Os meus caminhos são secos...
No quarto da Beata Alexandrina |
Dói-me, dói-me, meu Jesus, o coração, que espinhos agudos o trespassam dum lado ao outro. Não estão quietos, avivam-me as feridas, estão sempre a sangrar. Lembro-me do Vosso divino amor, e por Vós tudo sofro; lembro-me das almas, Jesus, sou vítima delas, dai-lhes o Céu. Tudo recordo; mas sem alívio; os espinhos ferem-me, é uma roda-viva deles à volta deste pobre coração. Como Ele sofre e verte sangue! Ó meu Jesus, meu Jesus, por mais que eu queira lembrar-me de que nada sofro, para só me lembrar do que sofrestes e sofreis ainda por mim, não sou capaz; os sofrimentos tão agudos e contínuos, esta dor tão penetrante, não me deixa convencer disso.
Sofro, sofro, meu Jesus, e é por Vós. Sofro, sofro, meu Jesus, e apesar de tanto sofrer, nada tenho para Vos dar; sofro e não sei da minha dor. Ó minha cegueira, ó cegueira da minha vida, que fazes tu que tudo me encobres e roubas. Eu te quero e abraço sempre por Jesus. A minha vida, os meus caminhos são secos, tristes e espinhosos; nenhum deles me dá alegria, a não ser esta que é tudo: a vontade do Senhor. Todos eles me trazem amarguras e espinhos agudíssimos. Oh! bendita cruz! Aceitai, meu Jesus, todas as minhas lágrimas; bem sabeis que foram oferecidas a Vós. Perdoai-me os meus desânimos e desfalecimentos; é mais um meio para muitas vezes me humilhar diante de Vós e de Vos pedir perdão de tantas faltas que cometo. Perdoai-me, Jesus, perdoai-me sempre, e alcançai-me a graça de Vos não, ofender.
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 5 de Setembro de 1947 - Sexta-feira)
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