— É um só coração, é um só amor nos nossos corações.
Veio o meu Jesus:
— Minha filha, aos corações que se amam com o amor puro e santo nada há que os separe. Os nossos corações estão unidos: o meu e o teu, no maior amor, no amor divino, no amor de Deus. Não há nada, querida filha, não há nada que nos separe. Mas Eu quero, ao principiar do ano, na primeira sexta-feira, dedicada ao meu divino Coração, uni-los e enleá-los novamente. Quem vem deitar-lhes esses novos enleios é a tua e minha bendita Mãe.
Jesus tomou em suas mãos divinas o seu divino Coração e o meu; uniu-os tanto, tanto! Veio a Mãezinha, enfaixou-os, enleou-os bem com fios finíssimos doirados e conservou-se ao nosso lado. Jesus continuou:
— É um só coração, é um só amor nos nossos corações. É como uma sala com dois compartimentos com a entrada livre. Ambos têm o mesmo poder, o mesmo encanto, o mesmo Céu. Passei para o teu toda a riqueza que o meu contém. Queres saber, filha querida, o significado disto? Entreguei-te o mundo e hoje mesmo renovo a entrega. É por ti, pelo poder e missão que te confiei que este mundo vem a Mim. Passa livre do teu coração para o meu. Tui não podes ver, minha filha, nem sentir com consolação as graças e maravilhas com que te enriqueci; não convém à tua alma e é mais proveitoso para as almas dos pecadores. Enriqueci-te, elevei-te tanto as alturas como é alta a missão que te dei. Enchi-te do eu divino amor e da minha vida divina, para venceres e suportares todos os espinhos que ainda hão-de ferir-te. Não esperes consolações e alegrias: és a minha vítima. Não esperes luz, mas sim conforto e toda a abundância de amor, com a certeza de Eu sempre estar contigo e sempre em ti vencer. Sou o teu Jesus, confia em Mim. Tem coragem, que depressa vai acabar na terra a tua missão. Estou contentíssimo, minha filha, afirmo-te: foi grande a consolação que Me deste, foi grande o número de almas que salvaste com o amor com que suportaste todo o sofrimento que te dei no ano que terminou. Aqui não podes sabê-lo, no Céu o verás.
— Meu Jesus, tudo isso me humilha, mas ainda quero ser por Vós mais humilhada; falai-me dos meus pecados, porque até aqui só falastes do que é vosso. O que tenho eu de bom que não fosse vindo de Vós?
— Eu não quero falar dos teus pecados, porque nas tuas faltas escondo a grandeza e a riqueza que só no Céu será conhecida e verdadeiramente compreendida. E não falta na terra quem te humilhe. Mas coragem, essa humilhação exalta-te e também Eu fui humilhado. Não quero, minha filha, terminar este colóquio sem te prevenir, sem dar ao mundo este aviso: a chuva de fogo que sentes sair sobre ti é por seres a minha vítima; é a chuva que depressa cairá sobre o mundo, se ele não se converter; é o castigo que apenas deixará um pequeno número dos seus habitantes.
— Ó meu Jesus, e não haverá remédio? Que posso eu fazer por ele, para o salvar?
— Sofre, sofre, não é as almas que queres salvar? Os corpos nada vale. Eu te prometo: com os teus sofrimentos e o poder da minha bendita Mãe, as almas serão salvas; os corpos, a sua emenda de vida o fará. Se a vida for pura, se fizerem penitência, são poupados ao castigo. Diz, diz, minha filha, que é Jesus que chama, que é Jesus que pede, que é Jesus que convida: é o Pai que quer salvar os seus filhos. Vem, minha bendita Mãe, cingir os espinhos e a cabeça da vossa vítima.
Vi a Mãezinha com uma coroa de espinhos em suas santíssimas mãos; não sei de onde pegou nela. Em todo o tempo que esteve com Jesus não A vi com ela. Colocou sobre a minha cabeça, senti-me quase morrer.
— Coragem, minha filha, sou Mãe de Jesus, sou tua Mãe também. É com estes espinhos que ainda falta ferir-te que vais acudir às almas. Eu quero estar unida ao Coração do meu Jesus e ao teu, quero comunicar-te o meu amor, a minha ternura e doçura, para melhor poderes atrair as almas a Jesus.
— Vai em paz, disse Jesus. Leva contigo toda a confiança: nada temas: Eu não te falto. Leva a minha riqueza, leva o meu amor, leva as riquezas da tua Mãezinha querida e vai salvar o mundo. Coragem! Avizinha-se o Céu.
— Obrigada, meu Jesus; obrigada, Mãezinha. Vinde comigo, sede a força da minha alma.
—
(Beata Alexandrina Maria da Costa: Sentimentos da alma, 3 de Janeiro de 1947)
Sem comentários:
Enviar um comentário