quinta-feira, junho 03, 2021

QUANTA MAIS DOR MAIS UNIÃO COM JESUS

A minha alma sofria, agonizava


Quanto pior melhor, passei mal a noite. O sofrimento consumiu o meu corpo, mas para mim era motivo de contentamento. Quanta mais dor mais união com Jesus. Mas oh! que temor eu tinha de me aproximar d’Ele! Que medo desta união, de viver na Sua divina presença. A minha alma sofria, agonizava. Eu redobrava de esforços para me unir a Ele. Veio a hora de me preparar para O receber. Preparei-me sempre tímida, mas com ânsias vivas de O consolar e não me separar d’Ele. O temor acompanhou-me até ao momento de comungar. Comunguei, mudou o cenário; o temor desapareceu. Sentia em mim a Sua divina presença e o Seu amor. Falou-me:

— Minha filha, pomba, pomba, pomba branca, fiel e pura. Vem a mim, aproxima-te, não temas, não tens por que temer, o teu temor não é teu. Oferece-mo, é reparação que te peço. Escolhi-te para vítima, és a maior vítima da dor, do sacrifício e do amor. Oferece-me o teu temor pelas almas que se aproximam de mim para me receberem em estado miserável, horroroso, e nada temem. Recebem-me em suas línguas malditas, línguas de fogo. Filha querida, esposa amada, deixa-me ter contigo este desabafo. Oferece-me ainda o teu temor pelos sacerdotes. Olha o meu divino coração por eles tão ferido. Tomam-me em suas mãos impuras, recebem-me em seus corações podres e sem nada temerem. Cegaram-nos os vícios, calejaram-nos as paixões. Não mostro logo o poder da minha justiça divina para não os punir eternamente. Entro em todas essas almas para logo sair esforçado por Satanás, que é rei e senhor dos seus corações. Antes queria ser dado aos cães ou às feras, por quantas eu seria mais agradecido e louvado. Já vês, amada minha, não é teu esse temor. Já vês, lírio dos prados, açucena pura, que não são tuas as horrorosas misérias de que te vês sobrecarregada. És a nova redentora, fui eu que te escolhi e eu redentor também por elas fui sobrecarregado, por tudo respondi ao meu Eterno Pai. Agora tens de responder tu, a ti te confiei a humanidade; espalha sobre ela o aroma angélico das tuas virtudes. Tenho sede de amor, quero habitar em teu coração, aqui sou amado, não sou ferido. Oh! como estou bem!

— Estais, meu Jesus, à sombra do que é Vosso. Sois amado com o amor que Vos pertence. De mim nada tenho, de tudo me sinto despida. (Alexandrina Maria da Costa: S. 2 de Junho de 1945)

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