Ó mundo, ó mundo ingrato!
Não tenho vida, não tenho sangue, tudo dei, tudo perdi. Dei tudo e parece-me que foi inútil. Sinto uma perda tão grande! Meu Deus, parece-me que não existo; existe a dor e é minha. Existe o mundo e necessita dela. A minha alma sente uma fome tão grande, mas esta fome é do mundo, é o mundo que vem alimentar-se à minha dor, é um mundo de feras a apanharem quanto mais podem o meu sofrimento. Nada é, nada sofro, em comparação do que a pobre humanidade necessita.
— Jesus, que sofrimento este!
Parece-me que estou a arrancar do meu peito o coração e a transformá-lo em pequeninas migalhinhas para dar ao mundo, para dar às almas. Queria levar a vida a mendigar corações para serem o alimento, a salvação dos pecadores. Queria bradar alto, muito alto, que a minha voz ecoasse em toda a humanidade:
— Ó mundo, ó mundo ingrato, sou tua, dou-me a ti por Jesus e pela querida Mãezinha. É por Eles que passo para ti o meu sangue, a minha vida; é por Eles que te quero, é por Eles que sou tua, é por Eles que te amo. Amo-te para te salvar, amo-te para a Jesus e à querida Mãezinha te entregar
Ai de mim, não tenho que dar, não tenho mais que fazer. Que horrores se passam em mim, causados pela loucura, pelas ânsias insuportáveis de amar a Jesus e salvar a humanidade.
(Beata Alexandrina : Sentimentos da alma, 1 de Março de 1945)
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