A minha alma sofria, agonizava
— Minha
filha, pomba, pomba, pomba branca, fiel e pura. Vem a mim, aproxima-te, não
temas, não tens por que temer, o teu temor não é teu. Oferece-mo, é reparação
que te peço. Escolhi-te para vítima, és a maior vítima da dor, do sacrifício e
do amor. Oferece-me o teu temor pelas almas que se aproximam de mim para me
receberem em estado miserável, horroroso, e nada temem. Recebem-me em suas
línguas malditas, línguas de fogo. Filha querida, esposa amada, deixa-me ter
contigo este desabafo. Oferece-me ainda o teu temor pelos sacerdotes. Olha o
meu divino coração por eles tão ferido. Tomam-me em suas mãos impuras,
recebem-me em seus corações podres e sem nada temerem. Cegaram-nos os vícios,
calejaram-nos as paixões. Não mostro logo o poder da minha justiça divina para
não os punir eternamente. Entro em todas essas almas para logo sair esforçado
por Satanás, que é rei e senhor dos seus corações. Antes queria ser dado aos
cães ou às feras, por quantas eu seria mais agradecido e louvado. Já vês, amada
minha, não é teu esse temor. Já vês, lírio dos prados, açucena pura, que não
são tuas as horrorosas misérias de que te vês sobrecarregada. És a nova
redentora, fui eu que te escolhi e eu redentor também por elas fui
sobrecarregado, por tudo respondi ao meu Eterno Pai. Agora tens de responder
tu, a ti te confiei a humanidade; espalha sobre ela o aroma angélico das tuas
virtudes. Tenho sede de amor, quero habitar em teu coração, aqui sou amado, não
sou ferido. Oh! como estou bem!
— Estais,
meu Jesus, à sombra do que é Vosso. Sois amado com o amor que Vos pertence. De
mim nada tenho, de tudo me sinto despida. (Alexandrina
Maria da Costa: S. 2 de Junho de 1945)
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