Curvo-me, inclino-me de boa vontade
Que horrível, que
extrema é a agonia da minha alma. Eu queria esconder a minha dor, não queria
falar mais dela, queria abafá-la por completo. Parece-me que o coração chora de
amargura. De longe a longe as mágoas que ele sente fazem-me bailar nos olhos as
lágrimas. Quero encobrir tudo, bastava que Jesus soubesse; mas não posso,
manda-me a obediência. E, embora como que arrastada, vou descobrindo, vou
arrancando de dentro para fora alguma coisa do que sofro, do que sinto.
Não sei se pelo
estado grave do sofrimento em que me encontro, ou se é a realidade, sinto-me no
pôr-do-sol da vida; parece-me que a morte se avizinha de mim. Curvo-me,
inclino-me de boa vontade a receber o golpe que Jesus lhe aprouver dar-me.
Sinto no meu coração a separação dos que me são queridos. Vou para a minha
Pátria, mas alguma coisa quero deixar entre eles para os animar e consolar na
sua dor.
Não sou daqui, vou
para o meu lugar, depressa nos veremos nessa glória sem fim.
— Meu Deus,
meu Jesus, o que será isto? (S. 20-02-1945)
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