quarta-feira, setembro 28, 2011

AS MANHAS DE SATANÁS...

Amo-te, amo-te, minha pomba querida!

Se eu não tenho vida, o que é que sofre? Se eu não existo, porque me perseguem? Meu Deus, meu Deus, sinto que morri e estou aqui. Sinto que passei para a eternidade e estou no mundo. Ó vida, minha triste vida! O demónio não me deixa. Neste último ataque parece que redobrou a sua malícia.
― Pecas quando eu quero, como eu quero e levo-te aonde quero. Olha que vida tu tens! Que vida de sofrimentos, quando podias gozar! Desengana-te, olha que Deus não te quer, abandonou-te, odeia-te; tu és minha: podes pecar à vontade.
Dava-me as suas falsas e vergonhosas lições. Prometia o mundo como recompensa pelos crimes. Sem lhe dar resposta, eu dizia a Jesus:
Ainda que me desse o mundo por um só pecado, não o queria, meu Jesus, ainda que soubesse que não me condenáveis, que não me pedísseis conta, não, meu Jesus, nem uma leve falta: o Vosso divino Amor não o merece. É por amor e não por temor que eu não quero ferir-Vos nem desgostar-Vos na mínima coisa.
Eu parecia-me um trapo imundo debaixo das manhas de Satanás. A fúria atingiu toda a altura. Clamei muitas vezes:
— Jesus, Jesus, Mãezinha!
De repente Ele apareceu, serenou a tempestade sem me pôr a sua divina Mão; senti que foi só o seu Sopro divino que docemente me levou às almofadas. Uma doçura e suavidade suavizou o cansaço do meu corpo, a dor da minha alma e deu-lhe uma grande paz. Já muito calma e serena, na posição de costume, disse-me Jesus:
― “Eu vi, minha filha, Eu assisti, tu não pecaste, deste-me toda a consolação. Só dum anjo em carne, só duma virgem pura, pura, inocente, inocente, inocente posso exigir esta reparação, a maior das reparações.
Amo-te, amo-te, minha pomba querida!
Fiquei numa suavidade e paz serena. Adormeci por um pouco, parecia-me dormir com Jesus para agora combater com as minhas dúvidas, tristezas e amarguras. Ó dor bendita, quanto te amo! Em ti só vejo Jesus e as almas!
(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 18 de Novembro 1944)

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