dureza de tão penoso Calvário ficou bem gravada em mim. Que doloroso, que indizível Calvário! Que dolorosa e indizível agonia! O Sangue de Jesus não amoleceu aquele rochedo duro. Não sei dizer o que sofri, não sei dizer o que senti, ao ver Jesus fitar no Céu Seus olhos já moribundos e quando ao Pai entregou o Seu espírito. Ele expirou, e eu com Ele dei a vida sem morrer; senti-me morta para depressa ressuscitar. Veio Jesus, e disse-me:
― Minha filha, Minha filha, a alma que anseia amar-Me, ama-Me, quando as suas ânsias são puras e desinteressadas; ama-Me, quando os seus desejos são do coração e da alma, sem outro fim, a não ser possuir-Me a Mim mesmo, viver a Minha vida, a vida do Meu amor, cumprir a Minha divina vontade. Sim, Minha filha, a alma, que se renuncia a si própria, calca a seus pés tudo o que é seu, tudo o que lhe dá prazer e alegria, para Me seguir e abraçar a Minha cruz; essa sim, essa ama-Me, essa busca só a Minha glória e tudo o que é Meu. Mas são tão poucas essas que com tanta pureza podem ser a luz do mundo, a vida das almas aqui na terra! Tu amas-Me. Alegra-te. Goza de Mim.
Aqui ficou Jesus silencioso, e deixou-me a nadar na Sua paz.
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(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 5 de Setembro de 1947 - Sexta-feira)
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