Vem para mim, tem coragem!
Creio, meu Deus, creio. À minha agonia e morte
veio Jesus buscar-me. Chamou por mim.
— Vem, minha filha, dá-Me a tua mão.
Abrindo um curral, mas este curral era Jesus,
sempre levando-me pela mão, fez que eu entrasse e disse-me:
— Vem para mim, tem coragem! Eu sou o teu
Jesus.
Eu, sempre sustentada pelas mãos do Senhor, à
entrada do curral, que me parecia ser Ele. Principiaram a entrar ovelhas nutridas,
umas atrás das outras; todas tinham um lugar e nunca mais deixavam de entrar.
— Vês, minha filha, estas ovelhinhas são as
almas que os teus sofrimentos a Mim conduzem.
Não sei dizer como fiquei, fora de mim. Se assim
é, Jesus, como creio, eu quero ficar na terra e nela sofrer até ao fim do
mundo.
— Não, minha filha, o teu Céu está perto, mas
lá a tua missão continua e as almas, essas ovelhinhas nutridas, continuam a
salvar-se como se sofresses. Estende-me as tuas mãos.
Estendi-as. Jesus colocou-me nelas um vaso. Este
vaso estava cheio duma semente que não conheci. Para cima do vaso sobressaía
como que uma pinha. De cada biquinho da pinha saía uma chama e todas reunidas
faziam uma só chama.
— Semeia, minha filha, na terra esta semente.
É a minha semente. Enriquece com ela as almas. Incendeia nos corações este
amor. É o meu amor. Sofre, sofre, acode ao mundo.
Desapareceu Jesus, desapareceu o vaso. Fiquei
sozinha entre as trevas.
— Creio, Jesus, creio e que o meu “creio”
seja eterno, em acção de graças por sempre em Vós confiar e confiada de nunca
deixar de crer.
À minha frente estava uma montanha. Não tentei
subi-la. Chegava ao Céu. Não podia passar além. Sozinha, cheia de pavor,
bradava:
— Jesus, onde estais? Vinde em meu socorro.
Ele saiu-me por entre a rocha a trabalhar;
martelava, cinzelava. Era um bom artista. Pegou-me pela mão. (Alexandrina Maria
da Costa: S. 4 de Junho de 1954)
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