Minha filha, corpo de pureza, pureza angélica
Por um grande intervalo de tempo, vi Jesus com a cruz aos ombros. Não O senti, vi-O. Mas eu era Jesus e era a cruz. Que cruz tão grande! E Jesus tão curvado debaixo dela; o Seu santíssimo rosto quase chegava ao chão.
— Minha filha, assim me obrigam os pecados do mundo, assim me obriga o meu amor às almas. São os crimes, é o amor a causa de caminhar quase de rosto em terra. Sofre, minha amada querida, sofre à minha semelhança, és vítima escolhida por mim. Minha filha, fonte salvação, fonte de toda a humanidade, és fonte que não seca, és água que sacia todo o mundo; todo em ti pode beber, todos nesta água se podem purificar. Minha filha, língua de louvor. Pela tua língua sagrada toda a terra me louvará até ao fim do mundo. E já no céu os anjos e santos me louvam ao verem o teu sofrimento e a glória que me dás. Minha filha, coração de fogo de amor, fogo que se estenderá e abrasará milhares e milhares de corações. Minha filha, corpo de pureza, pureza angélica, assaltada sempre e sempre guardada no meio dos mais agudos e penetrantes espinhos. O teu corpo de pureza, adornado de todas as virtudes, as mais ricas e preciosas, estende as suas pétalas de lírio com toda a sua alvura e perfume. Crescem açucenas tenras e viçosas, abrem as suas pétalas e com a aragem que passa estendem ao longe o seu perfume, vicejam em prado mimoso; fazem sombra ao mundo que te confiei. Ditosos todos aqueles que estão à sua sombra, ao teu abrigo se colocaram. Causa espanto a tua vida, as minhas maravilhas em ti. Não há igual, porque igual não há ao teu sofrimento. Tu partes para o céu. Coragem, ele aproxima-se. Tantos te verão partir com amor e saudade e quantos com remorso e dor por terem sido causa do teu martírio, por terem servido de estorvo à minha divina causa, por tentarem encobrir ao mundo as minhas maravilhas em ti. Rastejam pela terra, não olham ao alto, não compreendem, nem procuram compreender a minha vida divina, apesar de eu em todos os caminhos lhes pôr um guia e uma luz. Fecham os olhos, deixam os guias, seguem caminhos errados. Que mágoa para o meu divino coração e que mal para as almas. Dou todas as graças, dou todo o remédio para as salvar, e tudo é desprezado, não olham à minha dor nem à minha divina vontade.
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 16 de Fevereiro de 1945)
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