segunda-feira, outubro 17, 2011

QUE MALÍCIA A DOS HOMENS !

Acode, acode às almas

Testamento da Beata Alexandrina
Veio ao meu encontro o Coração divino de Jesus; pelo centro saíam labaredas de fogo que penetraram em mim como raios de sol brilhante. Tudo em mim eram trevas; só o Coração de Jesus era luz e fogo. Fiquei a nadar naquele amor por um grande espaça de tempo em silêncio, sem falar, sem ouvir Jesus. Voltou de novo.
― Minha filha, esposa Minha, vou deixar dentro do teu coração o Meu todo cercado de espinhos; quando esses espinhos te atingirem, quando sentires por eles o teu coração ferido, diz-me muitas coisas, faz-me contínuos actos de amor. É o sinal que te dou de quando estou a ser mais ferido. Isto não quer dizer que estou assim a sofrer com aqueles espinhos, porque os passo todos para ti, Minha vítima amada. Aceitas ficar assim? Dá-me já uma resposta.
― Sim, meu Jesus, eu aceito; dai-me os espinhos, dai-me a dor, dai-me tudo o que Vos aprouver; consolai-Vos Vós, e feri e amargurai o meu coração, o meu corpo e todo o meu ser. Dai-me a Vossa graça, dai-me a Vossa força sem a qual eu sou nada e nada posso.
― Repara, repara, Minha filha, são grandes os crimes da Humanidade. Ai dela sem a reparação, ai dele sem o amor das vítimas. A caveira que sentes em ti é a caveira da Humanidade. Está deformada e apodrecida; está, Minha filha. Que horror, que horror, que malícia a dos homens, que onda, que incêndio de crimes. Acode, acode às almas. Encontrei na tua generosidade o sinal da mais alta reparação, o maior amor. Eis por que assim te faço sofrer e te dei a mais sublime missão, a missão das almas. Salva-as, salva-as.
Ficou Jesus novamente em silêncio e eu também a gozar a mesma paz, mas já mais um bocadinho de luz. Veio, de novo, Jesus a dizer-me:
― Vou dar-te novamente o Meu divino Sangue. É necessário reparar as forças perdidas. Não quero que deixe de correr em tuas veias o Sangue de Cristo Redentor; és Comigo redentora; é Comigo que abres o Céu às almas.
Jesus a dizer isto, e rapidamente introduziu o tubo no coração; foi como que uma injecção de vida e de luz. A gotinha de sangue caiu, logo fiquei mais forte e com a alma toda iluminada e presa fortemente a Jesus. Senti-me estar toda cingida a Ele com fortes cadeias.
― Minha filha, sou o Médico divino, sei a tua fortaleza, sem um milagre da Minha parte não aguentavas, por um só momento, com o Meu amor e o Meu divino Sangue. Vai, desprende-te de Mim; a cruz está à tua espera; sorri-lhe, vai para ela.
― Não posso meu Jesus. Sei que sois Vós pela luz que me dais, mas não sei o que me prende; não posso separar-me.
― É para que vejas que sou Eu e não tu, Minha filha; não vives de ilusões, não te enganas; é a Minha vida divina nas almas. Não te dou logo a luz, quando te falo, para mais sofreres. São êxtases dolorosos. Vai, vai espalhar o bem: vai salvar as almas.
― Meu Jesus, sabeis quem me pediu para Vos dizer que se quer salvar, que quer o Céu?
― Sei, Minha filha; e Eu prometo-lhe a salvação, prometo-lhe o Céu com toda a Minha glória; cantará em união contigo os Meus louvores eternamente. Depressa, depressa, vai já, vai para a cruz; coragem, coragem.
― Obrigada, obrigada, meu Jesus. Eu vou, vinde também comigo; sem Vós não resisto, não venço a dor.
Deixei Jesus, fiquei na cruz logo a sofrer. Passaram-se horas e eu a sentir no coração os espinhos. Penetraram-me tão fundo! Fiz acto de amor a Jesus, mas nada me satisfaz do que eu digo. Que dor a minha!
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 29 de Agosto de 1947 - Sexta-feira)

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