Posso lá consentir que manches a tua pureza
Ó pombinha querida, tabernáculo do meu Jesus! |
Inclinou-se a Mãezinha para mim, tomou-me nos seus braços, cobriu-me das suas ternas carícias, acalentou-me, bafejou-me e dizia-me:
— Recebe a vida que te é dada, recebe-a e dá-a aos pecadores, ó pombinha do meu Jesus. Consola-O, sofre tudo por Ele. A nossa consolação e alegria são uníssonas; o que dás a Jesus eu recebo também, o que me dás a mim recebe Jesus.
— Ó Mãezinha, é só por Ele e por vós que eu quero e amo os meus sofrimentos. Dai-me força, velai por mim. Estou em tanta dor! Tenho tanto receio de pecar!
— Ó pombinha querida, tabernáculo riquíssimo do meu Jesus, repara, repara, não temas pecar. Posso lá consentir que manches a tua pureza, eu que tanto a amo e tanto me consolo ver-te ao meu lado aureolada, enriquecida de pureza angelical! Coragem! Como eu te amo, como te ama Jesus!
Fui de novo estreitada fortemente por Jesus e pela Mãezinha e logo me senti na minha cruz. Quase logo me vieram as dúvidas e a dor dolorosa de ter pecado e de enganar. Exclamei:
— Jesus, ó meu Jesus, eu não quero enganar-me nem enganar ninguém.
Jesus segredou-me de novo:
— Paz, paz na tua alma, sossega, filhinha, não enganas, não te enganas. É Jesus que te fala, é o Jesus louquinho por ti, que to afirma.
Hoje já comunguei, bendito seja Jesus. Enlouqueci-me tanto ao recebê-lO! Senti por alguns instantes a grandeza do Seu amor e a Sua união íntima comigo. Pouco depois fiquei envolta em espinhos e rasgos contínuos na minha alma a parecer-me não poder suportar esta vida e a querer partir para o céu.
— Ó meu Jesus, quero tudo e não tenho nada. De quem é esta vida? Vivei, vivei em mim, eu não vivo. Eu sinto um doloroso martírio, mas o que sinto não me pertence; é Vossa a minha agonia.
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 5 de Fevereiro de 1945)
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