sexta-feira, junho 04, 2021

EU SOU O TEU JESUS

Vem para mim, tem coragem!


Assim caminhei hoje para o cimo da montanha, abrindo-se a terra em fendas. Aqui me engolia, acolá me dava para voltar a ser engolida.

Creio, meu Deus, creio. À minha agonia e morte veio Jesus buscar-me. Chamou por mim.

— Vem, minha filha, dá-Me a tua mão.

Abrindo um curral, mas este curral era Jesus, sempre levando-me pela mão, fez que eu entrasse e disse-me:

— Vem para mim, tem coragem! Eu sou o teu Jesus.

Eu, sempre sustentada pelas mãos do Senhor, à entrada do curral, que me parecia ser Ele. Principiaram a entrar ovelhas nutridas, umas atrás das outras; todas tinham um lugar e nunca mais deixavam de entrar.

— Vês, minha filha, estas ovelhinhas são as almas que os teus sofrimentos a Mim conduzem.

Não sei dizer como fiquei, fora de mim. Se assim é, Jesus, como creio, eu quero ficar na terra e nela sofrer até ao fim do mundo.

— Não, minha filha, o teu Céu está perto, mas lá a tua missão continua e as almas, essas ovelhinhas nutridas, continuam a salvar-se como se sofresses. Estende-me as tuas mãos.

Estendi-as. Jesus colocou-me nelas um vaso. Este vaso estava cheio duma semente que não conheci. Para cima do vaso sobressaía como que uma pinha. De cada biquinho da pinha saía uma chama e todas reunidas faziam uma só chama.

— Semeia, minha filha, na terra esta semente. É a minha semente. Enriquece com ela as almas. Incendeia nos corações este amor. É o meu amor. Sofre, sofre, acode ao mundo.

Desapareceu Jesus, desapareceu o vaso. Fiquei sozinha entre as trevas.

— Creio, Jesus, creio e que o meu “creio” seja eterno, em acção de graças por sempre em Vós confiar e confiada de nunca deixar de crer.

À minha frente estava uma montanha. Não tentei subi-la. Chegava ao Céu. Não podia passar além. Sozinha, cheia de pavor, bradava:

— Jesus, onde estais? Vinde em meu socorro.

Ele saiu-me por entre a rocha a trabalhar; martelava, cinzelava. Era um bom artista. Pegou-me pela mão. (Alexandrina Maria da Costa: S. 4 de Junho de 1954)

Sem comentários: