Jesus Menino; era Formosíssimo
Não acredito em mim mesma, não posso confiar nos bons sentimentos de minha alma, nas ânsias sinceras do meu coração. Pensar que Jesus tudo vê e conhece, não me dá alegria, nem por isso deixo de sentir que passo por bons sentimentos e bons desejos com grande amor na alma e no coração, quando eles nada disso têm; posso ser impostora para mim, para todos e para o meu querido Jesus. Que miséria, que miséria, meu Deus! Mas nem por isso, ó meu Jesus, eu quero, noite e dia, a cada momento, deixar de repetir: amo-Vos, sou a Vossa vítima. Tenho que lutar, tenho que vencer-me, para poder oferecer ao meu Jesus aquilo que não sou, aquilo que não tenho. Jesus está no primeiro andar e outros com mais complicações. Encobrem tudo o que Ele podia ver e ler. Hei-de vencer; é esta a minha confiança, com Jesus tudo venço. Confio contra tudo. Venha o mundo, venha todo o inferno a dizer-me que não Lhe pertenço, que eu responderei sempre: sou Dele e só Dele, na terra e no Céu, eternamente Dele.
São negras e arrepiantes as minhas trevas; são assustadoras as dúvidas de toda a minha vida e do meu amor a Jesus. É horrorosa a luta da minha alma com o demónio. Ele pôs em mim sentimentos vergonhosos; parece-me que quero, que anseio pelos combates com ele, para gozar os prazeres mundanos. Que horror, que horror, meu Jesus! Eu quero amar-Vos e reparar-Vos de todas as ofensas, e nada mais; ajudai-me a vencer e a convencer-me que só Vós reinais em mim e só Vós sois a única verdade.
De noite, tive uma visão; vi-me dentro dum templo, de joelhos, junto ao altar, onde estava o sacrário. À portinha dele, muito unidinho, como que para entrar para dentro estava Jesus Menino; era Formosíssimo; não tinha mais de dois ou três anos. Fitou-me com os Seus olhos encantadores; os Seus olhares divinos foram para mim olhares de convite para entrar também. Não cheguei a fazê-lo; de repente desapareceu Jesus, o Sacrário e o templo, fiquei sozinha, mas mais forte e corajosa e com mais ânsias de me unir para sempre a Jesus na eucaristia. Estes mimos do meu Jesus são para mim injecções vindas do Céu; com elas que eu aguento com esta caveira mundial, com as chagas, espinhos e as setas da Mãezinha. Com elas vou resistindo a tão grande sofrimento e ânsias de amor. Como Jesus é bom, como Ele me auxilia a levar a minha cruz!
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 20 de Setembro de 1947 - Sexta-feira)
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