Senti o beijo de Judas
Pouco depois deste colóquio com Jesus, sentia-O na minha alma e via-O com olhar tristíssimo a derramar as Suas lágrimas sobre a cidade de Jerusalém, que dentro em mim também habitava. Prolongaram-se por tanto tempo estas lágrimas e tristes olhares de Jesus, acompanhados com palavras de chamamento e ameaça. Já de noite sentira como se tivesse a minha roupa colada ao corpo e banhada em sangue. Sentia o romper das veias e agonia de morte. Via as oliveiras do Horto, o luar empalecido e o brilho das estrelas triste, como triste estava o Coração divino de Jesus. Tudo aparecia por entre a folhagem das oliveiras, mas com tal tristeza que só convidava ao silêncio e ao retiro. Senti depois, como já em outros tempos senti, o beijo de Judas e o cair por terra dos soldados, o desembainhar da espada, que assim ao vivo nunca tinha sentido, no que se refere à espada. Se eu pudesse mostrar a ternura, a mansidão e o amor de Jesus para com todos os que O ofendiam… Não há nada na terra que se possa comparar a Ele. Remediou o mal de S. Pedro com tanta doçura e com a mesma doçura se deixou prender e se entregou aos malfeitores. Que coisas tão tristes e que tanto cansam o meu corpo e a minha alma!
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 19 de Abril de 1945).
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