Dor amorosa
À Deolinda dizia por vezes a Serva de Deus: — Eu não sei recordar o que é viver sem
dor. — E a irmã explica o que ela queria dizer: — Há tantos anos que sofro, que
já não me posso lembrar de ter tido um dia sem sofrimento.
Recordando a data
de 20 de Novembro de 1933, dia em que, pela primeira vez, se celebrou a Santa Missa
no seu quartinho, a Alexandrina acrescenta: «Principiou Nosso Senhor a aumentar-me
os Seus miminhos, para também aumentar o peso da minha cruz»
(Autobiografia).
Numa carta
dirigida ao Padre Mariano Pinho (10-X-1935), a Deolinda escrevia : «Aprouve a Nosso Senhor dar a cruz completa à Alexandrina
porque, além dos sofrimentos físicos e do abandono
— Eu sei que
Nosso Senhor ainda queria que eu passasse por mais estas coisas.
E murmurava:
— Õ meu Jesus, eu
quero que o meu coração seja esmagado e angustiado, que vá à prensa das Vossas
divinas mãos até esgotar-Vos todo o amor, assim como o cachinho vai à prensa para ser espremido, e como a azeitona para dar todo o azeite».
A Alexandrina,
porém, voluntàriamente reconhecia as graças extraordinárias e as
inefáveis delícias com que — não obstante tudo o mais — tinha sido favorecida.
Com efeito, na sua Autobiografia, ela conta que, logo pela manhã, apresentava as
suas ofertas a Nosso Senhor, dizendo, entre outras coisas: «Jesus, imolai-me
convosco a cada momento no altar do sacrifício ; oferecei-me convosco ao
Eterno Pai pelas mesmas intenções por que Vós mesmo Vos ofereceis».
E acrescenta: «Nestas
ocasiões, em que fazia estes oferecimentos a Nosso Senhor, sentia-me subir sem
saber como e, ao mesmo tempo, um calor abrasador que parecia queimar-me».
É uma dor
autêntica a sua, mas uma dor amorosa, porque mitigada por consolações
sobre-humanas.(Pe. Humberto Pasquale: Eis a Alexandrina; cap. II)
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